AS DUAS MÃES DE OBALUAIÊFilho de Oxalá e Nanã, nasceu com chagas, uma doença de pele que fedia e causava medo aos outros, sua mãe Nanã morria de medo da varíola, que já havia matado muita gente no mundo. Por esse motivo Nanã, o abandonou na beira do mar. Ao sair em seu passeio pelas areias que cercavam o seu reino, Iemanjá encontrou um cesto contendo uma criança. Reconhecendo-a como sendo filho de Nanã, pegou-a em seus braços e a criou como seu filho em seus seios lacrimosos.O tempo foi passando e a criança cresceu e tornou um grande guerreiro, feiticeiro e caçador. Se cobria com palha da costa, não para esconder as chagas com a qual nasceu, e sim porque seu corpo brilhava como a luz do sol. Um dia Iemanjá chamou Nanã e apresentou-a a seu filhoXapanã, dizendo: Xapanã, meu filho receba Nanã sua mãe de sangue. Nanã, este é Xapanã nosso filho. E assim Nanã foi perdoada por Omulu e este passou a conviver com suas duas mães.A VIDA ENSINAQuando Omolu era um menino de uns doze anos, saiu de casa e foi para o mundo para fazer a vida. De cidade em cidade, de vila em vila, ele ia oferecendo seus serviços, procurando emprego. Mas Omolu não conseguia nada. Ninguém lhe dava o que fazer, ninguém o empregava, e ele teve que pedir esmola.Tinha um cachorro que o acompanhava. Omolu e seu cachorro retiraram-se no mato e foram viver com as cobras. Omolu comia o que a mata dava: frutas, folhas e raízes. Mas os espinhos da floresta feriam o menino. As picadas de mosquitos cobriam-lhe o corpo. Omolu ficou coberto de chagas.
Só o cachorro confortava Omolu, lambendo-lhe as feridas. Um dia, quando dormia, Omolu escutou uma voz:-Estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo.Omolu viu que todas as feridas estavam cicatrizadas. Não tinha dores nem febre. Omolu juntou as cabacinhas, os atos, onde guardava água e remédios que aprendera a usar com a floresta, agradeceu a Olorum e partiu.Naquele tempo uma peste infestava a Terra. Por todo lado estava morrendo gente, todas as aldeias enterravam seus mortos. Os pais de Omolu foram ao babalaô e ele disse que Omoluestava vivo e que ele traria a cura para a peste.Todo lugar aonde chegava, a fama precedia Omolu. Todos esperavam-no com festa, pois ele curava. Os que antes lhe negaram até mesmo água de beber agora imploravam por sua cura. Ele curava a todos, afastava a peste. Então dizia que se protegessem, levando na mão uma folha de dracena, o peregum, e pintando a cabeça com efum, ossum e uági, os pós branco, vermelho e azul usados nos rituais e encantamentos. Curava os doentes e com o xaxará varria a peste para fora da casa, para que a praga não pegasse outras pessoas da família. Limpava as casas e aldeias com a mágica vassoura de fibras de coqueiro, seu instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro, oxaxará.Quando chegou em casa, Omolu curou os pais e todos estavam felizes. Todos cantavam e louvavam o curandeiro e todos o chamaram de Obaluaê, todos davam vivas ao Senhor da Terra,Obaluaê.BELA CAÇADORAEuá era uma caçadora de grande beleza, que cegava com veneno quem se atrevesse a olhar para ela.Euá casou-se com Omulú, que logo demonstrou ser marido ciumento.
Um dia, envenenado pelo ciúme doentio.Omulú desconfiou da fidelidade da mulher e a prendeu num formigueiro.As formigas picaram Euá quase até a morte e ela ficou deformada e feia. Para esconder sua deformação, sua feiúra, Omulú então a cobriu com palha-da-costa vermelha.Assim todos se lembrariam ainda como Euá tinha sido uma caçadora de grande beleza.CABAÇASConta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de Xangô, teria ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obaluaiê. Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a Xangô. Iansã foi e lá e Obaluaiê recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora.
Iansã ia muito apressada e não agüentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obaluaiê.Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para o céus. Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça. Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou: Reiiii! Na vez da terceira cabaça Xangô chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.CALMANTEXapanã, originário de Tapa, leva seus guerreiros para uma expedição aos quatro cantos da terra. Uma pessoa ferida por suas flechas ficava cega, surda ou manca, Obaluaê-Xapanãchega ao território de Mahi no norte de Daomé, matando e dizimando todos os seus inimigos e começa a destruir tudo o que encontra a sua frente.Os Mahis foram consultar um Babalaô e o mesmo ensinou-os como fazer para acalmar Xapanã. OBabalaô diz que estes deveriam trata-lo com pipocas, que isso iria tranqüilizá-lo, e foi o que aconteceu.Xapanã tornou-se dócil.Xapanã contente com as atenções recebidas mandou construir um palácio onde foi viver e não mais voltou ao país Empê.CIDADE ESTRANHAOxum conheceu o príncipe Odé, cuja a delicadeza e a finura a cativaram, acabaram se casando.O casamento foi muito festejado, mas assim que começaram a vida íntima, Oxum começou a compreender mais profundamente os pensamentos do esposo. Ele queria construir uma cidade destinada a abrigar odadis e alakuatás (homossexuais masculinos e femininos). Já erguida acidade, nasceu Logum, uma criança hermafrodita.Horrorizada Oxum abandonou a cidade dos odadis.O jovem ficou ali e foi o primeiro a ajudar Orunmilá.Enquanto isso Oxum faz uma viagem em busca de Iemanjá, irmã de sua mãe.Oxum ofereceu-se a sua irmã e aos sacerdotes Iorubás a ir buscar Ogum que estava recluso na mata desde a que perdera a disputa com Xangô por causa da Oiá.Retornando ao palácio de Iemanjá, depois da festa de boas vindas a Ogum, Oxum conheceu Obaluaiê, homem já de certa idade mas de aspecto majestoso e viril.Oxum e Obaluaiê casaram-se e partiram para a terra de jejes onde Obaluaiê era rei.CLAUSURAEuá, filha de Obatalá e Nanã, vivia em seu castelo como se estivesse numa clausura.O amor de Obatalá por ela era muito estranho.A fama da beleza e da castidade da princesa chegou a todas as partes, inclusive ao reino deXangô.
Mulherengo como era, Xangô planejou como iria seduzir Euá.Empregou-se como jardineiro no palácio de Obatalá.Um dia Euá apareceu na janela e admirou-se de Xangô. Nunca havia visto um homem como aquele.Não se tem notícia de como Euá se entregou a Xangô, no entanto, arrependida de seu ato, pediu ao pai que lhe enviasse a um lugar onde nenhum homem lhe enxergasse.
Obatalá deu-lhe o reino dos mortos.Desde então é Euá quem, no cemitério, entrega a Oiá os cadáveres que Obaluaiê conduz para queOrixá-Okô os coma.CONSAGRAÇÃOOmolú se dedicou a conhecer as ervas e assim poder curar as doenças de seu povo, se tornando o grande curandeiro dos enfermos acometidos por doenças da pele e por doenças que causam a grande febre do corpo e consomem com suas feridas os homens.Se sentindo seguro e como era muito aventureiro resolve caminhar pela terra e conhecer seu povo.Após uma longa jornada buscou a sombra de uma palmeira frondosa para descansar e adormeceu.Foi acordando com uma voz que queria saber o porquê de estar ali dormindo e se necessitava de algo.A vós que o acordou era de um homem já maduro e este era seu pai Oxalá, que não sabia de sua existência e os dois trocaram informações, Omolú ofereceu água e vinho de palma para Oxalá, e Oxalá ficou muito satisfeito com essa gentileza e a conversa se estendeu de forma que Oxalá ficou sabendo dos conhecimentos de Omolú, com relação a cura das doenças da pele.E, em baixo da palmeira, Oxalá consagrou Omolú, tornando-o assim Òbá Lú Aiyé,O Rei do Mundo, ou O Rei da Terra.DANÇARINACerta vez houve uma festa com todos os Orixás presentes.Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele.Só Oiá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra.Tanto girava Oiá na sua dança que provocava vento.E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê.Para surpresa geral, era um belo homem.O povo o aclamou por sua beleza.
Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato e em recompensa, dividiu com ela o seu reino.Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos.Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns.Oiá então dançou e dançou de alegria para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava , agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outromundo.
Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos.
Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.DESCOBERTAHá quem diga que Oiá foi namorada de Obaluaê e conseguiu que ele mostrasse o rosto sob as palhas.Provocou um grande vento e o azê foi levantado.Ficou surpresa por que o rosto de Obaluaê era belíssimo. Obaluaê gosta muito de Oiá e de sua espontaneidade desinteressada.Ela é alegre, bonita, brejeira e generosa muitas vezes Oiá acompanha Euá em suas inúmeras viagens ao céu, rumo ao reino de Oxumarê, e em contrapartida Oiá é acompanhada pela Euá no transporte dos espíritos do aiê ao orun.DISFARCEUm dia em uma festa, onde Oiá a grande deusa dos ventos era homenageada, e todos se divertiam e dançavam, Omolú reparou em uma linda mulher que dançava graciosamente, fazendo movimentos sensuais e que ao vê-lo de longe, se encantou por ele e indo até ele o convidou a dançar.Omolú sem saber como reagir, tomou o caminho da mata, nesse momento Ogum seu irmão ao perceber o que estava acontecendo, correu mata à dentro e confeccionou um capuz com a palha encontrada na mata e fez Omolú colocá-lo.Se sentido seguro por ter o rosto coberto Omolú se aproximou de Oiá que o havia convidado para dançar e dançou junto com ela e ao verem como ele dançava muito bem os presentes se aproximavam para saber quem era aquele jovem que se escondia atrás daquele capuz de palha (azé).FUGAXapanã sabendo-se leproso e que, por isto causava nojo e medo a todos que dele se aproximavam, procurava sempre se esconder, dando muito trabalho a Iemanjá para encontrá-lo.Iemanjá resolveu prender nas vestes de Xapanã, diversos chaurôs, que facilitava a sua localização.Por isto que quando se toca adejá, se por ventura estejam criança ocupada e dançando fingem, ou melhor, simulam uma fuga.IRRESISTÍVELXangô se considerava o máximo.Mulher nenhuma no mundo conseguia resistir aos seus encantos. Era o mais belo dos reis, rico e cheio de si.A fama da beleza de Euá corria mundo, e Euá não era casada.Xangô resolveu a todo custo, seduzir Eua, nem que tivesse de trabalhar de servo em seu palácio, e foi o que fez.Euá portadora de vidência e de premonição, previu a chegada em seu reino, de um grande senhor real que viria disfarçado de servo.Assim preparada, ficou imune ao charme do senhor do fogo qualquer mulher que olhasse Xangô nos olhos brilhantes de fogo, cairia apaixonada.Euá prevenida não olhava nos olhos.O tempo foi passando e nada, Xangô irritado tentou possuí-la a força, a moça apavorada, mas muito valente deu uma mordida na mão de Xangô e soltou-se fugindo do palácio, com o rei disfarçado em seu encalço.Xangô, furioso e pondo fogo pela boca, estava cada vez mais perto, quando Euá avistou a porta do cemitério e entrou, o que fez com que o rei de Oió fugisse apavorado, mas a tempo de dizer-lhe que ainda a possuiria de qualquer forma.Cansada de tantas perseguições, Euá resolveu ficar residindo no Ilê Iboji, onde sempre estaria a salvo de Xangô, estabelecendo um grande relacionamento com Ikú.Casou-se com Omolú e tornou-se senhora dos cemitérios responsável pela transformação e distribuição de todos os elementos para a decomposição do cadáver.MUITOS AMORESIansã percorreu vários reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente tudo.Em Irê, terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da espada e ganhou deste o direito de usá-la.Depois partiu e foi para Oxogbo, terra de Oxaguiã. Com ele aprendeu o uso do Escudo para se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de usá-lo.Depois partiu e nas estradas deparou-se com Bará. Com ele aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Odé, seduziu o deus da Caça, e aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Bará.Seduziu Logunedé e com ele aprendeu a pescar.Foi para o Reino de Obaluaê, pois queria descobrir seus mistérios e conhecer seu rosto. Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado, Obaluaê perguntou o que Oia queria e ela respondeu:
-queria ser sua amiga.
Então, fez sua dança dos ventos, que já havia seduzido vários reis. Contudo, sem emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzí-lo, Iansã procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao homem da palha:
-Aprendi muito com os outros Reis, mas só me falta aprender algo contigo.
-Quer mesmo aprender, Oia? Vou te ensinar a tratar dos Mortos.
Oiá venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como conviver com os Eguns a controlá-los. Partiu então para o Reino de Xangô, pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente. Mas ao chegar ao reino do rei do trovão, Iansã aprendeu mais do que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu à ela seu coração. O fogo das paixões, o fogo da alegria e o que queima. Ela é o Orixá do Fogo.OFERENDAXapanã era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste. Assim, chegou Xapanãem território Mahí, no Daomé. A terra dos Mahis abrangia as cidades de Savalú e Dassa Zumê. Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um adivinho. E assim ele falou: “Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê! Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera, chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá! É necessário que supliquem a Xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca! Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai,Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!
Quando Xapanã chegou, conduziu seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalú e Dassa Zumêreverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no: “Totô hum! Totô hum! Atotô!Atotô!” “Respeito e Submissão!” Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: “Está bem! Eu os pouparei! Durante minhas viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora!”Xapanã instalou-se assim entre os Mahis. O país prosperou e enriqueceu e o Grande Guerreiro não voltou mais a Empê, no território Tapá, também chamado Nupê.RECOMPENSAHouve uma festa e todos os Orixás estavam presentes. Menos Xapanã, que ficara do lado de fora.Ogum pergunta por que o irmão não vem e Nanã responde que é por vergonha de suas feridas causadas pelas doenças.Ogum resolve ajudá-lo e o leva até a floresta onde tece para ele uma roupa de palha que lhe cobre o corpo todo. O filá! Mas a ajuda não dá muito certo, pois muitos viram o que Ogum fizera e continuavam a ter nojo de dançar com o jovem Orixá, menos Iansã, altiva e corajosa, dança com ele e com eles o vento de Iansã que levanta a palha e para espanto de todos, revela um homem lindo, sem defeito algum.Todos os Orixás presentes, ficam estupefatos com aquela beleza, principalmente Oxum, que se enche de inveja, mas agora é tarde, Xapana não quer mais dançar com ninguém.Em recompensa pelo gesto de Iansã, Xapana dá a ela o poder de também reinar sobre os mortos. Mas daquele dia em diante, Xapana declarou que somente dançaria sozinho.SOFRIMENTOOdé grande caçador entrou na mata com seu filho, Logunedé, ensinando-lhe a arte de caçar e manejar o arco e a flecha.Após inúmeras caçadas, Logunedé sentou-se embaixo de uma árvore para descansar.Nessa árvore pousou um pássaro e Odé preparou sua arma e atirou.Acertou em cheio pássaro e, também, uma colméia de abelhas. Elas foram cair justamente sobre a cabeça de Logunedé, que sem ter como se defender foi picado.Odé vendo o desespero do filho correu a acudi-lo, sendo mordidas várias vezes.Conseguindo fugir, deitou seu filho em folhas frescas e, sem saber o que fazer pôs-se a chorar.Eis que o orixá Omolú vendo aquilo, parou e apiedou-se do estado de Logunedé, pois, a criança estava morrendo. Omolú tirou de sua capanga água de cana e gengibre, pilou e aplicou sobre os ferimentos, aliviando as dores. Após isto, fez o mesmo com Odé, curando-o completamente.Odé então lhe disse: Senhor dos aflitos ponho o meu reino a seus pés e toda a minha caça que daqui por diante eu conseguir, comeremos juntos.Omolú agradeceu e seguiu seu caminho.Então Odé jurou que nunca mais comeria o mel, pois, o mel o faria lembrar todo o sofrimento seu e de seu filho.VENTOConta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de Xangô, teria ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obaluaiê.Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a Xangô.Iansã foi e lá Obaluaiê recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora.Iansã ia muito apressada e não agüentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obaluaiê.Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para os céus.Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça.Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou: Reiiii!Na vez da terceira cabaça Xangô chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.VIAGEM PREMIADADe volta de uma de suas viagens à África, Nanãmburuquê deu a luz a um menino, Obaluaê. Por causa do feitiço usado por Nanã para engravidar, Omolu nasceu todo deformado. Desgostosa com o aspecto do filho, Nanã abandonou-o na beira da praia, para que o mar o levasse. Um grande caranguejo encontrou o bebê e atacou-o com as pinças, tirando pedaços da sua carne.
Quando Omolu estava todo ferido e quase morrendo, Iemanjá saiu do mar e o encontrou. Penalizada, acomodou-o numa gruta e passou a cuidar dele, fazendo curativos com folhas de bananeira e alimentando-o com pipoca sem sal nem gordura até o bebê se recuperar. Então Iemanjá criou-o como se fosse seu filho.
Obaluaiyê quer dizer "rei e dono da terra" sua veste é palha e esconde o segredo da vida e da morte. Está relacionado a terra quente e seca, como o calor do fogo e do sol - calor que lembra a febre das doenças infecto-contagiosas. O lugar de origem de Obalúayé é incerto, há grandes possibilidades que tenha sido em território Tapá (ou Nupê) e se esta é ou não sua origem seria pelo menos um ponto de divisão dessa crença. Conta-se em Ibadã (ver mapa), que Obalúayé teria sido antigamente o Rei dos Tapás. Uma lenda de Ifá confirma esta última suposição. Obalúayé era originário em Empê ( Tapá ) e havia levado seus guerreiros em expedição aos quatros cantos da terra. Uma ferida feita por suas flechas tornava as pessoas cegas, surdas ou mancas.
OBALÚAYÉ representa a terra e o sol, aliás, ele é o próprio sol, por isso usa uma coroa de palha (AZÊ) que tampa seu rosto, porque sem ela as pessoas não poderiam olhar para ele. Ninguém pode olhar o sol diretamente. Esta forte mente relacionado os troncos e os ramos das árvores e transporta o axé preto, vermelho e branco. Sua matéria de origem é a terra e, como tal, ele é o resultado de um processo anterior. Relaciona-se também com os espiritos contidos na terra. O colar que o simboliza é o ladgiba, cujas contas são feitas da semente existente dentro da fruta do Igi-Opê ou Ogi-Opê, palmeiras pretas. Usa também bradga, um colar grande de cauris. OBALÚAYÉ é o patrono dos cauris e do conjunto dos 16 búzios, que reina do instrumento ao sistema oracular: o brendilogun, que lhe pertence. Seu poder está extraordinariamente ligado a morte. OBA significa Rei (Oni), ILU espíritos e AIYÊ significa terra, ou seja, Rei de Todos os Espíritos do Mundo. Ele lidera e detém o poder dos espíritos e dos ancestrais, os quais o seguem. Oculta sob o saiote o mistério da morte e do renascimento (o mistério do gênesis). Ele é a própria terra que recebe nossos corpos para que vire pó.OBALÚAYÉ mede a riqueza com cântaros, mas o povo esqueceu-se de sua riqueza e só se lembra dele como o Orixá da moléstia.Afirmam-se em registros bibliográficos ser Omolu e Obaluaiye um só Orixá em dois estágios: Obaluaiye (o Moço), significa o "Dono da Terra da Vida"; Omolu (o Velho) significa o "Filho-da-Terra". É o médico dos pobres; o senhor dos cemitérios. Usa o aze (capacete de pele da Costa) ou o filah (capuz de palha da Costa) e carrega na mão o xaxara (feixe de fibra de palmeira, enfeitado com búzios) Seu dia é a segunda-feira. Sua comida forte é o doburu (pipocas sem sal, coco fatiado e regado com mel). Registram-se 12 qualidades atribuídas a esse Orixá, que também é considerado o mais antigo do Panteão Afro, sendo as mais conhecidas: Sapata, Xapanan, Xankpanan, Babalu, Azoane, Ajagum, Ajunsun e Avimage. tranquilizando o guerreiroEra um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste. Assim, chegou Xapanã em território Mahí, no Daomé. A terra dos Mahis abrangia as cidades de Savalú e Dassa Zumê. Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um adivinho. E assim ele falou: "Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê! Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera, chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá! É necessário que supliquem a Xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca! Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai, Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!"
Quando Xapanã chegou, conduziu seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalú e Dassa Zumê reverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no: "Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!" "Respeito e Submissão!" Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: "Está bem! Eu os pouparei! Durante minhas viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora!" Xapanã instalou-se assim entre os Mahis. O país prosperou e enriqueceu e o Grande Guerreiro não voltou mais a Empê, no território Tapá, também chamado Nupê.Lendas Africanas dos Orixás de Pierre Fatumbi Verger e Carybé - Editora Currupio... a vingançaPor prudência, é preferível chamá-lo Obaluaê, o "Rei, Senhor da Terra" ou Omulú, o "Filho do Senhor". Quando Xapanã instalou-se entre os Mahis recebeu, em uma nova terra, o nome de Sapatá. Aí, também, era preferível chamá-lo Ainon, o "Senhor da Terra", ou, então, Jeholú, o "Senhor das pérolas". O fato de ser chamado Jeholú e Ainon causou mal-entendidos entre Sapatá e os reis do Daomé, pois eles também usavam estes títulos. Enciumados, os Jeholú de Abomey expulsaram, várias vezes, Jeholú Ainon do Daomé e obrigaram-no a voltar momentaneamente, à terra dos Mahis. Jeholú Ainon vingou-se: vários reis daomeanos morreram de varíola! Atotô!Lendas Africanas dos Orixás de Pierre Fatumbi Verger e Carybé - Editora Currupio... o mel de ÓsunObaluaiê era muito mulherengo e não obedecia a nenhum mandamento que fosse. Numa data importante, Orunmilá advertiu-o que se abstivesse de sexo, o que ele não cumpriu. Naquele mesmo dia possuiu uma de suas mulheres.
Na manhã seguinte despertou com o corpo coberto de chagas. Suas mulheres pediram a Orunmilá que intercedesse junto a Olodumare, mas este não perdoou Obaluaiê, que morreu em seguida.
Orunmilá usando o mel de Osun, despejou-o por sobre todo o palácio de Olodumare. Este, deliciado, perguntou a Orunmilá quem havia despejado em sua casa tal iguaria. Orunmilá disse-lhe que havia sido uma mulher. Todas as divindades femininas foram chamadas, mas faltava Osun, que confirmou ao chegar que era seu aquele mel. Olodumare pediu-lhe mais, ao que Osun lhe fez uma proposta. Osun daria a ele todo o mel que quisesse, desde que ressuscitasse Obaluaiê. Olodumare aceitou a condição de Osun, e Obaluaiê saiu da terra vivo e são.... o beloChegando de viagem à aldeia onde nascera, Omulu viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os Orisás. Omulu não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ogum, ao perceber a angústia do Orisá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos.
Apesar de envergonhado, Omulu entrou, mas ninguém se aproximava dele. Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho. Ela compreendia a triste situação de Omulu e dele se compadecia. Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão. O xirê estava animado.
Os Orisás dançavam alegremente com suas equedes. Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de palha, levantou-lhe as palhas que cobriam sua pestilência. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Omulu pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Omulu, o deus das doenças, transformara-se num jovem, num jovem belo e encantador.
Omulu e Iansã Igbalé tornaram-se grandes amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos dos mortos, partilhando o poder único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens.
PERFIL DO ORIXÁEsta pesquisa se dedica ao Orixá da Doença ou Orixá da Varíola. Ambos os nomes surgem quando nos referimos à esta figura, seja Omolu seja Obaluaê. Para a maior parte dos devotos do Candomblé e da Umbanda, os nomes são praticamente intercambiáveis, referentes a um mesmo arquétipo e, correspondentemente, uma mesma divindade. Já para alguns babalorixás, porém, há de se manter certa distância entre os dois termos, uma vez que representam tipos diferentes do mesmo Orixá.São também comuns as variações gráficas Obaluaê , Abalaú, Obaluaiê e Abaluaê .Em termos mais estritos, Obaluaê é a forma jovem do Orixá Xapanã , enquanto Omolu é sua forma velha. Como porém, Xapanã é um nome proibido tanto no Candomblé como na Umbanda, não devendo ser mencionado pois pode atrair a doença inesperadamente, a forma Omolu é a que mais se popularizou e acabou sendo confundida não apenas com a forma mais velha do Orixá, mas com sua essência genérica em si. Esta distinção se aproxima da que existe entre as formas básica de Oxalá: Oxalá (o Crucificado), Oxaguiã a forma jovem e Oxalufã a forma mais velha.A figura de Omolu-Obaluaê, assim como seus mitos, é completamente cercada de mistérios e dogmas indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica vibratória do Orixá tanto o poder de causar a doença como o de possibilitar a cura do mesmo mal que criou.Em algumas narrativas mais tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original da divindade se referia ao deus da varíola , tal visão porém, nos parece uma evidente limitação. A varíola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente pôr ser a epidemia mais devastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original africana, onde surgiu Omolu-Obaluaê, o Daomé.Assim, sombrio e grave como Iroco, Oxumarê (seus irmãos) e Nanã (sua Mãe), Omolu-Obaluaê é uma criatura da cultura jeje, posteriormente assimilada pelos iorubas. Enquanto os Orixás iorubanos são extrovertidos, de têmpera passional, alegres, humanos e cheios de pequenas falhas que os identificam com os seres humanas, a figuras daomeanas estão mais associadas a uma visão religiosa em que distanciamento entre deuses e seres humanos é bem maior. Quando há aproximação, há de se temer, pois alguma tragédia está para acontecer, pois os Orixás do Daomé são austeros no comportamento mitológico, graves e conseqüentes em suas ameaças.A visão de Omolu-Obaluaê é a do castigo. Se um ser humano falta com ele ou um filho-de-santo seu é ameaçado, o Orixá castiga com violência e determinação, sendo difícil uma negociação ou um aplacar , mais prováveis nos Orixás iorubas.Pierre Verger, nesse sentido, sustenta que a cultura do Daomé é muito mais antiga que a ioruba, o que pode ser sentido em seus mitos: A antiguidade dos cultos de Omolu- Obaluaê e Nanã (Orixá feminino), freqüentemente confundidos em certas partes da África, é indicada por um detalhe do ritual dos sacrifícios de animais que lhe são feitos. Este ritual é realizado sem o emprego de instrumentos de ferro, indicando que essas duas divindades faziam parte de uma civilização anterior à Idade do Ferro e à chegada de Ogum .Como parte do temor dos iorubas, eles passaram a enxergar a divindade (Omolu-Obaluaê) mais sombria dos dominados como fonte de perigo e terror, entrando num processo que podemos chamar de malignidade de um Orixá do povo subjugado, que não encontrava correspondente completo e exato (apesar da existência similar apenas de Oçanhe). Omolu-Obaluaê seria o registro da passagem de doenças epidêmicas, castigos sociais , já que atacariam toda uma comunidade de cada vez.Existe uma grande variedade de tipos de Omolu-Obaluaê, como acontece praticamente com todos os Orixás. Existem formas guerreiras e não guerreiras, de idades diferentes, etc., mas resumidos pelas duas configurações básicas do velho e do moço. A diversidade de nomes pode também nos levar a raciocinar que existem mitos semelhantes em diferentes grupos tribais da mesma região, justificando que o Orixá é também conhecido como Skapatá, Omolu Jagun, Quicongo, Sapatoi, Iximbó, Igui.CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OMOLU-OBALUAÊAo senhor da doença é relacionado um arquétipo psicológico derivado de sua postura na dança: se nela Omolu-Obaluaê esconde dos espectadores suas chagas, não deixa de mostrar, pelos sofrimentos implícitos em sua postura, a desgraça que o abate. No comportamento do dia-a-dia, tal tendência se revela através de um caráter tipicamente masoquista.Pierre Verger define os filhos de Omolu como pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida corre tranqüila para elas. Podem até atingir situações materiais e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. São pessoas que, em certos casos, se sentem capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais.No Candomblé, como na Umbanda, tal interpretação pode ser demais restritiva. A marca mais forte de Omolu-Obaluaê não é a exibição de seu sofrimento, mas o convívio com ele. Ele se manifesta numa tendência autopunitiva muito forte, que tanto pode revelar-se como uma grande capacidade de somação de problemas psicológicos (isto é, a transformação de traumas emocionais em doenças físicas reais), como numa elaboração de rígidos conceitos morais que afastam seus filhos-de-santo do cotidiano, das outras pessoas em geral e principalmente os prazeres. Sua insatisfação básica, portanto, não se reservaria contra a vida, mas sim contra si próprio, uma vez que ele foi estigmatizado pela marca da doença, já em si uma punição.Em outra forma de extravasar seu arquétipo, um filho do Orixá , menos negativista, pode apegar-se ao mundo material de forma sôfrega, como se todos estivessem perigosamente contra ele, como se todas as riquezas lhe fossem negadas, gerando um comportamento obsessivo em torno da necessidade de enriquecer e ascender socialmente.Mesmo assim, um certo toque do recolhimento e da autopunição de Omolu-Obaluaê serão visíveis em seus casamentos: não raro se apaixonam por figuras extrovertidas e sensuais (como a indomável Iansã, a envolvente Oxum, o atirado Ogum) que ocupam naturalmente o centro do palco, reservando ao cônjuge de Omolu-Obaluaê um papel mais discreto. Gostam de ver seu amado brilhar, mas o invejam, e ficam vivendo com muita insegurança, pois julgam o outro, fonte de paixão e interesse de todos.Assim como Oçanhe, as pessoas desse tipo são basicamente solitárias. Mesmo tendo um grande círculo de amizades, freqüentando o mundo social, seu comportamento seria superficialmente aberto e intimamente fechado, mantendo um relacionamento superficial com o mundo e guardando sua intimidade ara si própria. Não raro são pessoas que julgam. Ter características detestáveis, que vivem criticando, motivo de vergonha. O filho do Orixá oculta sua individualidade com uma máscara de austeridade, mantendo até uma aura de respeito e de imposição, de certo medo aos outros. Pela experiência inerente a um Orixá velho, são pessoas irônicas. Seus comentários porém não são prolixos e superficiais, mas secos e diretos, o que colabora para a imagem de terrível que forma de si próprio.Um último, mas importante detalhe; em diversas de suas lendas, o Orixá da varíola é apresentado como uma divindade que perdeu uma perna. Isso se refletiria em seus filhos como um defeito congênito em uma das pernas ou a tendência a sofrer, durante sua vida, por um problema de relativa gravidade em seus membros inferiores, a partir de quedas ou desastres que podem ou não ser curados e ultrapassados.
olhas de Omolu ou Obaluaiê – Ervas de Osae -Ewe Orixa. Este ditado yoruba diz que: Ko si ewe Ko si orixa, Tradução: sem folha não há Orixá Ervas Orixa Obaluaiêou Ewe, folhas, plantas utilizadas dentro do culto Yoruba como o Candomblé, os Olossain, culto a Ifá, etc...
- Agoniada: Faz parte de todas as obrigações do deus das endemia e epidemias. Utilizada no ebori, nas lavagens de contas e na iniciação. Esta erva purifica os filhos-de-santo, deixando-os livres de fluidos negativos. Na medicina popular, a mesma é usada para corrigir o fluxo menstrual e combate asma.
- Alamanda: Não é utilizada em obrigações, sendo empregada somente em banhos de descarrego. Na medicina caseira ela é usada para tratar doenças da pele: sarna (coceiras), eczema e furúnculos. Para usar é necessário que se cozinhe as folhas, e coloque chá de folhas sobre a doença.
- Alfavaca-roxa: Empregada em todas as obrigações de cabeça e nos abô dos filhos deste orixá. Muito usada em banhos de limpeza ou descarrego. A medicina caseira usa seu chá em cozimento, para emagrecer.
- Alfazema : Empregada em todas as obrigações de cabeça. É aplicada nas defumações de limpeza, usada também na magia amorosa em forma de perfume. A medicina popular dita grandes elogios a esta erva, pois ela é excelente excitante e antiespasmódica. É usada, também, como reguladora da menstruação. Somente é aplicada como chá.
- Babosa: Muito usada em rituais de Umbanda, mais especificamente em defumações pessoais. Para que se faça a defumação, é necessário queimar suas folhas depois de secas. Isso leva um certo tempo, devido a gosma abundante que há na babosa. A defumação é feita após o banho de descarrego. Para a medicina caseira sua gosma é de grande eficácia nos abscessos ou tumores, além de muitas outras aplicações.
- Araticum-de-areia – Malolô: Liturgicamente, os bantos a usam nos banhos de descarrego, em mistura de outra erva. A medicina caseira indica a polpa dos frutos para resolver tumores e o cozimento das folhas no tratamento do reumatismo.
- Arrebenta cavalo: No uso ritualístico esta erva é empregada em banhos fortes do pescoço para baixo, em hora aberta. É também usado em magias para atrair simpatia. Não é usada na medicina caseira.
- Assa-peixe: Usada em banhos de limpeza e nos boris. Na medicina popular ela é aplicada nas afecções do aparelho respiratório em forma de xarope.
- Musgo: Aplicada em todas as obrigações de cabeça referentes a qualquer orixá. A medicina caseira aconselha a aplicação do suco no combate às hemorroidas (uso tópico).
- Beldroega: Usada nas purificações das pedras de orixá e, principalmente as de Exu. O povo usa suas folhas socadas para apressar a cicatrização das feridas, colocando-as por cima.
- Canena Coirana: Vegetal de excelente aplicação litúrgica, pois entra em todas as obrigações. O povo a tem como excelente estimulante do fígado.
- Capixingui: Empregada em todas as obrigações de cabeça, nos abô, nos banhos de purificação e limpeza e, também nos sacudimentos. O povo afirma que o capixingui tem bons efeitos no reumatismo e no artritismo nos sacudimentos. O povo afirma que o capixingui tem bons efeitos no reumatismo e no artritismo nos sacudimentos. O povo afirma que o capixingui tem bons efeitos no reumatismo e no artritismo nos sacudimentos. O povo afirma que o capixingui tem bons efeitos no reumatismo e no artritismo (reumatismo articular) utilizado em banhos, mais ou menos quentes, colocando-se nas juntas doloridas.
- Cipó-chumbo: Sem uso na liturgia, porém muito prestigiada na medicina popular, como xarope debela tosses e bronquites; seu chá é muito eficaz no combate a diarréias sanguinolentas e à icterícia; seco e reduzido a pó, cicatriza feridas rebeldes.
- Carobinha do Campo: Em alguns terreiros essa planta faz parte do ariaxé. A medicina caseira indica o chá de suas folhas para combate coceiras no corpo e, principalmente coceira nas partes genitais.
- Cordão de Frade: É aplicada somente em banhos de limpeza e descarrego dos filhos deste orixá. O povo a indica para a cura da asma, histerismo e pacificador dos nervos. Também combate a insônia.
Cebola do mato: Sem uso ritualístico. A medicina caseira afirma que o cozimento de suas folhas apressa a cicatrização de feridas rebeldes.Celidônia maior: Não possui uso ritualístico. É indicada pela medicina caseira como excelente medicamento nas doenças dos olhos, usando a água do cozimento da planta para banhá-los. Seu chá também é de grande eficácia para banhar o rosto e dar fim às manchas e panos branco.
- Coentro: Muito aplicada como adubo ou condimento nas comidas do orixá, principalmente na carne e no peixe. Não é empregada nas obrigações ritualísticas. A medicina caseira indica esta erva como reguladora das funções digestivas e eliminadora de gases intestinais.
Cotieira: Não sabemos ao certo se esta erva tem aplicação ritualística. Na medicina caseira ela é estritamente de uso veterinário. Muito aplicada em cães para purgar e purificar feridas
- Erva-Moura: Esta erva faz parte dos banhos de limpeza e purificação dos filhos do orixá. Seu uso popular é como calmante, em doses de uma xícara das de café, duas a três vezes ao dia. Essa dose não deve ser aumentada, de modo algum, pois em grande quantidade prejudica. As folhas tiradas do pé, depois de socadas, curam úlceras e feridas.
- Estoraque Brasileiro: Sua resina é colhida e reduzida a pó. Este pó, misturado com benjoim, é usado em defumações pessoais. Essa defumação destina-se a arrancar males. O povo aconselha o pó desta no tratamento das feridas rebeldes ou ulcerações, colocando o mesmo sobre as lesões
- Figo Benjamim: Erva muito usada na purificação de pedras ou ferramentas e na preparação do fetiche de Exu. Empregada, também, em banhos fortes para pôr fim a padecimentos de pessoa que esteja sofrendo obsidiação ou obsessão. O povo aplica o cozimento das folhas para tratar feridas rebeldes, e banhos para curar o reumatismo.
- Hortelã brava: Empregada em obrigações de ori, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos deste orixá. O uso caseiro é utilizada para combater o veneno de cobras, lacraias e escorpiões. É eficaz contra gases intestinais, dores de cabeça e como diurético. É perfeita curadora de coceiras rebeldes e tiro acertado nos catarros pulmonares, asma e tosse nervosa, rebelde.
- Guararema: Em terreiros de Umbanda e Candomblé ela é aplicada em banhos fortes e nos descarrego. Os galhos da erva são usados em sacudimentos domiciliares. Os banhos fortes a que nos referimos são aplicados em encruzilhadas – na encruzilhada em que se tomar o banho arria-se um mi-ami-ami, oferecido a Exu. E deve ser feito em uma encruzilhada tranquila É um banho de efeitos surpreendentes. Na medicina caseira esta erva é utilizada para exterminar abscessos, tumores, socando-se bem as folhas e colocando-as sobre a tumorização. O cozimento das folhas é eficaz no tratamento do reumatismo. Em banhos quentes e demorados, de igual sorte também cura hemorroidas.
- Jenipapo: As folhas servem para banhos de descarrego e limpeza. A medicina caseira aplica o cozimento das cascas no tratamento das úlceras, o caldo dos frutos é combatente de hidropsia.
- Jurubeba: Somente usada em obrigações com objetivo de descarrego e limpeza. Suas folhas e frutos permitem o bom funcionamento do fígado e baço, garante a sabedoria popular. Debela e previne hepatite com ou sem edemas.
- Mangue Cebola: É usado apenas em sacudimentos domiciliares, utilizando o fruto, a cebola. Procede-se assim: corta-se a cebola em pedaços miúdos e, cantando-se para Exu, espalha-se pela casa, nos recantos, e sob os móveis. O povo usa a cebola, fruto do mangue, esmagada sobre feridas rebeldes.
- Mangue vermelho: Usa-se apenas as folhas, em banhos de descarrego. O povo a indica como excelente adstringente que possui alto teor de tanino. Muito eficaz no tratamento das úlceras e feridas rebeldes, aplicando o cozimento das folhas em compressas ou banhando a parte lesada.
- Manjericão-roxo: Empregado nas obrigações de ori dos filhos pertencentes ao orixá das endemias. Colhido e seco, sua folha previne contra raios e coriscos em dias de tempestades, usando o defumador. Também é usada como purificador de ambiente. Não possui uso na medicina popular.
- Panaceia: Entra nas obrigações de ori e banhos de descarrego ou limpeza. O povo a aponta como poderoso diurético e de grande eficácia no combate à sífilis, usando-se o chá. É indicada também no tratamento das doenças de pele, darros, eczemas e ainda debela o reumatismo, quando usada em banhos.
- Picão da praia: Apenas na Bahia ouvimos falar que esta planta pertence a Obaluaiê. Não conhecemos seu uso ritualístico. A medicina popular dá-lhe muito prestígio como diurético e eficaz nos males da bexiga. Usada como chá.
- Piteira imperial: Seu uso se limita às defumações pessoais, que são feitas após o banho. A medicina popular utiliza as folhas verdes, em cozimento, para lavar feridas rebeldes, aproximando a cura ou cicatrização.
- Quitoco: Usada em banhos de descarrego ou limpeza. Para a medicina popular esta erva resolve males do estômago, tumores e abscessos. Internamente é usado o chá, nos tumores aplica-se as folhas socadas. Muito utilizada nas doenças de senhoras.
- Sabugueiro: Não possui uso ritualístico. É decisiva no tratamento das doenças eruptivas: sarampo, catapora e escarlatina. O cozimento das flores é excelente para a brotação do sarampo.
- Sumaré: Não tem aplicação ritualística ou obrigações litúrgicas. Porém possui grande prestígio popular, devido ao seu valor curativo, promovendo com espantosa rapidez a abertura de tumores de qualquer natureza, pondo fim às inflamações. É empregado contra furúnculos, panarícios e erisipelas, regenerando o tecido atacado por inflamações de qualquer origem.
- Trombeteira branca: Não possui nenhuma aplicação nas obrigações de cabeça. Apenas é usada nos banhos de limpeza dos filhos do orixá da varíola. Seu uso na medicina popular é pouco freqüente. Aplica-se apenas nos casos de asma e bronquite.
- Urtiga-mamão: Aplicada em banhos fortes, somente em casos de invasão de eguns. O banho emprega-se do pescoço para baixo. Esse banho destrói larvas astrais e afasta influências perniciosas. O povo indica esta erva na cura de erisipela, usando um algodão embebido do leite da planta. O chá de suas folhas debela males dos rins.
- Velame do campo: Vegetal utilizado em todas as obrigações principais: ebori, simples ou completo. Indispensável na feitura de santo e nos abô dos filhos do orixá. Na medicina caseira o velame é utilizado como anti-sifilítico e anti-reumático.
- Velame verdadeiro: Possui plena aplicação em quaisquer obrigações de cabeça e nos abô. Usada também nos sacudimentos. A medicina do povo afirma ser superior a todos os depurativos existentes, além de energético curador das doenças da pele.
Erva-de-passarinho – Ewe afomom
Patinho roxo – Ewe kankanesin
Baba-de-boi – Ewe Tó
Sete sangrias – Ewe amun
Jinipao – Ewe bujê
Rabujo – Ewe apejebi
Cantiga da Folha Ewe Afomom:
È n ma kaxá go le sin,
È n ma kaxá go le sin,
Afomon ki bi kan,
È n ma kaxá go le sin egé,Outra lenda conta:
- “Ypondá e Opará disputavam o mesmo amor. Em um determinado dia, Ypondá deu-se conta de que os olhos de Opará brilhavam muito quando avistava Erinlé, o Odé preferido de Ypondá.
Ypondá muito faceira e perigosa, andava sempre armada com seu par de fisgas (espécie de arpão), chamou Opará até próximo a ela e pediu que se ajoelhasse Opará sem entender cumpriu o que a Osun mais velha solicitou, nesta fase Opará era uma espécie de dama de companhia de Ypondá. Opará muito jovem e bela sempre afoita e guerreira ficava sempre sentada aos pés de Ypondá ao abaixar-se Ypondá fisgou-lhe as duas vistas e arrancou fora tornando-se então Opará a Osun cega por isso dentro de seu Igbá põe-se um par de olhos.Onira revoltada com tal situação tenta comprar a briga de Opará, lançando raios contra Ypondá, e queimando os pés de minha senhora, Ypondá por sua vez muitíssimo inteligente mira o abebé dela contra os raios de Oyá e a cega também desde então Opará e Oyá guiam-se uma a outra, fazem companhia, sao inseparáveis. A esta Oya damos o nome de Onira que é uma Oya Olodo (ou seja das águas) mas veja bem existem dois caminhos de Opará: Opará Hubjebé a que vem com Oyá Opará Akurálonà, a que vem com Ogun.
Aos que criticam a religião alheia
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Praticantes de religiões distintas tem em comum somente uma coisa: a fé. O restante é instrumentalização representada por seus rituais, divindades, visões do mundo, etc. Estes instrumentos que são procedimentos e objetos simbólicos, servem para que o praticante expresse sua fé, logo, não cabendo críticas de quem não as utiliza.
A crítica pode partir sim, de um praticante daquela mesma religião e que questiona o modus operandi de sua prática, e nunca de alguém de fora, de outra religião. Quando vemos alguém que diz pertencente de uma determinada religião criticar uma outra, podemos ter certeza que esta pessoa não sabe nem vive o sentido da fé.
Assim como é tola uma colocação como: meu deus é mais poderoso que seu deus, é igualmente tola, uma colocação como: sua religião é uma bobagem por estes e estes motivos… Pois, ao fazer esta crítica, o crítico só poderá estar criticando o modo de prática religiosa do outro e nunca, a fé do outro, que é o que interessa na prática religiosa, pois é o que nos faz alinharmo-nos com o Divino, seja ele que nome tenha.
A televisão apresentou anos atrás uma das manifestações mais imbecis de crítica religiosa já vista, que foi a de um pastor de uma igreja evangélica, chutando uma santa católica. Dizia ele ser aquilo apenas uma estátua.
Nada mais óbvio e de profunda ignorância religiosa, pois claro que os católicos sabem que aquilo é apenas uma estátua mas além de uma estátua, um símbolo sagrado que encerra em si Mistérios relativos a sua fé. Estes símbolos têm um significado na esfera profana e outra na esfera do sagrado.
Aquele que critica um símbolo sagrado, ou seja, uma representação da fé do outro, não demonstra nada além de uma insegurança em relação a sua própria fé, visto que estão no rol daqueles medíocres que para se sobressaírem e valorizarem a si mesmo e ao o que é seu, precisam tentar diminuir o outro.
É por compreender e distinguir pessoas de fé, que vemos em comunhão e caminhando lado a lado pessoas de religiões distintas, pois o que os une não são suas religiões e sim, a fé, esta demanda da alma presente em todo o humano que busca trilhar o caminho da maturidade espiritual.
Antes de criticarmos a religião alheia, pensemos que, embora prática distinta, o que este outro faz, nada mais é do que exercer sua fé, de um modo diferente do nosso mas sempre com uma mesma direção, o encontro com o Divino e com nós mesmos.
OXUM ROUBA O SEGREDO DE EXÚ SOBRE IFÁ
OXUM E O CONSELHO DOS ORIXÁS
OXUM IPETU
OXUM KARÊ
ERVAS DE OXUM
- Abiu-abieiro: Sem uso na liturgia, tem folhas curativas; a parte inferior destas, colocadas nas feridas, ajudam a superar; se inverter a posição da folhas, a cura será apressada. A casca da árvore cozida tem efeito cicatrizante.
- Agrião-do-Pará – Jambuaçu: É usado nas obrigações de cabeça e nos abô, para purificação de filhos; como axé nos assentamentos da deusa de água doce. A medicina caseira usa-o para combater tosses e corrigir escorbuto (carência de vitamina C). É, também, excitante.
- "Ai Ei Eiô, Mamãe Oxum"Oxum é o nome de um rio em Oxogbo, região da Nigéria. É ele considerado a morada mítica da Orixá. Apesar de ser comum a associação entre rios e Orixás femininos da mitologia africana, Oxum é destacada como a dona da água doce e, por extensão, de todos os rios. Portanto seu elemento é a água em discreto movimento nos rios, a água semi-parada das lagoas não pantanosas, pois as predominantemente lodosas são destinadas à Nanã e, principalmente as cachoeiras são de Oxum, onde costumam ser-lhe entregues as comidas rituais votivas e presentes de seus filhos-de-santo.Oxum tem a ela ligado o conceito de fertilidade, e é a ela que se dirigem as mulheres que querem engravidar, sendo sua a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos em gestação como pelas crianças recém-nascidas, até que estas aprendam a falar.Dentro desta perspectiva, Iemanjá e Oxum dividem a maternidade. Mas há também outro forma de análise; a por faixas etárias, correspondentes a cada arquétipo básico.Nanã é a matriarca velha, ranzinza, avó que já teve o poder sobre a família e o perdeu, sentindo-se relegada a um segundo plano. Iemanjá é a mulher adulta e madura, na sua plenitude. É a mãe das lendas – mas nelas, seus filhos são sempre adultos. Apesar de não ter a idade de Oxalá (sendo a segunda esposa do Orixá da criação, e a primeira é a idosa Nanã ), não é jovem. É a que tenta manter o clã unido, a que arbitra desavenças entre personalidades contrastantes, é a que chora, pois os filhos adultos já saem debaixo de sua asa e correm os mundos, afastando-se da unidade familiar básica.Para Oxum, então, foi reservado o posto da jovem mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente, coquete, maliciosa, ao mesmo tempo que é cheia de paixão e busca objetivamente o prazer. Sua responsabilidade em ser mãe se restringe às crianças e bebês. Começa antes, até, na própria fecundação, na gênese do novo ser, mas não no seu desenvolvimento como adulto. Oxum também tem como um de seus domínios, a atividade sexual e a sensualidade em si, sendo considerada pelas lendas uma das figuras físicas mais belas do panteão mítico iorubano.Oxum é ambiciosa; sua cor é azul-claro com raias de ouro. Segundo a tradição ioruba, seu metal é o cobre – mas a correlação com o ouro não está basicamente errada, pois, de acordo com os historiadores, o cobre era o metal mais caro conhecido naquela região. Oxum portanto, gosta das riquezas materiais, mas não numa perspectiva de usura nem uma mesquinhez de quem quer ter riquezas para escondê-las.A iniciação (na Umbanda ou no Candomblé) é um nascimento e o poder da fecundidade tem de estar presente, pois Oxum mostrou que a menstruação, em vez de constituir motivo de vergonha e de inferioridade nas mulheres, pelo contrário proclama a realidade do poder feminino, a possibilidade de gerar filhos.Existem 16 tipos diferentes de Oxum, das quase adolescentes até as mais velhas, sendo portanto 16 o número sagrado da mãe da água doce. Diz a lenda que as mais velhas moram nos trechos mais profundos dos rios, enquanto as mais novas nos trechos mais superficiais. Entre essas 16, três são marcadas como guerreiras (Apara, a mais violenta, Iê Iê Kerê, que usa arco e flecha, e Ié Ié Iponda, que usa espada), mas a maior parte delas é mais pacífica, não gostando de lutas e guerras, desde Oxum Obotó, muito suave e feminina, até a versão mais velha, a não menos vaidosa Oxum Abalo.Além disso, o fluir nada fixo da água doce pelos diversos caminhos, a maneabilidade do elemento se manifestam no comportamento de Oxum. Sua busca de prazer implica sexo e também ausência de conflitos abertos – é dos poucos Orixás iorubas que absolutamente não gosta da guerra.CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXUMO arquétipo psicológico associado a Oxum se aproxima da imagem que se tem de um rio, das águas que são seu elemento; aparência da calma que pode esconder correntes, buracos no fundo, grutas - tudo que não é nem reto nem direto, mas pouco claro em termos de forma, cheio de meandros. Os filhos de Oxum preferem contornar habilmente um obstáculo a enfrentá-lo diretamente, por isso mesmo, são muito persistentes no que buscam, tendo objetivos fortemente delineados, chegando mesmo a ser incrivelmente teimosos e obstinados.A imagem doce, que esconde uma determinação forte e uma ambição bastante marcante, colabora a tendência que os filhos de Oxum têm para engordar; gostam da vida social, das festas e dos prazeres em geral.O sexo é importante para os filhos de Oxum. Eles tendem a ter uma vida sexual intensa e significativa, mas diferente dos filhos de Iansã ou Ogum.Os filhos de Oxum são mais discretos, pois, assim com apreciam o destaque social, temem os escândalos ou qualquer coisa que possa denegrir a imagem de inofensivos, bondosos, que constroem cautelosamente.Na verdade os filhos de Oxum são narcisistas demais para gostarem muito de alguém que não eles próprios – mas sua facilidade para a doçura, sensualidade e carinho pode fazer com que pareçam os seres mais apaixonados e dedicados do mundo.Faz parte do tipo, uma certa preguiça coquete, uma ironia persistente porém discreta e, na aparência, apenas inconsequente. Verger define: O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras .Até um dos defeitos mais comuns associados à superficialidade de Oxum é compreensível como manifestação mais profunda: seus filhos tendem a ser fofoqueiros, mas não pelo mero prazer de falar e contar os segredos dos outros, mas porque essa é a única maneira de terem informações em troca.
- Alamanda: As folhas e flores podem ser usadas para banhos e amacies de Oxum. Somente as folhas são usadas para banhos e amaci de Obaluaiê.
- Alface d’água/ Ojuorô / Erva-de-santa-luzia: Utilizada nas obrigações de ori e feitura de santo. Tem uso medicinal como anti-sifilítica, antiasmática, anti disentérica, antiartrítica, anti-herpética, anti-hemorroidária, anti diabética, desinflamatória de erisipela, diurético, emoliente, expectorante, maturativa.
- Alecrim: Oxalá, Xangô e Oxum. Apesar de ser uma erva dos três orixás, pode ser usada em amaci banhos, defumações e descarrego de qualquer orixá. Muito boa para substituir uma erva não encontrada de Nanã, por exemplo.
- Alfavaca-de-cobra: É usada em todas as obrigações de cabeça. No abô também é usada, o filho dorme com a cabeça coberta. Antes das doze horas do dia seguinte o emplastro é retirado, e torna-se um banho de purificação. A medicina caseira a indica como combatente ao mau-hálito.
- Alfazema: Todas as Iabás e Ossãe. Apesar de todas as ervas serem de Ossãe, esta pode ser utilizada por todos os orixás em seus fundamentos e preceitos inclusive defumações. Dá-se preferência, no entanto, para seu uso em obrigações das Iabás.
- Alteia/Malvarisco: Todas as Iabás. Apenas as flores devem ser usadas para amacies e banhos. Não se usa em defumação.
- Arapoca-branca: Suas folhas são utilizadas nas obrigações de cabeça e nos abô; no Candomblé são usadas em sacudimentos pessoais. As casacas desta servem para matar peixes. A medicina caseira utiliza as folhas como anti térmico, contra febres. Age também como excitante.
- Arnica-montana: Tem pouca aplicação na Umbanda e no Candomblé. Já na medicina popular; e muito usada, após alguns dias de infusão no otin (cachaça). Age como cicatrizante, recompondo o tecido lesado nas escoriações.
- Azedinha - Trevo-azedo – Três corações: É popularmente conhecida como três-corações, sem função ritualística, é apenas empregada na medicina popular como: combatente da disenteria, eliminador de gases e febrífugo.
- Bananeira: Muito empregada na culinária dos Orixás. Suas folhas forram o casco da tartaruga, para arriar-se o ocaséo a Oxum. A medicina caseira prepara de sua seiva um xarope de grande eficácia nos males das vias respiratórias ou doenças do peito.
- Brio-de-estudante – Barbas-de-baratas: Desta erva apenas a raiz é utilizada. Ela fornece um bom corante que é usado nas pinturas das yawo, de mistura com pemba raspada. A medicina popular utiliza o chá, meia hora antes de dormir, para ter sono tranquilo.
- Caferana-alemã: São utilizadas nas aplicações de cabeça e nos abô. Usado na medicina popular como: laxante, fazendo uma limpeza geral no estômago e intestinos, sem causar danos; é ótima combatente; poderoso vermífugo e energético tônico.
- Calêndula amarela: Usada em banhos de descarrego e abôs, aos filhos da Orixá das Águas doces.
- Camará-cambará: Utilizada em quaisquer obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação. A medicina caseira a emprega muito em xarope, contra a tosse e rouquidão e ainda põe fim às afecções catarrais.
- Camomila-marcela: Tem restrita aplicação nas obrigações litúrgicas. Entretanto, é usada nos banhos de descarrego e nos abô. No uso popular é de grande finalidade em lavagens intestinais das crianças, contra cólicas e regularizadora das funções dos intestinos. O chá das flores é tônico e estimulante, combate as dispepsias e estimula o apetite.
- Cana-fístila – Chuva-de-ouro: Aplicada nos abô e nas obrigações de cabeça, usada também nos banhos de descarrego dos filhos de Oxum. Seu uso popular é contra os males dos rins, areias e ardores. O sumo das folhas misturado com clara de ovo e sal mata impigens.
- Chamana-nove-horas – Manjericona: Usada em obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos de Oxum. O povo a utiliza em disenterias.
- Cipó-chumbo: Sem uso na liturgia, porém muito prestigiada na medicina popular, como xarope debela tosses e bronquites; seu chá é muito eficaz no combate a diarreias sanguinolentas e à icterícia; seco e reduzido a pó, cicatriza feridas rebeldes.
- Dólar: Suas folhas são usadas para amacies e águas de cheiro. Não é usada na medicina popular.
- Erva-capitão, acariçoba, pára-sol, capitão, lodagem, ÁBÈBÈ ÒXÚN: Esta planta tem "folhas que lembram o formato do leque de Oxum"; é usada como paramento nas festas, daí a origem de seu nome nagô. Utilizada nos terreiros jêje-nagôs, em rituais de iniciação, agbô e "banhos de prosperidade". É conhecida, também, pelo nome nagô akáró, que significa "dá poder aos cantos", ou popularmente como folha-de-dez-réis. Essa folha é essencial para a realização da festa do ipeté de Oxum. De manhã, bem cedo, as mulheres da roça as colhem, levam para o centro do barracão, onde as lavam entoando cânticos para, posteriormente, servirem a comida ritualística de Oxum, o ipeté.
- Erva-cidreira – Melissa: Sem uso na liturgia, sua aplicação se restringe ao âmbito da medicina caseira, que a usa como excitante e anti-espasmódico, enérgico tônico do sistema nervoso. O chá feito das folhas adocicado ou puro combate as agitações nervosas, histerismos e insônia.
- Erva-de-Santa-Maria: São empregadas em obrigações de cabeça e em banhos de descarrego. Como remédio caseiro é utilizada para combater lombrigas (ascárides) das crianças, também é ótimo remédio para os brônquios.
- Ervilha-de-Angola – Guando: É empregada em quaisquer obrigações. O povo usa as pontas dos ramos contra hemorragias e as flores contra as moléstias dos brônquios e pulmões.
- Fava-pichuri: No ritual da Umbanda e do Candomblé, usa-se a fava reduzida a pó, ou defumações que trazem bons fluidos e afugenta Eguns. O povo usa o pó na preparação de chá, que é eficaz nas dispepsias e diarreias.
- Flamboyant: Não é utilizado em obrigações de cabeça, sendo usado somente em algumas casas, em banhos de purificação dos filhos dos orixás. Porém suas flores tem vasto uso, como ornamento, enfeite de obrigação ou de mesas em que estejam arriadas as obrigações. Sem uso na medicina comercial.
- Gengibre-zingiber: São aplicados os rizomas, a raiz, que se adiciona ao aluá e a outras bebidas. O povo a usa nos casos de hemorragia de senhoras e contra as perturbações do estômago, em chá.
- Gigoga-amarela – Aguapê: Usado nos abô, nos bori e banhos de limpeza, pois purifica a aura e afugenta ou anula Eguns. A medicina popular manda que as folhas sejam usadas como adstringente e, em gargarejos, fortalecem as cordas vocais.
- Ipê-amarelo: Aplicada somente em defumações de ambientes. Na medicina popular é usada em gargarejos, contra inflamações da boca, das amígdalas e estomatite. O que vai a cozimento são a casca e a entre casca.
- Lúca-Árvore-da-pureza: Seu pendão floral é usado plena e absolutamente, em obrigações de ori dos filhos de Oxum. Não possui uso na medicina popular.
- Macaçá: Aplicação litúrgica total, entra em todas as obrigações de ori nos abô e purificação dos filhos dos orixás. O povo a usa para debelar tosses e catarros brônquios; é usada ainda contra gases intestinais.
- Mãe-boa: É erva sagrada de Oxum. Só é usada nas obrigações ritualísticas, que se restringe aos banhos de limpeza. Muito usada pelo povo contra o reumatismo, em chá ou banho.
- Malmequer – Calêndula: É usada em todas as obrigações de ori e nos abô, e nos banhos de purificação dos filhos de Oxum. As flores são excitantes, reguladoras do fluxo menstrual. As folhas são aplicadas em fricções ou fumigações para facilitar a regra feminina.
- Malmequer-do-campo: Não é aplicada nas obrigações do ritual. Na medicina popular tem função cicatrizante de feridas e úlceras, colocando o sumo de flores e folhas sobre a ferida.
- Malmequer-miúdo: Aplicado em quaisquer obrigações de ori, nos abô e nos banhos de limpeza dos filhos que se encontram recolhidos para feitura do santo. Como remédio caseiro, é cicatrizante e excitante.
- Oriri-de-Oxum: Entra em todas as obrigações de ori, nos banhos de limpeza. O povo a indica como diurético e estimulador das funções hepáticas.
- Picão - ABÉRÉ: As folhas são atribuídas a Oxum, com larga utilização em "feitiços". Para esta finalidade são torradas em panelas de ferro, associadas a outros elementos, para a obtenção do Atin (pó), seguindo o modelo mítico de que este orixá é considerado "a mãe dos feitiços". In natura suas folhas e flores, são também usadas em assentamentos e trabalhos com Exú.
- Rosa amarela: utilizada na lavagem de cabeça dos filhos de Oxum, Abôs. Induz a intuição e aumento da mediunidade dos seus filhos.
Posted: 18 Jan 2013 05:51 AM PST
Para nós do Terreiro de Òsùmàrè é uma grande satisfação poder abordar temas relacionados a uma importante figura dentro do Candomblé que é o Ìyáwó.
Na primeira postagem dessa série, nós falamos que ainda Ìyáwó, o iniciado na religião dos Òrìsàs terá maior conhecimento da sua religião, entendendo a sua cultura, os dogmas, as danças, cânticos, histórias e, sobretudo, a postura religiosa que será seu alicerce por toda a sua vida.
É muito triste quando ouvimos uma pessoa antiga referir-se a um iniciado da seguinte forma: “Hoje ela quer que a respeitem, mas quando ela foi Ìyáwó não respeitava ninguém, nem mesmo a sua Ojugbona”; "Ah! Que coisa! Essa Ìyáwó disse que nunca vai pegar uma Adiye para limpar, agora me diga, como ela saberá um dia preparar a comida do santo?" Em suma, esses comentários surgem em razão de uma postura equivocada ou desapropriada da Ìyáwó na Casa de Candomblé.
Muitas pessoas acham que, por exemplo, limpar uma Adiye é algo de importância menor, que lhes minore. No entanto, conforme mencionado acima, essas atividades escondem grandes ensinamentos. A Ojugbona é, em verdade, os “Olhos que encaminham a Ìyáwó”.
A Ojugbona transmite o conhecimento de diversas formas, mas quase sempre sem que a Ìyáwó perceba que está aprendendo. No entanto, esse processo só ocorrerá a depender da postura da Ìyáwó.
Uma Ìyáwó que tem postura religiosa, não sairá conversando à toa sobre aquilo que vê e ouve. Não grita no Terreiro de Candomblé ou responde ao seu Sacerdote e Egbon, respeita as orientações acerca das vestimentas e adereços que deverá usar e, por aí vai. Essa Ìyáwó começa a ser observada pelos antigos com bons olhos que, por sua vez, começam a lhe designar certas funções que muitos acham de menor valia, mas que escondem os ensinamentos do Candomblé.
Exemplificamos com a limpeza da Adiye: Digamos que uma Ìyáwó que recebeu a confiança dos seus mais velhos em razão da sua postura, ao longo de anos cuidou do trato das Adiye, desde a limpeza até a preparação do Asè.
Nesse período, nesse processo que muitos acham humilhante, essa Ìyáwó aprendeu que há diferenças significativas nesse preparo a depender do Òrìsà. Ela saberá que um determinado Asè vai Epo Pupá e que em outro não. Saberá que em um vai camarão e em outros não. Que para uma Divindade arruma a Adiye de uma forma e para outra não.
Muitas vezes esse Ìyáwó só terá compreendido que aprendeu tanto, quando se tornar uma Egbon e um Ìyáwó lhe perguntar: Esse Asè é preparado da mesma forma que aquele que a senhora me ensinou naquele dia?
No entanto, uma Ìyáwó que, por exemplo, se nega a cuidar de uma Adiye está na verdade, se privando do conhecimento, pois no Candomblé tudo é galgado e as etapas não podem ser negligenciadas. Por isso, infelizmente, observamos alguns sacerdotes que desconhecem as diferenças nas comidas dos Deuses, pelo simples fato de terem “pulado” uma importante fase da iniciação, recusando as atividades que lhe eram dadas.
Esse foi somente um exemplo, mas todos os ensinamentos ocorrem dessa forma, sem que a pessoa perceba que está aprendendo. Por isso, não tenham dúvidas, para se tornar uma Egbon exemplar é necessário ser uma Ìyáwó exemplar.
Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos!
Casa de ÒXùmàrè
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Em continuidade a série de postagens iniciada ontem, vamos falar hoje sobre as roupas e adereços do Ìyáwò no Terreiro de Candomblé. Novamente, é importante salientar que não há um código de conduta no Candomblé e que em momento algum, o Terreiro de Òsùmàrè tem como objetivo ditar regras ao Povo do Santo. Estamos somente, aproveitando esse espaço de comunicação, para participar à sociedade aquilo que pregamos em nossa rica e linda tradição.
Como um Ìyáwó deve estar vestido na sua permanência no Terreiro de Candomblé?
Ìyáwó (Sexo Feminino):
Saia de Ração (por de baixo da saia de ração, deverá usar a calça de ração)
Pano de Cabeça (indispensável)
Pano da Costa (indispensável)
Mokan (indispensável)
Ikan (indispensável)
Dilogun (indispensável)
Ilekes (indispensável)
Caso a Ìyáwó seja iniciada para um Òrìsà Oboro (Orixá Masculino), a mesma não deverá usar brincos, pulseiras, etc.
Observação: Por cima do Pano da Costa, A Ìyáwó deverá usar o “lacinho” ou “gravatinha”, a depender do Òrìsà (masculino ou feminino).
Ìyáwó (Sexo Masculino):
Calça de Ração: não é permitido o uso de Jeans, Bermuda, etc.
Camisa de Ração: não é permitido o uso de camiseta, regata, camisa de crioula (uso exclusivo para mulheres).
Ekete: não é permitido o uso de pano de cabeça (somente quando está recebendo Asè, em Oro).
Observação: Até a conclusão da obrigação de um ano de iniciação, a roupa do Sire utilizada pela Ìyáwó deverá ser branca.
Na próxima postagem, vamos falar um pouco sobre a postura que um Ìyáwó deve ter dentro do Terreiro de Candomblé.
Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos!
Casa de ÒXùmàrè
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Posted: 18 Jan 2013 05:42 AM PST
Muitas vezes aprendemos que possivelmente postamos coisas meramente de nossas cabeças, mas a coisa não funciona bem assim não. Afinal CANDOMBLÉ, ou até a UMBANDA SAGRADA, não se inventa. Mas se vivência o que é certo e o que procede de raíz.
Respeitando esta realidade, nós do BLOG OLHOS DE OXALÁ, somos provenientes da NAÇÃO KETU, e todos respeitando a casa mãe, o AXÉ OXUMARÊ, razão esta que nos faz não somente concordar com o que de nossos mais velhos nos é passado. Bem como postar o que de fato é certo, real e verdadeiro.
Claro que entre nossos colaboradores, temos pessoas de outras nações, afinal o BLOG OLHOS DE OXALÁ, preocupa-se em atingir a todos, mesmo que estes venham de outras nações, como o DJEJE, EFON e por ai vai. Razão e motivos estes, que temos o EGBOMI WALLACE DE YEMANJÁ, que é da nação DJEJE, como nosso CO-AUTOR.
Na realidade da UMBANDA SAGRADA, existem de fato sábios tutores que abraçam a causa de passar a todos as diretrizes deste ramo de nossa RELIGIOSIDADE. Entre os vários exemplos de personalidades neste realidade, temos MESTRE RUBÉNS SARACENI, bem como PAI GUIMARÃES DE OGUM, como grandes representantes da UMBANDA SAGRADA, aos quais saudamos como nosso eterno SARAVÁ e nossos respeitos.
Entre estes voltados ao público da UMBANDA SAGRADA, temos como CO-AUTOR, nosso amigo OGÃN FRANKLIN DE OGUM.
Então, seguindo esta linha de pensamento acima explicada, vamos ver o que o ASÉ OXUMARÊ, tem a nos passar quanto a realidade dos YAWÔS.
O Terreiro de Òsùmàrè acredita que os Ìyáwòs são de importância fundamental dentro da Casa de Candomblé.
Um grande Sacerdote ou uma grande Egbon, certamente foi um Ìyáwò exemplar. Por isso, nessa semana, vamos abordar algumas práticas que todos os Ìyáwòs devem seguir, para que cumpram esse processo iniciatório como modelo, de modo que no futuro, sirvam de exemplo para àqueles que adentrarem a magnífica Religião dos Òrìsàs. É importante salientar que não há um código de conduta no Candomblé e que em momento algum, o Terreiro de Òsùmàrè tem como objetivo ditar regras ao Povo do Santo. Estamos somente, aproveitando esse espaço de comunicação, para participar à sociedade aquilo que pregamos em nossa rica e linda tradição.
Antes de tudo e de forma muito resumida podemos dizer que Ìyáwò é uma pessoa iniciada na Religião dos Òrìsàs e que ainda não completou a obrigação de sete anos. Nesse período, o Ìyáwò começa a ter maior conhecimento da sua religião, entendendo a sua cultura, os dogmas, as danças, cânticos, histórias e, sobretudo, a postura religiosa que será seu alicerce por toda a sua vida.
Assim, nessa primeira postagem da série, vamos listar algumas “dicas” relacionadas às “visitas” do Ìyáwò ao Terreiro. São elas:
· Leve sempre a sua roupa de ração;
· Leve sempre seu prato e caneca de ágata;
· Ao chegar ao terreiro, despache a porta com água;
· Cumprimente Èsù, tirando a terra que trouxe da rua;
· Purifique-se por meio do banho de Agbo ou Omi Ero;
· Salve as casas dos Òrìsàs;
· Busque pelo seu Sacerdote para que ele lhe abençoe, faça o mesmo com os seus Egbon;
Na segunda postagem da série, vamos falar sobre as roupas e adereços do Ìyáwò no Terreiro de Candomblé.
Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos!
Casa de Òsùmàrè
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Posted: 18 Jan 2013 05:26 AM PST
Motumbá meus (minhas) irmãos (irmãs), bom dia a todos.
Aqui estamos novamente retornando a nossa missão de divulgar, não somente alguns tipos de trabalho de nossos irmãos de RELIGIOSIDADE, bem como a todos os eventos que nestas datas estiverem sendo programados.
Sendo uma família, os OLHOS DE OXALÁ, se dispõem a ser de fato não meramente um grupo, um blog ou sabe-se lá o que mais, mas nada mais nada menos um meio de interligação entre todos que sejam adeptos à uma religiosidade pura, real e verdadeira.
Desta forma, para dar abertura, novamente deste nosso propósito que já ajudou a muitos aqui vão nossas mais novas divulgações:
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Posted: 17 Jan 2013 08:46 AM PST
Com grande alegria voltamos a postar aqui, algumas das inúmeras postagens (mensagens) que nossos amigos virtuais, sejam do FACEBOOK, ORKUT, ou até mesmo, por este MEIO DE COMUNICAÇÃO, nos enviam para podermos compartilhar com todos vocês. Esperamos que assim, como antigamente, elas voltem a servir de ponto de refúgio para muitos que nos visitam diáriamente.
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Ìyàwó, Iyawô, yawô, Yao ou Iaô palavra de origem yoruba, é a denominação dos filhos-de-santo já iniciados na Feitura de santo, que ainda não completaram o período de 7 anos da iniciação. Só após a obrigação de 7 anos ele se tornará um Egbomi (irmão mais velho). Antes da iniciação são chamados de abíyàn ou abian.
A pessoa passa a ser um Iaô após um período de vinte e um dias, recolhida no roncó (clausura), quarto específico e apropriado para se fazer iniciações e obrigações, e passar por todos os preceitos necessários para ser um iniciado.
É durante os sete anos, que a pessoa vai aprender as rezas, as cantigas, os preceitos, os segredos só confiados aos iniciados do Candomblé.
COMPORTAMENTO DO BOM YAWÔ
1- Não retrucar a mãe de santo. Você por acaso retruca seus avós?
2- Caso tenha algo para falar que não esteja concordando, discretamente peça um minuto da atenção da mãe de santo e exponha a situação civilizadamente, sem precisar que a torcida do Flamengo esteja assistindo. Dar um escândalo no meio do barracão não é postura de um filho de santo, e você ainda corre o risco de tomar um fora na frente de todo mundo.
3- Quando tiver visita no barracão (egbomis, ekedes, ogãs, zeladores), seja em dia de festa ou em dia corriqueiro, é de bom-tom que os filhos se abaixem para dirigir a palavra à mãe de santo. Detalhe: Só atrapalhar a conversa caso seja EXTREMAMENTE necessário. Deve-se chegar junto à ela, mas não muito, e ficar abaixado esperando que ele pergunte o que deseja. Quando ele perguntar, comece sempre sua frase com “AGÔ”. “Agô, mais blá blá blá…”.
4- Nunca, jamais, em tempo ou hipótese alguma, seja no seu barracão ou no barracão do alheio, deve-se sentar na mesma altura que sua mãe de santo. Ela já passou por vários sacrifícios para estar sentado confortavelmente ali. Você ainda está no meio do caminho. Portanto, pra que querer sentar aonde você não alcança?
5- Yawo e abian não bebe nenhum líquido em copo de vidro dentro de seu barracão ou no barracão do alheio. Deve-se esperar o bom e velho copinho de plástico ou então a conhecida DILONGA, BAN ou CANEQUINHA DE ÁGHATA, como você preferir chamar. Copo de vidro só quem tem direito é egbomi, ekedi, ogan e zelador.
6- Yawo e abian não come em prato de vidro ou louça. Apenas em pratinho de plástico ou ághata. Aliás, devemos lembrar que é de boa educação cada filho trazer seu devido pratinho de ághata e sua devida canequinha para seu uso pessoal no barracão.
7- Terminou seu ajeum? Pegue seu pratinho e sua canequinha, vá para cozinha e lave. Não cai a mão e nem coça, sabia? Infelizmente ainda não possuímos uma empregada que possa cuidar da limpeza geral enquanto nós descansamos.
8- Como dissemos no item anterior, não temos uma empregada para limpar tudo. Portanto, cada um deve se conscientizar e fazer a sua parte. Ficar protelando, esperando que algum irmão de santo se encha da bagunça e vá arrumar por você não tem cabimento. Cada um fazendo um pouco fica mais fácil e rápido.
9- Resolveu visitar a mãe de santo? Que maravilha! Ela adorará sua visita, ainda mais se você vier com uma modesta colaboração para o ajeum, pois como é do conhecimento de todos, a mãe de santo não é rica e nem tem obrigação de alimentar todo mundo. Madre Teresa de Calcutá já morreu, e definitivamente, ela não vira na cabeça da mãe de santo.
10- Ao chegar ao barracão, o procedimento correto é: a) Tomar seu banho e ir trocar de roupa; b) Bater cabeça no axé, na porta do quarto de santo e pro pai de santo; c) Tomar a benção à TODOS os seus irmãos. Agora sim, caso não haja nada em que se possa ajudar (muito embora seja impossível, pois em uma casa de santo sempre tem algo a ser feito), você pode ir colocar seu tricô em dia
11- Você trabalhou feito a escrava Isaura e se cansou? Acabou de fazer todo o serviço? Bem, agora você pode pegar o seu maravilhoso APOTÍ e confortavelmente sentar-se nele. Como dissemos no item 5, cadeiras, sendo com ou sem braço, só ebomis, ekedes, ogãs ou zeladores que podem sentar. Existe uma variável do APOTI, que é a famosa ESTEIRA. Nela você pode se sentar, se espichar e até relaxar seus ossos. Ela é sua! Aproveite!
12- Em sua casa, quando você faz uma comemoração qualquer e é servida uma refeição, você sai atacando o ajeum na frente de seus convidados? Acreditamos que não, né? Portanto, na casa de santo é igual. Antes os mais velhos devem se servir, pra só depois os abians e yawos se servirem. Isso é mais que uma regra, é etiqueta. E você não vai querer ser um deselegante, não é? Lembre-se: Estão sempre observando você.
13- Você gosta que fiquem pegando suas roupas emprestadas? Pois é, a mãe de santo também não gosta. Portanto, que tal ir comprar um belíssimo tecido de lençol e fazer uma baiana de ração básica pro dia-a-dia? Não sai caro e fica uma gracinha. E você finalmente pára de pegar a roupa do alheio emprestada. Não é maravilhoso? Todos na casa contentes e felizes com suas devidas roupas.
14- Quem traz dinheiro para o sustento da casa? Você é que não é. Portanto, trate muitos bem os clientes que vão para jogar ou se consultar, pois é deles que vem boa parte do dinheiro dali. Sorrir sempre e servir um copinho de café ou de água gelada não matam ninguém. Que tal tentar?
15- E vai rolar a festa! O povo do keto, do jeje, da angola e até da umbanda já mandou convidar. Mas, e o dinheiro para comprar o ajeum e o otí do povo? Com certeza o Carrefour não irá mandar as coisas de graça para o barracão, nem o homem dos frangos tão pouco irá dar os bichos e todo o material restante. Portanto, que tal se todos coçassem o bolso um pouco e ajudassem?
16- Você acha que só por este local ser uma casa de santo, a COPEL, LIGHT, SANEPAR,CEDAE, CEG, TELEGAS, entre outras, irão fornecer água, luz e gás de graça? É claro que não. Portanto, contribua sempre com a sua módica mensalidade. Economizar um pouco na Skol e no cigarro no final de semana já irá ajudar muito no barracão.
17- O mundo está em guerra, existe muita gente por aí passando fome. Portanto, por que desperdiçar comida? Fazer a quantidade exata só para quem trabalhou dignamente e contribuiu com este maravilhoso ajeum é o coerente, pois você não está no programa da Ana Maria Braga para comer de graça. Se você tem alguma sugestão, leve-a antes ao pai de santo. Espalhar a corrupção sobre a Terra era coisa da novela passada.
18- Ficou cansado depois da festa? Nada de ir pegando sua bolsa e ir saindo de fininho. Lembre-se da limpeza do barracão.
19- Roda de candomblé, seja em sua casa ou na casa do alheio, não é lugar de ficar de cochicho e risinhos irônicos. Se você quer fuxicar, vá para um botequim.
20- Anágua encardida, só se for depois da festa do candomblé. Antes, NUNCA, JAMAIS, NEM PENSAR! Devem ser brancas como a neve, salve anágua de ráfia ou entretela.
21- Você, irmãozinho, que vê o mundo cor de rosa-choque com bolinhas amarelas, deve deixar esta sua visão progressiva e moderna do lado de fora do barracão. Ali dentro você tem que ver tudo branco. O mesmo vale para as coleguinhas que vêem tudo azulzinho. Casa de orixá é para louvar e cuidar do Orixá, e não para arrumar casório.
22- Vai rolar um churrasquinho de gato na casa do seu coleguinha no meio da semana, no mesmo dia de função do barracão? Então, peça para ele guardar uma marmita de carne para você e venha cumprir suas obrigações junto a seus irmãos.
23- Se sua irmã de santo tem uma baiana mais humilde do que a sua nada de ficar xoxando. Lembre-se, o mundo dá voltas e o feitiço pode virar contra o feiticeiro. Amanhã pode ser você com uma baiana de chita e ela com uma belíssima saia de rechilieu.
24- Caso assista fora do seu barracão a algo diferente do que ocorre em sua casa, nada de ficar xoxando e chamando de marmoteiro. Você não é o dono da verdade e nem ninguém o é. O que pode parecer maluquice pra você, pode não ser pro próximo. Além do mais, comentários sempre são feitos depois. Vai que tem alguém conhecido escutando?
25- Ninguém tem mais ou menos santo que ninguém. Isso é regra. Sempre.
26- Respeito é bom e conserva os dentes. Portanto, deve-se pensar duas vezes antes de envolver a mãe de santo e irmãos mais velhos em determinadas brincadeiras de mau-gosto. Apelidos e avacalhações são da porta do barracão pra fora. Além do mais, a próxima vítima pode ser você.
27- Roupa de barracão é saia comprida, camisú e pano da costa. Shortinhos e top’s devem ser usados somente pra ir ao baile funk. Roupa preta jamais nem na sua casa e nem na casa dos outros.
28- Sempre que for servir algum mais velho de santo, deve-se levar o pedido numa bandeja ou prato e abaixar-se para servir. Nunca olhar no rosto da pessoa. Responder somente “sim” ou “não".
29- Benção foi feita para ser trocada. Sempre que você pede a benção, você está na realidade pedindo a bênção ao Orixá da pessoa, e não à ela própria. Portanto, todos devem trocar a benção, mais velhos com mais novos e vice-versa.
30- Nunca deve fumar na frente da sua mãe de Santo… Principalmente no barracão.
APOTÍ: A casa constantemente precisa de apotís. Nos grandes supermercados vendem higiênicos banquinhos de plástico. Coopere com a casa e leve o seu.
31- No barracão o yao não deve dormir em cama.
32- Se esta frio não deixe de levar seu cobertor, em qualquer situação leve sua toalha de banho ou deixe uma no barracão, depois de usá-la estenda. Ninguém tem obrigação de ficar recolhendo roupa de filho de santo que fica jogada pelos cantos (pior que ficam mofando).
33- Se você levou, uma roupa emprestada, que usou para lavar. Não esqueça de devolver.
34- Não deixem roupas que emprestaram do barracão jogadas pelo chão, é muito feio. Veja de onde foi tirada e recoloque no lugar assim que se trocar.
35- Vai ter festa que bom… 15 dias antes, separe sua roupa, engome o que for preciso…Deixe tudo ajeitado. No barracão pode não dar tempo de arrumar, nem de engomar então mãos a obra.
36- Se você esta no barracão, dormiu lá. Antes de dar bom dia para alguém, vai direto ao banheiro lavar sua boca, para só então dar bom dia para as pessoas.
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