sábado, 16 de fevereiro de 2013

Cantiga de Oxumarê


OXUMARÊ

Osumarê ou Osumaré, é a energia das cores, da luz, do sol após as chuvas, o arco-íris, e por isso mesmo é associado às serpentes, que são muito coloridas e poderosas.

Conta o mito que apesar de tudo que houvera com Obaluaiê, Nanan e Oxalá tiveram outro filho. Este era Osumarê. Contudo, como novamente eles haviam desobedecido aos preceitos de Orunmila, Osumarê nasceu sem braços e sem pernas, com a forma de serpente, rastejando pela terra, e ao mesmo tempo com a forma de homem. Mais uma vez decepcionada Nanan abandonou Osumarê.

Osumarê entretanto possuía grande capacidade adaptativa e, mesmo sem membros para locomover-se, possuía imensa astúcia e inteligência, aprendeu a subir em árvores, a caçar para comer, a colher as batatas doces de que tento gostava, e a nadar.

Orunmila, o deus da adivinhação do futuro, admirando-se e apiedando-se dele, tornou-o um orixá belo, de sete cores de luz, encarregando-o de levar e trazer as águas do céu para o palácio de Xangô. È Oxumarê, portanto quem traz as águas da chuva e é a ele que se pede que chova.

Como seu percurso era longo, Oxalá, seu pai, fez com que ele tomasse a forma do arco-íris quando tivesse essa missão a realizar. Com as águas da chuva, Oxumarê traz as riquezas aos homens ou a pobreza. Oxumarê vive com sua irmã Ewa no fim do arco-íris.

Dia da semana: quinta-feira
Cores: as do arco-íris
Símbolo: Dan (uma serpente enrolada numa árvore, simbolizando o poder da adaptação).
Número: 10
Comida: batata doce
Saudação: Arroboboi Oxumarê!
Folha: obó, são gonçalinho, cipó.
Odu regente: iká-ori

O Jogo de Búzios ou Merindilogun


jogo de buziosO Jogo de Búzios ou Merindilogun, tornou-se no Brasil, o sistema oracular mais amplamente aceito e difundido. Raros são os indivíduos residentes em nossa terra que nunca tenha recorrido aos seus serviços quer seja por simples curiosidade, que seja por real necessidade.
A preferência do brasileiro por este sistema verifica-se, provavelmente pela inexistência de Babalawo no Brasil, o que torna absolutamente impossível o acesso aos dois processos adivinhatórios anteriormente descritos, enquanto que os búzios podem ser jogados por qualquer um que seja iniciado no culto dos Orixás, independente de cargo, grau ou hierarquia.
É Exú quem através dos búzios, intermedia a comunicação entre os homens e os habitantes dos mundos espirituais, levando os pedidos e trazendo os conselhos e orientações, os recados e as exigências.
Uma outra vantagem que o jogo de búzios apresenta sobre os outros sistemas oraculares existentes em nossa terra é o fato de não somente diagnosticar o problema, como também apresentar a solução através de um procedimento mágico denominado ebó.
Tradicionalmente o Jogo de Buzios é praticado e várias formas (maneiras de se jogar buzios),método muito conhecido e respeitado é o sistema dos Odu de Ifá. Os Odu de Ifá são divididos em duas categorias distintas, a saber:
Os Odu Meji (duplo ou repetidos duas vezes). São em números de dezesseis e compõem a base do sistema, sendo por isto conhecido também como Odu Principais.
Os Omo Odu ou Amolu, resultado da combinação dos 16 Meji entre si, o que proporciona a possibilidade de surgimento de 240 figuras compostas ou combinadas que somadas aos dezesseis principais totalizam o numero de 256 figuras oraculares.

ODU - Caminho - Carma - Destino do homem


Odus são presságios, destinos, predestinação. Os odus são inteligências siderais que participaram da criação do universo; cada pessoa traz um odu de origem e cada orixá é governado por um ou mais odus. Cada odu possui um nome e características próprias e divide-se em "caminhos" denominados "ese" onde está atado a um sem-número de mitos conhecidos como Itàn Ifá. Os odus são os principais responsáveis pelos destinos dos homens e do mundo que os cerca. Os Orixás não mudam o destino da vida e sim executam suas funções dentro da natureza liberando energia para que todos possam dela se alimentar, o odu é o caminho, a existência do destino o qual o Orixá e todos os seres estão inseridos.
Cada pessoa pode ir de encontro ou seguir um caminho alheio ao destino estabelecido, isso nós dizemos que a mesma está com o odu negativo, ou seja: seu destino sua conduta foge as regras siderais (seguiu um caminho negativo dentro do estabelecido). Nós quando nascemos, somos regidos por um odu de ori (cabeça), que representa nosso "eu" assim como odu de destino, etc.
O destino das pessoas e tudo o que existe podem ser desvendados por meio da consulta a Ifá, o oráculo, que se manifesta pelo jogo. Ifá tem seu culto específico e o mais alto cargo do culto de Ifá é o de Oluwô, título concebido a alguns Babalaôs. Ifá é o Orixá da adivinhação e para tudo e deve ser consultado. Existem alguns tipos de jogo: o de Opelé Ifá, o rosário de Ifá, o jogo de búzios, etc. No jogo de búzios (Erindilogun) quem fala é Exu. São dezesseis búzios que podem ser jogados também pelos Babalorixás e Ialorixás.
A consulta a Ifá é uma atividade exclusivamente masculina, mas as mulheres passaram a poder pegar nos búzios porque oxum fez um trato com exu, conseguindo dele permissão para jogar. O jogo de Opelé Ifá baseia-se num sistema matemático, em que se estabelece 256 combinações resultantes dos 16 odus usados no jogo de búzios multiplicado por 16. Nada se faz sem que antes se consulte o oráculo, quanto mais séria a questão a ser resolvida, maior a responsabilidade da pessoa que faz o jogo.
NOTA: no Batuque é comum utilizar o jogo de búzios pelo método de consulta a orixá, utilizando-se um rosário onde se consultam os orixás conforme as caídas dos búzios. Costuma-se jogar com 8 ou 16 búzios para se fazer à leitura. Nada impedindo aos mesmos que utilizem também o jogo pelo método de Ifá, desde que os zeladores conheçam profundamente as caídas de odus, os egbós, fundamentos e segredos referentes a cada odu.

Calcula-se o seu Odu de placenta somando todos os números da data de nascimento. O resultado desta soma tem a vibração de elementos e orixás determinados, com lendas e arquétipos.


OKÀRÁN MEJI

Em Yorubá, o significado do termo “Okaran” seria igual uma “só palavra” ou “a primeira palavra é boa” (“Okan Olan”)
Okàrán Meji é composto pelos elementos terra sobre ar, com predominância do primeiro (terra) o que significa a sensação de sufoco, vácuo, saturação e estruturamento.
Corresponde ao ponto cardeal nor-noroeste a carta 18 do taro (a “Lua”) seu valor numérico e o 15. Suas cores são o vermelho, negro, o branco e o azul. É um odu feminino, e representado esotericamente por dois perfis humanos numa referência inequívoca aos orisás gêmeos ibeyji).
Okàrán Meji é o chefe dos gêmeos e simboliza o mistério que envolve sua existência segundo os ensinamentos de Orùnmilá, todos os gêmeos são gerados neste signo e dependem dele e da sua influência.

A fala humana foi introduzida por este Odú e com ela todos os idiomas existentes. As pessoas nascidas sob este signo, não recebem qualquer reconhecimento por parte de seus semelhantes. Corresponde ao nº 8 na ordem de chegada do sistema Ifá, onde é conhecido com o mesmo nome.

Quanto à personalidade da pessoa regida por esse odú, na verdade é um mau caráter, pois além de prejudicar a própria vida, procura transformar a dos outros, sem se importar com ninguém. Provoca intrigas e separações, mesmo que seja dos próprios pais, filhos ou de qualquer outra pessoa.


EJIÒKÔ - Ligado as “Kennesís”, Espíritos feiticeiros



EJIÒKÔ
Ejiòkô é um Odú composto pelos elementos terra sobre ar, com predominância do primeiro, sua figuração indicial indica luminosidade, transparência. Corresponde ao ponto cardeal Oeste-Noroeste, à carta 15 do Tarot (o “Hierofante”) e seu valor numérico é o 14. Suas cores são todas aquelas derivadas do vermelho, aceitando também o negro e tudo o que for estampado com estas duas cores. É um Odú feminino, representado esotericamente por um feto dentro de um útero, referência inequívoca à sua influência sobre o estado de gravidez.

Neste Odú por ordem de Òfún Meji foi criada a terra, e, por este motivo, é um signo ligado à abundância e à riqueza. Foi este signo que criou as montanhas e é também um dos Odú dos gêmeos Hohô (Ibeyji). Sempre que este Odú surge numa consulta, o advinho deve tocar o solo com a ponta dos dedos depois roçar, de leve, seu próprio peito pronunciando “Ilero” ou “Lelo”, como forma de saudação.

É um Odú ligado as “Kennesís”, espíritos feiticeiros do sexo feminino. É muito temido pelas mulheres grávidas pelo seu poder de provocar aborto e partos prematuros.
Determina separação de mãe e filhos e muita tristeza por causa disto. Indica que a mulher trai o marido. Assinala inversão sexual. Aponta enfermidades e bruxarias por comida e/ou bebidas.

Quanto à personalidade das pessoas regidas por esse odú ou sob sua influência, são muito alegres e felizes, possuem muita sorte, porém não chegam a ficar ricos, não são ambiciosos e procuram dividir tudo o que possuem. São muito confiantes, voluntariosos, geniosos, prepotentes, exigentes e tentam sempre impor suas vontades. Dessa maneira adquirem constantemente inimigos declarados e ocultos, pois pessoas desse odú são muito invejadas e vítimas de inimigos traiçoeiros, acarretando muitas demandas para impedir o completo triunfo das pessoas sob essa influência.

Para que possam ter sucesso deverão aprender a guardar segredo de todas as suas verdadeiras intenções e se algo sair errado, se tornam muito sofridas, quando algo não lhes sai como desejam, e, aí, fazem mexericos e criam grandes confusões, mas como geralmente possuem bom coração, logo se arrependem do que fizeram e procuram contornar a situação criada por eles mesmos e tentam tudo para reconquistar as amizades perdidas. Sofrem muito por doenças, amores não correspondidos, enfim, a personalidade é bem instável.

ETA OGUNDÁ “Ogun partiu o peixe em dois”.



ETAOGUNDÁ



Significado do termo yorubá “Ogundá Meji” = “Ogun da ejá meji”, ou, “Ogun partiu o peixe em dois”.
Etaogundá é um odú composto pelos elementos fogo sobre ar, com predominância do primeiro, o que representa o dinamismo transformado em obstáculo, o esforço voltando-se contra quem o despendeu, levando ao fracasso. Corresponde ao ponto cardeal Nor-Nordeste, à carta “o Diabo” no Tarot e seu valor numérico é o 2. 


Suas cores são, o negro, o branco e o azul. É um odú masculino, representado esotericamente por um punhal ou facão, numa referência inequívoca ao orisá Ogun.
Esse odú, assim como o orisá Ogun, rege todos os metais negro, tudo o que é de ferro e o trabalho realizado nas forjas ocupando-se também, do arco e da flecha.

Considerado um símbolo bastante perigoso, comanda o membro viril, os testículos a ereção, o esperma e determina até certo ponto, os hábitos sexuais e as doenças venéreas.

Foi sob este signo que Sango desceu à terra, segundo alguns Bokonõ, Gu (Ogun) e Hevioso (Sango) possuem origens idênticas e a diferença reside apenas em suas manifestações.

Eta-ogundá preside os partos e desta forma todas as crianças vêm ao mundo sob sua ação e responsabilidade. A noção de corte, de separação, está ligado a esse signo.

O homem regido por esse odú, é muito viril, sério e organizado; quanto à mulher, tem muita fertilidade, mas não é sensual (sexy). Tanto um, quanto o outro, são radicais, olho por olho, dente por dente

IORÒSÚN - Iròsún Meji é muito forte e temido


IORÒSÚN
Corresponde ao 5 na ordem de chegada do sistema Ifá, onde é conhecido pelo mesmo nome. Iròsún designa uma tintura vegetal vermelha sangue é utilizado ritualística e medicinalmente.
Corresponde, na geomancia européia, à figura denominada “Fortuna Minor”.

Iròsún meji é um odú composto pelos elementos fogo sobre terra, com predominância do primeiro, o que indica escassez, parcimônia, insuficiência de recursos para que a meta seja atingida em toda plenitude.

Corresponde ao ponto cardeal “Este-Nordeste”, à carta do Tarot (a “Imperatriz”) e sua valor numérico é o 4. Suas cores são o vermelho e o laranja, sendo um odú masculino, representado, esotericamente, por uma espiral, ou por dos círculos concêntricos, representação de um “do” (buraco ou cavidade).

Iròsún Meji é muito forte e temido. Expressa a idéia de maldade, miséria e sangue. Foi esse odú quem criou as catacumbas e as sepulturas.
Sempre que surgir numa consulta deve-se imediatamente passar pó de Efun nas pálpebras, por três vezes, para neutralizar, os malefícios dar cor vermelha. Através da proteção da cor branca (Efun).

Iròsún Meji rege todos os buracos de terra, comanda também todos os metais vermelho, como o cobre, o bronze, o ouro, etc... Prenuncia acidentes, miséria, fraudes, sofrimento, ambição e impetuosidade. Os filhos deste odú são predestinados a adquirirem conhecimentos dentro de Ifá, para não perecerem precocemente. São pessoas animadas, exaltadas, realizadoras. São orgulhosas, muito agressivas e que se deixam dominar pelo cólera com qualidade.

Iròsún é um odú de prenúncios medianos, que fala do bem e do mal com a mesma intensidade.
Este odú tem grandes poderes de sabedoria, em sua fase positiva. Propicia alívio a doenças e caminhos fechados, porém nem todos os problemas poderão ser totalmente resolvidos, mas, pelo menos, aliviados.

Caráter dos regidos por Iròsún:
audacioso, decidido, colérico, autoritário.
As pessoas deste odú costumam apresentar olhos vermelhos e lacrimejantes

Osê Meji ou Oxeturá Malé - O Odu que cometeu incesto


Osê Meji
Corresponde ao 15 na ordem de chegada do sistema Ifá, onde é conhecido pelo mesmo nome. A palavra evoca, em Yorubá, a idéia de partir, quebrar, separar em dois, o nome é desagradável. Acredita-se que este odú teria cometido incesto (“ló”) com sua mãe Òfún Meji, e, por isto, foi separado dos outros signos.
Osê Meji é composto pelos elementos ar sobre ar, o que representa uma dispersão súbita, a impotência diante de um obstáculo e o surgimento de outros obstáculos. Corresponde ao ponto cardeal Noroeste, à carta n° 16 do Tarot (a “Torre”) e seu valor numérico é o 6.

Suas cores são irisadas, matizadas, insípidas. Não tem preferência por nenhuma cor específica, mas exige que lhe seja apresentadas três cores diferentes e reunidas, não importando quais sejam elas. Osê é um Odú masculino, representado esotericamente por uma lua crescente com as pontas viradas para baixo. O signo tem realmente o poder de partir em dois o objeto que desejar.

Osê Meji comanda tudo o que é quebradiço, quebrado, mal cheiroso, decomposto, putrefato. Todas as articulações e juntas provêm deste odú e ele representa inúmeras doenças, notadamente os obsessos. Ele é a própria representação de Sakpatá (a varíola), e está intimamente ligado às “kennesis”, tratando-se, portanto, de um odú muito perigoso.

Quem possui esse odú, ou é regido duplamente com ele, possui poderes para feitiçarias, e, são imunes a feitiço, mas não quer dizer que não possa levar uma balançada.

Quando esse odú dirigi o òrí da pessoa, a mesma é misteriosa, vaidosa. Quando lhe é conveniente, é mão aberta, possui muito charme, além de ser muito inteligente. Os regidos por este signo gostam dos prazeres, são prosas e convencidos, ambiciosos, perseverantes e complicados no amor, pensam em grandes lucros. Quase sempre são impetuosos na maneira de agir, e, com isso, perdem grandes oportunidades, pois sempre haverá um inimigo oculto, tentando, com grandes esforços, derrotar as pessoas desse odú. Porém, no fim, elas conseguem sair vitoriosas nas batalhas e, em pouco tempo, se reequilibram, obtendo lucros e realizando seus desejos.

Este é o odú invocado pelas feitiçarias (ajés) e feiticeiros, pois eles fazem pacto com as Ìyá Mí (kennesís).
Osê Meji prenuncia a diminuição das energias físicas, o que predispõe o organismo, enfraquecido e sem defesas, a qualquer tipo de doença, principalmente aquelas que se situam na cavidade abdominal. Fala muito de perdas de todos os tipos e em todos os setores da vida




OBARÁ MEJI - "Nascem as riquezas"



Obàrá Meji
Obàrá Meji é composto pelos elementos ar sobre terra, com predominância do primeiro, o que indica a evolução através da experiência adquirida na busca do objetivo pretendido. Corresponde ao ponto cardeal Su-Sudeste, e à carta n° 4 do Tarot (o “Imperador”), sendo o seu valor numérico o 8.

Suas cores são o azul claro e o violeta e é um odú masculino, representado esotericamente por uma corda em referência ao poder que possui de tudo levantar. Exprime força e poder e a possibilidade de realização humana.

Obàrá Meji criou o ar e por extensão os ventos. Dele depende a existência dos bosques cheios de ramagem, das forquilhas e de todo o tipo de bifurcação.
Neste odú nasceram as riquezas o costume de usar jóias, os mestres e o ensino. Aqui surgiu o adultério e neste signo o ser humano aprendeu a mentir e ser enganado.
As pessoas regidas por esse odú, possuem grandes idéias e passam boa parte de sua vida tentando realizá-las. Dificilmente encontram meios para começar algo. Algumas vezes, ou na sua maioria, fracassam por não pedirem ajuda, porém todo o sofrimento não é duradouro, e os regidos por este signo acabam vencendo pela força de vontade, devido a possuírem espírito de luta e não se entregarem facilmente. São pessoas batalhadoras e possuem o privilégio de muita proteção espiritual e, também, dos outros odú, que se dobram a Obàrá.



ODÍ MEJI - "Representa uma porta fechada"



ODÍ MEJI



Odí Meji é composto pelos elementos ar sobre água, com predominância do primeiro, o que indica a renovação dos obstáculos. Representa uma porta fechada, um círculo mágico, um tabu, limitação, obstrução, aprisionamento.
Corresponde ao ponto Cardeal Norte, a Carta n° 12 do Tarot (o “Enforcado”), e seu valor numérico é o 7. Suas cores são o negro ou a mistura de qualquer outra cor, sendo um odú feminino.

Sua representação esotérica é um círculo dividido ao meio por uma linha vertical, significando duas nádegas, ou, ainda, os órgãos sexuais femininos, que provêm de Osá Meji.
Efetivamente, Odí Meji fala das mulheres em geral.

A palavra nádega, no caso, não passa de eufemismo que pretende somente designar a feiura e as impurezas do órgão sexual feminino. Dizem ser este signo que incita o ser humano a copular, e é por estas razões que encontramos uma estreita correspondência entre Odí Meji e as “Kennesís”, consideradas a impureza das mulheres. E, ainda, proporciona-lhes uma tendência natural a prática da feitiçaria.

Sob este signo apareceram na terra as mulheres, os rios, cujas margens tem a forma, aparência de lábios, as nádegas e o costume de sentarmos sobre elas. Este signo ensinou aos homens o uso de deitarem-se, indiferentemente virados para a direita ou para esquerda.
Odí Meji ocupa-se dos partos efetuados com a parturiente de cócoras, e preside, ainda, ao nascimento de gêmeos e de todas as espécies de macacos.

As pessoas nascidas sob este signo são perseverantes, duras e inflexíveis, não crêem em nada e nem em ninguém, mas podem facilmente serem levadas por superstições tolas, que nem sempre são aceitas pelos demais. São dotados de muita inteligência e excelente memória, assimilam com facilidade tudo o que se proponham a aprender, negando-se, entretanto, a transmitir seus conhecimentos, preferindo antes, usá-las como instrumento de manifestação de tantos quanto deles dependerem.No amor, são desconfiados e ciumentos, mas muito zelosos do objeto de seus sentimentos. Adoram viver isolados e suas ações contribuem efetivamente para que isto ocorra, independente de sua vontade




EJIONILÊ - "Aquele que possui o mundo"



EJIONILÊ
Ejionilê, jionilê ou jionlê, devem ser contrações das palavras "oji lo n'ilê", cuja tradução é: "aquele que possui a terra (o mundo)."
Este odú ainda recebe em nagô os seguintes nomes:
Ogbê oji - duas palavras (vida e morte)
Oji Nimongbê - eu recebi duas dádivas
Aláfia - coisas boas
Awúlela - compra com teu sacrifício e serás bem sucedido
Aluku Gabyí - aquele que conhecendo a morte, se ergue sobre o mundo. Ele sabe se agitar ao redor do sol.

Ejiònilê é um odú composto pelos elementos fogo sobre fogo, o que indica dinamismo puro, que impele, de forma instintiva, a conquista do objetivo.
Corresponde ao ponto cardeal leste, a carta nº 1 do Tarot (o "Mago") e seu valor numérico é o 1. Sua cor é o branco, podendo, por vezes, aceitar o azul. É um odú masculino, representado esotericamente por um círculo inteiramente branco.

O círculo representando Ejiònilê (ou Ejiogbê) chama-se Gbê-ruê, sendo branco seu interior, como branco é o amanhecer do dia. É um universo conhecido e desconhecido, que é chamado, em fon, de kezê, e, em yorubá, de ayê.

Ejiònilê é considerado o pai dos demais odú, sendo, portando, o mais velho de todos, com exceção deÒfún Meji, de quem foi gerado. Sua principal função é de proteger o nosso mundo suprindo-o em todas as suas necessidades e cuidando de sua permanente renovação.

Representa o oriente e é o senhor do dia e de tudo que acontece durante ele. É, ainda, responsável pelo movimento de rotação da terra, que provoca, depois de casa noite, o surgimento de um novo dia.
Ejiònilê controla os rios, as chuvas e os mares; a cabeça humana e as dos animais; o pássaro lekèlekê (consagrado a Òsàlá); o elefante; o cão, a árvore Irôko, as montanhas. A Terra e o Mar pertencem a este signo, assim como todas as coisas naturalmente brancas.

Rege o sistema respiratório e tem também, sob suas ordens, a coluna vertebral, além de todo o complexo de vasos sangüíneos do corpo humano, embora se saiba que o sangue não lhe pertença, mas sim a Osá Meji.

As pessoas desse odú são impulsivas, chegando quase a irracionalidade; seus objetivos devem ser atingidos a qualquer preço, mesmo que represente o sacrifício de outrem.
Essa pessoas possuem desenvolvimento intelectual mediano, alimentado por sua curiosidade incontrolável e enfraquecido por imaginação excessiva, que os leva a criar fantasias demasiadamente absurdas.

Os filhos desse signo tendem ao vulgar, ao mais fácil, ao comum, não se importando muito com a qualidade das coisas. Costumam ser diretos. Sutileza é coisa que desconhecem quase que totalmente.

Os filhos deste odú não devem usar roupas vermelhas, pretas, ou de cores demasiadamente escuras. Não devem comer carne de galo, bolo de acaçá que tenha sido enrolado em folha de bananeira. Também não devem utilizar pérolas negras, ônix e corais negros. Não deve matar ratos.As pessoas regidas ou influenciadas por esse odú, possuem grande proteção espiritual, boas amizades e, quase sempre, caminhos abertos. Gostam de calma e procuram acalmar o próximo, porém são também vingativas, mas possuem comportamento delicado, são honestas e atenciosas. Vivem com grandes esperanças, estão sempre apaixonadas, são sonhadoras, sofrem e se desdobram para ajudar um amigo.




OSÁ MEJI - "Significa ainda ventilar"



Osá Meji é o 9º odú no jogo de búzios e o primeiro na ordem de chegada do sistema Ifá, onde é conhecido pelo mesmo nome. Em Ifá é conhecido pelos jêje como "Sá Meji". Os nagôs o chamam de "Osá Meji" e também de "Ojí Osá". "Sá", em yorubá, significa ainda ventilar, arejar, podendo também ter o sentido de separar, escolher, escapamento, no sentido de escorrer. Dizem que anteriormente os signos de Ifá não conheciam o ar da vida. Foi este o signo que os chamou e colocou a todos em contato com o ar.
Em yorubá, as palavras "Asá Meji" significam, principalmente, "duas coxas", no sentido de representar os órgãos femininos, que são comandados por este Odú.
Osá Meji é um odú composto pelos elementos água sobre fogo, com predominância do primeiro, o que indica o dinamismo no sentido de ajuda e apoio. Corresponde ao ponto cardeal Su-Sudoeste, à carta nº 2 do Tarot (a "Papisa") e seu valor numérico é o 9.
Suas cores são o vermelho, o laranja e o vinho. É um odú feminino, representado, esotericamente, por uma cabeça humana sobre a lua minguante, símbolo do poder feiticeiro feminino, numa referência inequívoca à sua ligação às práticas de feitiçaria, nas quais as mulheres se destacam por sua dotação natural, inerente à sua condição de procriar, transformando um espermatozóide microscópico num ser humano.



Osá Meji representa as "Kennesís" (feiticeiras), potências da magia negra que utilizam a noite e o fogo. São espíritos malvados que, hierarquicamente, encontram-se situados abaixo dos vodúns. Osá Meji é, portanto, um dos odú mais perigosos. A ele é atribuída a criação de todos os animais ligados à feitiçaria, como o gato, alguns antílopes, a coruja, a andorinha, o pintarroxo, o verdelhão, a lavadeira e o engole-vento.



Osá Meji comanda o sangue e todos os órgãos internos do corpo, e, por extensão, o coração e a circulação sangüínea, a abertura dos olhos e os intestinos. É ele quem dá cor ao sangue.



Osá Meji preside a evocação dos demais signos sobre o "opon ifá". É também este signo quem evoca e traz todos os demais à presença do babalorixá, durante as consultas ou em qualquer procedimento em que as figuras sejam riscadas sobre o tabuleiro, cabendo a Iká Meji a função de conduzi-los de volta, logo que as suas presenças não se façam mais necessárias.



Como se pode observar, Osá Meji possui poderes ilimitados: sendo ele aquele que pode fazer tudo e que, efetivamente, tudo faz.
Osá Meji é o senhor do sangue. Todos os homens, pelo fato de possuírem sangue, são propriedades desse signo.
Rege as orelhas, os olhos, as narinas, os lábios, os braços, as pernas e os pés, da mesma forma que os órgãos genitais femininos. Pode ser encontrado no fluxo menstrual, no ventre das mulheres menstruadas, daí a extrema nocividade que lhe é atribuída. Devemos esclarecer, em relação ao fluxo menstrual, que, embora pertencendo a Osá Meji, logo que se aparta do corpo da mulher passa a pertencer a Iròsún Meji, e, quando derramado sobre o solo, passa a ser de Òfún Meji.



Os filhos deste odú não devem comer carne de gato e nem todas as comidas que são oferecidas a Nanã. Não usar tecidos de fundo vermelho ou azul. Os homens deste odú são proibidos de esperar o orgasmo de suas mulheres e as mulheres não devem praticar o coito durante o dia.




ÒFÚN MEJI - "Significando mistério"



ÒFÚN MEJI é o 10º ODÚ no jogo de búzios e o 16º na ordem de chegada do sistema Ifá, onde é conhecido pelo mesmo nome. Em Ifá é conhecido, pelos fon (jêje), como "FU MEJÍ" ou "OFÚ MEJI". Os nagôs o chamam também de "LÀGIN MEJI". "LÀGUN" significando mistério. "OLOGBÔ" (misterioso e maléfico por haver cometido um incesto "lo"), "OGI OFÚ", por eufonia.

"Hekpa" ou "Baba Hekpa", por eufemia (reza, prece). Em yorubá, "fun" significa dar, doar. "Funfun" significa branco e este ODÚ representa esta cor, enquanto que "ofu" significa perda, prejuízo. A palavra "fu" transmite a idéia de limpar soprando, como quando se assopra um objeto ou superfície qualquer, para retirar a poeira ali depositada.

Corresponde ao ponto cardeal Sudeste, à carta nº 21 do Tarot (o "MUNDO") e seu valor numérico é o 11.

ÒFÚN MEJI é um ODÚ composto pelos elementos água sobre água, o que indica uma ajuda constante e pronta a apoiar, o esforço que evoca, sem obstáculos a serem vencidos ou contornados.

Sua cor é o branco, à qual representa, mas aceita também o azul e o violeta. É um ODÚ feminino, representado esotericamente por um ovo, onde se inscreve, à direita, verticalmente, doze pontos, em pares superpostos, e, à esquerda, quatro traços horizontais superpostos.

O ovo representa o próprio ÒFÚN MEJI, envolvendo todos os outros ODÚ e a si próprio. ÒFÚN MEJI é a mãe de OGBÊ MEJI (EJIONILÊ), OYÈKÚ MEJI (OLÒGBÓN), IWORÍ MEJI e ODÍ MEJI, a vida e a morte, o oculto e o revelado. Os doze pontos representam os demais ODÚ e inclusive o próprio ÒFÚN MEJI. A importância desse signo reside no fato de ela ser a mãe de OGBÊ (EJIÒNILÊ) e este ser o pai de todos os demais ODÚ. Segundo a opinião de alguns advinhos, ÒFÚN MEJI é também o pai de OGBÊ (EJIÒNILÊ), logo possuindo os dois sexos e sendo hermafrodita.

OGBÊ (EJIONILÊ), por ser o filho mais velho, reina sobre os demais ODÚ.
ÒFÚN MEJI é portador de um "ló" (mistério) que seria, na realidade, o incesto praticado com seu filho OSÊ MEJI. Em decorrência desse incesto, todos os segredos e mistérios são regidos por ÒFÚN MEJI, que conhecendo o segredo da morte, possui o poder de ressuscitar os mortos.

ÒFÚN MEJI representa a grande mãe e o princípio maternal, e sendo a mãe de todos os ODÚ o é, também, de toda a criação, não tendo domínio somente sobre o ar, que, após haver criado, liberou EJIOGBÊ (EJIÒNILÊ), que passou a dominá-lo.


Os naturais deste ODÚ são pessoas fadadas a viver muitos e muitos anos. Adquirem bens materiais somente depois da meia idade, quando se encontram e se realizam espiritualmente, na medida em que se descobrem interiormente.

As pessoas sob essa influência ou que sejam deste ODÚ, são sinceras, honestas, inteligentes, sabem fazer amizades e as conservam.

Geralmente as mulheres deste ODÚ ou influenciadas por ele quase sempre perdem a gravidez (abortam), ocasionando, na maioria, Histerectomia, inclusive correndo risco de vida.

São pessoas muito caladas, envelhecidas interiormente, embora possam parecer jovens algumas vezes, isso porque o ODÚ, é o mais velho por ordem de chegada.

São, ainda, pessoas ranzinzas e teimosas, embora sempre exaltem a paz. Este signo traz, constantemente, perigo de morte, porque possui uma característica velha, teimosa, ciumenta e também muito vingativa, e, por isso, envia a morte para seus adversários




Òwórin Meji - "A união da vida e da morte"


Òwórin Meji é o 11º odú no jogo de búzios e o 6º na ordem de chegada do sistema Ifá, onde é conhecido pelo mesmo nome. Em Ifá é conhecido entre os fon (jêje) como "wenle meji", tendo a pronúncia do "e" final anasalada. Em yorubá, a pronúncia correta é "uólin", "uórin" ou "uárin".

"Wó-ri" significa, em yorubá, rodar ou virar a cabeça, um sentido figurado de morrer. "Wãlã-wãlã" em fon, evoca a idéia de pintar (salpicar), matizar. Um antigo babalaô explica o nome deste signo como a união da vida e da morte, simbolizando as duas coisas ao mesmo tempo.

Equivale ao ponto cardeal Oeste-sudoeste, à carta nº 17 do Tarot (a "Estrela") e seu valor numérico é o 13.

Òwórin Meji é um odú composto pelos elementos terra sobre fogo, com predominância do primeiro, o que indica proteção, ajuda, admissão, aceitação.

As pessoas desse ODÚ, deverão usar constantemente um patuá especial, banhos de folhas em defesa, enfim, fazer ÒFÓ e ORÌKÍ.

ÒWÓRIN MEJI introduziu, neste mundo, as rochas e as montanhas; as mão e os pés dos seres humanos, as cólicas femininas.

As pessoas nascidas sob este signo fica ricas ainda na juventude, realizam muito cedo tudo o que desejam na vida, e obtêm precocemente filhos, mulheres, dinheiro e todas as boas coisas que a vida pode proporcionar. São naturalmente bafejadas pela sorte, atraentes, excessivas em tudo, generosas, dominadoras e entusiasmadas. Não conhecem desafios que não possam vencer, nem obstáculos que não saibam sobrepujar. Gostam do que é bom, do que é caro e nunca medem esforços para alcançar o que desejam.

Contudo, ÒWÓRIN MEJI predispõe as estadias curtas sobre a terra, isto é, as pessoas do signo tendem a viver pouco. Por ser este ODÚ portador de acidentes, é muito difícil que se possa desfrutar, por muito tempo, os seus benefícios


Ejilasèborá Meji - "Função de decepar cabeças"


 
Ejilasèborá é o 12º odú no jogo de búzios e o 3º na ordem de chegada de Orùnmilá, quando é conhecido por Iwòrí Meji. Este signo é considerado como o encarregado da função de decepar cabeças, num mundo que nos é inteiramente desconhecido. Foi a este odú quem Mawú (Osàlá, entre os jêjes) confiou o cutelo do carrasco.
Ejilasèborá é um odú composto pelos elementos água sobre ar, o que determina um encaminhamento dos esforços, ao encontro de obstáculos que poderão ou não ser transpostos, dependendo d qualidade de esforços despendidos neste sentido. Significa que duas forças conflitantes se confrontam e que o resultado dessa disputa tende sempre em favor do lado mais fortalecido.
Corresponde ao ponto cardeal Sul, do qual é o regente, sendo [em conjunto com Ejiogbê (ou Ejiònilê - Leste), Odí (Norte) e Oyekú (ou Ològbón - Oeste)], um dos quatro odú, principais do Sistema Ifá. Seu valor numérico é o 10 e corresponde, no Tarot, à carta nº 5 (os "Amantes").
Ejilasèborá Meji representa "xuji" (o sol), e "kã Li" (os animais selvagens que habitam as florestas, as bestas ferozes, principalmente a Hiena ("wlá") e o leão ("kinikiní").
Expressa e idéia de contato, de troca de relação entre dois seres ou duas coisas. Refere-se a tudo o que diz respeito a união, casamento, contratos, pactos, acordos, compromissos etc.
As pessoas regidas por este odú são sensíveis, amáveis e cordiais, adoram relacionamentos superficiais e numerosos, dificilmente assumem compromissos que durem muito tempo, o que provoca uma constante troca de parceiros. Costumam entediar-se até com as melhores coisas da vida.
Esse odú é o mesmo que outorgou poderes aos 12 (doze) ministros de Sangô, os quais seis podem absolvem e 6 condenam.
As pessoas sob a influência desse signo, ou por ele regidos, são pessoas prestativas, inteligentes, justas, possuem bom coração; e, mesmo quando ocupam uma posição social elevada, jamais têm a pose de um rei ou de um ministro.
O homem desse signo é, quase sempre, predestinado ao trabalho pesado, mas encontrará sempre ajuda de um amigo nos momentos difíceis. Também poderá receber uma herança e ter grande futuro, agora, tanto para o homem, quanto para a mulher, ele prediz que haverá sempre muitas batalhas na vida


EJÍ OLÒGBÓN - "À morte"


 
EJÍ OLÒGBÓN é o 13º no jogo de búzios e o 2º na ordem de chegada do sistema Ifá, onde é conhecido como OYEKU MEJI. Em Ifá é conhecido, entre os fon (jêje), como YEKÚ MEJI, palavra cuja etimologia é desconhecida.

Existe uma corrente que pretende dar a esta palavra um significado que está ligado ao termo "YÊ" (aranha) e "KÚ" (morte), por considerar-se a aranha como um animal de mau agouro e anunciador da morte. Já em Nagô, o sentido pode ser o seguinte: "tudo deve retornar depois da morte."

Os nomes honoríficos deste ODÚ são: ALAGBA BABA EGUN (velho pai dos EGUNS); Alagba Baba Mariwô (velho pai do mariwô). Títulos este que designam o chefe vivo dos "KUTUTO", de quem OYEKÚ MEJI é o chefe espiritual; "YE-KU-MA-YEKE" (nós somos compostos de carne e de morte); e "ZAN-KI" (o dia está morto), esta última expressão usada pelos arautos; "ago zangulê", do Abomey, para anunciar a morte do rei.

JIOGÊ ou EJIOGÊ (dois "YÊ", duas mães), evocando como EJIOGBÊ, a dualidade céu e terra.

EJI OLÒGBÓN é um ODÚ composto pelos elementos terra sobre terra, o que indica a saturação total, o esgotamento de todas as possibilidades de acrescentar-se algo, o fim de um ciclo, a morte.

Corresponde ao ponto cardeal oeste, à carta nº 13 do Tarot (a "MORTE") e seu valor numérico é o 16. Suas cores são o negro, o branco nacarado e o cinza prateado. É um signo feminino, representado, esotericamente, por um círculo inteiramente negro, ao contrário de EJIOGBÊ (EJIÒNILÊ). OYEKÚ é a noite, o inverso do dia; a morte, o inverso da vida.

OYEKÚ MEJI (EJIOLÒGBÓN) ensinou os homens a alimentarem-se de peixes. Com este signo vieram ao mundo o couro de crocodilo, o focinho do hipopótamo, o chifre do rinoceronte, e todos os animais (de pelo ou de penas) que possuem hábitos noturnos; as nodosidades das madeiras e os nós das cordas.

Representando tudo que é neutro, ineficiente, fatal, o conformismo, aquilo que cai, que se decompõe. É o declínio do sol, o final do dia, o fim de uma etapa. Anuncia um acontecimento nefasto, uma notícia desagradável, um falecimento, uma condenação na justiça. Determina sempre o fim radical de uma situação, ou que pode ensejar, ou não, o surgimento de uma nova condição.

Os filhos deste ODÚ são pessoas dóceis, de temperamento mórbido, que preferem ser dirigidas e orientadas por alguém em que depositam confiança cega. Preferem viver em grupo



IKÁ MEJI - a Serpente venenosa "AMANÕNÚ".


 
IKÁ MEJI é o 14º ODÚ no jogo de búzios, e o 11º da ordem de chegada pelo sistema Ifá, onde é conhecido pelo mesmo nome. Em Ifá é conhecido, entre os fons (jêje), como "KÁ MEJI". Os nagôs o chamam também de "OKÁ", palavra que designa a serpente venenosa "AMANÕNÚ". Os yorubá também dizem "FÁ MEJI" dividido em dois, ou "IJÍ OKÁ", duas serpentes.

IKÁ MEJI representa , a serpente ("OJÔ" em yorubá); rege todos os répteis do campo, como, também, um bom número de animais que vivem na floresta, como os macacos, os lagartos e certos pássaros, como o "sasagolé" (espécie de tucano), a "alwalokolwê" (espécie de rola), os caramujos, os ouriços e todos os peixes. IKÁ MEJI rege todos os animais de sangue frio, aquáticos ou terrestres. De uma forma geral ele busca o frescor.

É um ODÚ composto pelos elementos água sobre terra, com predominância do primeiro, o que indica que o objetivo é em si mesmo, o obstáculo que se renova permanentemente, provocando a necessidade de se reiniciar a tarefa e a conseqüente revolta do indivíduo, contra si próprio e contra o mundo, que passa a considerar injusto e mau feito.

Criou a piedade e o amor filial. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, não se ocupa da fecundação, e sim dos abortos e das falsas gravidez. É tido como o signo que mata as crianças, provocando abortos, sempre acompanhados de hemorragias incontroláveis, o que pode ser evitado, através de ebós específicos, a ele relacionados.

Os macacos vieram ao mundo por este signo, que é o ODÚ principal dos gêmeos selvagens ("ZUN" e "HOHÔ"). Seu aparecimento, na consulta de uma mulher grávida, pode diagnosticar, portanto, o nascimento de gêmeos. Também a vinda dos "HAUSSÁS" à Terra é devida a este signo.

Corresponde ao ponto cardeal este-sudoeste, à carta nº 7 do Tarot (a "CARRUAGEM") e seu valor numérico é o 11. Suas cores são o vermelho, o negro e o azul. É um ODÚ masculino, representado esotericamente por uma serpente.

Morfologicamente IKÁ MEJI exprime a idéia de algo que esteja prestes a explodir: uma granada, uma bomba, um caldeira. E esta idéia se estende a situações de aspecto explosivo, como uma greve, uma briga ou uma situação insustentável.

As pessoas regidas de IKÁ, são sempre muito confiantes e, por essa razão, chutam a felicidade, passando ao arrependimento logo após, mas elas, inúmeras vezes, se recuperam e se renovam, após obstáculos, cheios de esperança a cada momento e de imediato, conquistam novas amizades com mais precisão e muita cautela em tudo e por tudo, pois não sabem e nem gostam de solidão, odeiam a mesma por demais e por essa razão adquirem muitas lábias.

São pessoas por demais prestativas e agradáveis, fingem ser viris, gostam de vaidade e esforçam-se para sobressaírem em todos os meios e em todas as áreas, lutando com a sua dupla personalidade.

Determina conquista pela força, sem trégua, sem piedade. Os naturais desse ODÚ são pessoas impulsivas, corajosas e, quase sempre, violentas. Nunca medem as conseqüências e nem hesitam diante do perigo.



Obeogundá Meji - "Iretê - "a Terra consultou Fazun"


 
Em Ifá é conhecido, entre os fon (jêje), como "Letê Meji", suprimido o sufixo da palavra Yorubá "Iretê". Chama-se ainda, segundo alguns nagô, de "Ojí Letê", ou "Olí Atê", significando o “Kpoli” da Terra. Em yorubá, "Irê Tê" significa "a Terra consultou Fazun". Corresponde, na geomancia européia, à figura denominada "Puer".

Obeogundá Meji é um odú composto pelos elementos fogo sobre água, com predominância do primeiro, o que indica dinamismo inicialmente existente, que tende a transformar-se em auxílio poderoso, mas que o benefício auferido será sempre em favor de outrem. É o macho que luta e se sacrifica em favor da fêmea. A atividade é impulsiva e independe da vontade do agente. É o sem juízo.

Corresponde ao ponto cardeal Noroeste, à carta nº 11 do Tarot (a "Forca") e seu valor numérico é o 3. Suas cores são o vermelho vivo, o negro, o cinzento, o azul e o branco. É um odú masculino, representado esotericamente por um quadrado dentro de um círculo. O quadrado representa o domínio do que conhecemos, o mundo material, a Terras. O círculo representa o ignoto, o céu.

O círculo, representação de tudo que desconhecemos, chama-se "wéké". Verifica-se, ainda, "Wéké-Non", mestre do oculto e um dos nomes honoríficos de Lisá e de Dàgbadá-Hwedô.

"Gbê" designa tudo que é perceptível aos nossos sentidos, a vida, da forma que a percebemos. "Gbê-To": pai da vida, aquele que comanda; o pai da criação visível.

Iretê, no entanto, não é o mundo inteiro, conhecido ou desconhecido. Se o ignoto é visível através da figura em forma de círculo, é para melhor enquadramento através do retângulo, ao qual devemos, na verdade, dirigir nossa atenção. E é este quadrado que, efetivamente, pertence a Iretê. Se tivermos que "colorir" essa figura, representaríamos o céu (círculo) em branco (cor lisa) ou em azul (cor efetiva do céu, conforme o vemos). A Terra (quadrado) seria representada em vermelho, cor do Vodum Sakpatá.

Aquele que encontrar Iretê, deve oferecer 40 (quarenta) moedas, uma garrafa de aguardente e uma galinha a Igbadú (ou Igbaadú). Esta galinha deverá ser solta no quintal do babalaô, devendo ser enterrada, quando morrer naturalmente.

Iretê é o signo da Terra ("Ilê", em yorubá). "Aykungban"(fon) é o domínio terrestre. Dessa forma, tudo o que está morto lhe pertence, mas a morte em si é propriedade de Oyekú Meji.

Seus filhos são sempre impulsionados pelo desejo de conquista e de domínio, não hesitando, para lograr esse objetivo, em assumirem atitudes ameaçadoras, que visem a manter controle permanente sobre a situação.

São pessoas corajosas, audaciosas, presunçosas, mas muito solícitas, e prontas a socorrer quantos necessitem de seus préstimos. Possuem caráter altivo, sarcástico e indisciplinado. São amantes do trabalho e batalhadores entusiastas



ALÁFIA MEJI - Tu estás de volta."


 
ALÁFIA é o 16º ODÚ no jogo de búzios e o 13º na ordem de chegada do Sistema Ifá, onde é conhecido pelo nome de OTÙRÁ MEJI. Em Ifá, é conhecido como "TULÁ MEJI", e, no jêje, como "OTULÁ MEJI".

Em yorubá, é denominado, por vezes, de "OTUWÁ", que significa: "tu estás de volta." É conhecido, ainda, pelo nome de "ALÁFIA". O termo yorubá mais comum é "ÒTURÁ MEJI", que evoca a idéia de separar, desligar, apartar. OTURÁ MEJI é o mestre das línguas, indicando quando alguém tem duas palavras. Aquele que cai sob este signo costuma ser muito falador.

ALÁFIA é um ODÚ composto pelos elementos ar sobre fogo, com predominância do primeiro, o que indica a hesitação do ser, diante do domínio dos instintos. É a fêmea que, desejando se entregar, finge resistir. É o devaneio, a vocação artística, influenciada pelo sentimentalismo e pelo amor.

Como mestre das línguas, indica quando alguém tem duas palavras e utiliza o poder da eloquência a seu favor. Tem o domínio da boca e, assim como LEGBA, diz coisas boas e más. Morfologicamente, representa dois braços abertos, uma vulva pronta a ser penetrada, uma possibilidade de conquista e de prazer, uma acolhida afetuosa e sincera.

Sua influência no corpo humano pode provocar inércia da vida celular ou disfunções fisiológicas, apatia dos órgãos e relaxamento patológico dos tecidos. Corresponde ao ponto cardeal sudoeste, ao arcano nº 14 do Tarot ( A "TEMPERANÇA") e seu valor numérico é o 5, e corresponde ao ponto cardeal Sudoeste.

Suas cores são o azul, branco e dourado, gostando muito de tudo o que é estampado com estas três cores. É um ODÚ feminino, representado esotericamente por um busto humano, trajando blusa especial, chamada anteriormente de "NAHWÃMI", e conhecido atualmente como "KANSÃ". Está blusa é usada no Abomehy, somente pelos ministros do rei e seus soldados, não devendo ser confundida com o "WODUWA" (fon) ou "AGBADÁ" (yorubá), usado pelo rei, pelo grande "BOKONÃ" do rei e por algumas poucas personalidades sacerdotais.
Antes de falar em OTURÁ, alguns advinhos dizem: "OTWÁ, OTWÁ, OTWÁ, A DIFÁ FUN NUM". Este é o signo que consulta Ifá para a boca.



sábado, 26 de janeiro de 2013




                        





    Aos que criticam a religião alheia


    20Praticantes de religiões distintas tem em comum somente uma coisa: a fé. O restante é instrumentalização representada por seus rituais, divindades, visões do mundo, etc. Estes instrumentos que são procedimentos e objetos simbólicos, servem para que o praticante expresse sua fé, logo, não cabendo críticas de quem não as utiliza.
    A crítica pode partir sim, de um praticante daquela mesma religião e que questiona o modus operandi de sua prática, e nunca de alguém de fora, de outra religião. Quando vemos alguém que diz pertencente de uma determinada religião criticar uma outra, podemos ter certeza que esta pessoa não sabe nem vive o sentido da fé.
    Assim como é tola uma colocação como: meu deus é mais poderoso que seu deus, é igualmente tola, uma colocação como: sua religião é uma bobagem por estes e estes motivos… Pois, ao fazer esta crítica, o crítico só poderá estar criticando o modo de prática religiosa do outro e nunca, a fé do outro, que é o que interessa na prática religiosa, pois é o que nos faz alinharmo-nos com o Divino, seja ele que nome tenha.
    A televisão apresentou anos atrás uma das manifestações mais imbecis de crítica religiosa já vista, que foi a de um pastor de uma igreja evangélica, chutando uma santa católica. Dizia ele ser aquilo apenas uma estátua.
    Nada mais óbvio e de profunda ignorância religiosa, pois claro que os católicos sabem que aquilo é apenas uma estátua mas além de uma estátua, um símbolo sagrado que encerra em si Mistérios relativos a sua fé. Estes símbolos têm um significado na esfera profana e outra na esfera do sagrado.
    Aquele que critica um símbolo sagrado, ou seja, uma representação da fé do outro, não demonstra nada além de uma insegurança em relação a sua própria fé, visto que estão no rol daqueles medíocres que para se sobressaírem e valorizarem a si mesmo e ao o que é seu, precisam tentar diminuir o outro.
    É por compreender e distinguir pessoas de fé, que vemos em comunhão e caminhando lado a lado pessoas de religiões distintas, pois o que os une não são suas religiões e sim, a fé, esta demanda da alma presente em todo o humano que busca trilhar o caminho da maturidade espiritual.
    Antes de criticarmos a religião alheia, pensemos que, embora prática distinta, o que este outro faz, nada mais é do que exercer sua fé, de um modo diferente do nosso mas sempre com uma mesma direção, o encontro com o Divino e com nós mesmos.

    Iansã percorreu vários reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente tudo.
    Em Irê, terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da espada e ganhou deste o direito de usá-la. Depois partiu e foi para Oxogbo, terra de Oxaguiã. Com ele aprendeu o uso do Escudo para se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de usá-lo.
    Depois partiu e nas estradas deparou-se com Bará. Com ele aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Odé, seduziu o deus da Caça, e aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Bará. Seduziu Logunedé e com ele aprendeu a pescar.
    Foi para o Reino de Obaluaê, pois queria descobrir seus mistérios e conhecer seu rosto. Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado, Obaluaê perguntou o que Oia queria e ela respondeu:
    -queria ser sua amiga.
    Então, fez sua dança dos ventos, que já havia seduzido vários reis. Contudo, sem emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzí-lo, Iansã procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao homem da palha:
    -Aprendi muito com os outros Reis, mas só me falta aprender algo contigo.
    -Quer mesmo aprender, Oia? Vou te ensinar a tratar dos Mortos.
    Oiá venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como conviver com os Eguns a controlá-los. Partiu então para o Reino de Xangô, pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente. Mas ao chegar ao reino do rei do trovão, Iansã aprendeu mais do que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu à ela seu coração. O fogo das paixões, o fogo da alegria e o que queima. Ela é o Orixá do Fogo.





    OFERENDA

    Xapanã era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste. Assim, chegou Xapanãem território Mahí, no Daomé. A terra dos Mahis abrangia as cidades de Savalú e Dassa Zumê. Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um adivinho. E assim ele falou: “Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê! Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera, chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá! É necessário que supliquem a Xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca! Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai,Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!












    Quando Xapanã chegou, conduziu seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalú e Dassa Zumêreverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no: “Totô hum! Totô hum! Atotô!Atotô!” “Respeito e Submissão!” Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: “Está bem! Eu os pouparei! Durante minhas viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora!”Xapanã instalou-se assim entre os Mahis. O país prosperou e enriqueceu e o Grande Guerreiro não voltou mais a Empê, no território Tapá, também chamado Nupê.









    RECOMPENSA






    Houve uma festa e todos os Orixás estavam presentes. Menos Xapanã, que ficara do lado de fora.


    Ogum pergunta por que o irmão não vem e Nanã responde que é por vergonha de suas feridas causadas pelas doenças.


    Ogum resolve ajudá-lo e o leva até a floresta onde tece para ele uma roupa de palha que lhe cobre o corpo todo. O filá! Mas a ajuda não dá muito certo, pois muitos viram o que Ogum fizera e continuavam a ter nojo de dançar com o jovem Orixá, menos Iansã, altiva e corajosa, dança com ele e com eles o vento de Iansã que levanta a palha e para espanto de todos, revela um homem lindo, sem defeito algum.




    AS DUAS MÃES DE OBALUAIÊ


    Filho de Oxalá e Nanã, nasceu com chagas, uma doença de pele que fedia e causava medo aos outros, sua mãe Nanã morria de medo da varíola, que já havia matado muita gente no mundo. Por esse motivo Nanã, o abandonou na beira do mar. Ao sair em seu passeio pelas areias que cercavam o seu reino, Iemanjá encontrou um cesto contendo uma criança. Reconhecendo-a como sendo filho de Nanã, pegou-a em seus braços e a criou como seu filho em seus seios lacrimosos.
    O tempo foi passando e a criança cresceu e tornou um grande guerreiro, feiticeiro e caçador. Se cobria com palha da costa, não para esconder as chagas com a qual nasceu, e sim porque seu corpo brilhava como a luz do sol. Um dia Iemanjá chamou Nanã e apresentou-a a seu filhoXapanã, dizendo: Xapanã, meu filho receba Nanã sua mãe de sangue. Nanã, este é Xapanã nosso filho. E assim Nanã foi perdoada por Omulu e este passou a conviver com suas duas mães.

    A VIDA ENSINA

    Quando Omolu era um menino de uns doze anos, saiu de casa e foi para o mundo para fazer a vida. De cidade em cidade, de vila em vila, ele ia oferecendo seus serviços, procurando emprego. Mas Omolu não conseguia nada. Ninguém lhe dava o que fazer, ninguém o empregava, e ele teve que pedir esmola.
    Tinha um cachorro que o acompanhava. Omolu e seu cachorro retiraram-se no mato e foram viver com as cobras. Omolu comia o que a mata dava: frutas, folhas e raízes. Mas os espinhos da floresta feriam o menino. As picadas de mosquitos cobriam-lhe o corpo. Omolu ficou coberto de chagas.


    Só o cachorro confortava Omolu, lambendo-lhe as feridas. Um dia, quando dormia, Omolu escutou uma voz:
    -Estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo.
    Omolu viu que todas as feridas estavam cicatrizadas. Não tinha dores nem febre. Omolu juntou as cabacinhas, os atos, onde guardava água e remédios que aprendera a usar com a floresta, agradeceu a Olorum e partiu.
    Naquele tempo uma peste infestava a Terra. Por todo lado estava morrendo gente, todas as aldeias enterravam seus mortos. Os pais de Omolu foram ao babalaô e ele disse que Omolu estava vivo e que ele traria a cura para a peste.
    Todo lugar aonde chegava, a fama precedia Omolu. Todos esperavam-no com festa, pois ele curava. Os que antes lhe negaram até mesmo água de beber agora imploravam por sua cura. Ele curava a todos, afastava a peste. Então dizia que se protegessem, levando na mão uma folha de dracena, o peregum, e pintando a cabeça com efum, ossum e uági, os pós branco, vermelho e azul usados nos rituais e encantamentos. Curava os doentes e com o xaxará varria a peste para fora da casa, para que a praga não pegasse outras pessoas da família. Limpava as casas e aldeias com a mágica vassoura de fibras de coqueiro, seu instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro, oxaxará.
    Quando chegou em casa, Omolu curou os pais e todos estavam felizes. Todos cantavam e louvavam o curandeiro e todos o chamaram de Obaluaê, todos davam vivas ao Senhor da Terra,Obaluaê.



    BELA CAÇADORA



    Euá era uma caçadora de grande beleza, que cegava com veneno quem se atrevesse a olhar para ela.
    Euá casou-se com Omulú, que logo demonstrou ser marido ciumento.
    Um dia, envenenado pelo ciúme doentio.
    Omulú desconfiou da fidelidade da mulher e a prendeu num formigueiro.
    As formigas picaram Euá quase até a morte e ela ficou deformada e feia. Para esconder sua deformação, sua feiúra, Omulú então a cobriu com palha-da-costa vermelha.
    Assim todos se lembrariam ainda como Euá tinha sido uma caçadora de grande beleza.
    CABAÇAS
     Conta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de Xangô, teria ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obaluaiê. Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a Xangô. Iansã foi e lá e Obaluaiê recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora.

    I
    ansã ia muito apressada e não agüentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obaluaiê.
    Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para o céus. Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça. Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou: Reiiii! Na vez da terceira cabaça Xangô chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.


    CALMANTE



    Xapanã, originário de Tapa, leva seus guerreiros para uma expedição aos quatro cantos da terra. Uma pessoa ferida por suas flechas ficava cega, surda ou manca, Obaluaê-Xapanã chega ao território de Mahi no norte de Daomé, matando e dizimando todos os seus inimigos e começa a destruir tudo o que encontra a sua frente.
    Os Mahis foram consultar um Babalaô e o mesmo ensinou-os como fazer para acalmar Xapanã. OBabalaô diz que estes deveriam trata-lo com pipocas, que isso iria tranqüilizá-lo, e foi o que aconteceu. Xapanã tornou-se dócil.
    Xapanã contente com as atenções recebidas mandou construir um palácio onde foi viver e não mais voltou ao país Empê.



    CIDADE ESTRANHA



    Oxum conheceu o príncipe Odé, cuja a delicadeza e a finura a cativaram, acabaram se casando.
    O casamento foi muito festejado, mas assim que começaram a vida íntima, Oxum começou a compreender mais profundamente os pensamentos do esposo. Ele queria construir uma cidade destinada a abrigar odadis e alakuatás (homossexuais masculinos e femininos). Já erguida acidade, nasceu Logum, uma criança hermafrodita.
    Horrorizada Oxum abandonou a cidade dos odadis. O jovem ficou ali e foi o primeiro a ajudar Orunmilá.
    Enquanto isso Oxum faz uma viagem em busca de Iemanjá, irmã de sua mãe.


    Oxum ofereceu-se a sua irmã e aos sacerdotes Iorubás a ir buscar Ogum que estava recluso na mata desde a que perdera a disputa com Xangô por causa da Oiá.
    Retornando ao palácio de Iemanjá, depois da festa de boas vindas a Ogum, Oxum conheceu Obaluaiê, homem já de certa idade mas de aspecto majestoso e viril.
    Oxum e Obaluaiê casaram-se e partiram para a terra de jejes onde Obaluaiê era rei.




    CLAUSURA


    Euá, filha de Obatalá e Nanã, vivia em seu castelo como se estivesse numa clausura.
    O amor de Obatalá por ela era muito estranho.





    A fama da beleza e da castidade da princesa chegou a todas as partes, inclusive ao reino deXangô.
    Mulherengo como era, Xangô planejou como iria seduzir Euá.
    Empregou-se como jardineiro no palácio de Obatalá.
    Um dia Euá apareceu na janela e admirou-se de Xangô. Nunca havia visto um homem como aquele.
    Não se tem notícia de como Euá se entregou a Xangô, no entanto, arrependida de seu ato, pediu ao pai que lhe enviasse a um lugar onde nenhum homem lhe enxergasse.
    Obatalá deu-lhe o reino dos mortos.
    Desde então é Euá quem, no cemitério, entrega a Oiá os cadáveres que Obaluaiê conduz para que Orixá-Okô os coma.





    CONSAGRAÇÃO

    Omolú se dedicou a conhecer as ervas e assim poder curar as doenças de seu povo, se tornando o grande curandeiro dos enfermos acometidos por doenças da pele e por doenças que causam a grande febre do corpo e consomem com suas feridas os homens.
    Se sentindo seguro e como era muito aventureiro resolve caminhar pela terra e conhecer seu povo.




    Após uma longa jornada buscou a sombra de uma palmeira frondosa para descansar e adormeceu.
    Foi acordando com uma voz que queria saber o porquê de estar ali dormindo e se necessitava de algo.A vós que o acordou era de um homem já maduro e este era seu pai Oxalá, que não sabia de sua existência e os dois trocaram informações, Omolú ofereceu água e vinho de palma para Oxalá, e Oxalá ficou muito satisfeito com essa gentileza e a conversa se estendeu de forma que Oxalá ficou sabendo dos conhecimentos de Omolú, com relação a cura das doenças da pele.
    E, em baixo da palmeira, Oxalá consagrou Omolú, tornando-o assim Òbá Lú Aiyé,
    O Rei do Mundo, ou O Rei da Terra.





    DANÇARINA


    Certa vez houve uma festa com todos os Orixás presentes.
    Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele. Só Oiá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra.
    Tanto girava Oiá na sua dança que provocava vento.
    E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê.
    Para surpresa geral, era um belo homem.
    O povo o aclamou por sua beleza.
    Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato e em recompensa, dividiu com ela o seu reino.
    Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos.
    Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns.
    Oiá então dançou e dançou de alegria para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava , agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo.
    Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos.
    Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.
    DESCOBERTA


    Há quem diga que Oiá foi namorada de Obaluaê e conseguiu que ele mostrasse o rosto sob as palhas.
    Provocou um grande vento e o azê foi levantado.
    Ficou surpresa por que o rosto de Obaluaê era belíssimo. Obaluaê gosta muito de Oiá e de sua espontaneidade desinteressada.
    Ela é alegre, bonita, brejeira e generosa muitas vezes Oiá acompanha Euá em suas inúmeras viagens ao céu, rumo ao reino de Oxumarê, e em contrapartida Oiá é acompanhada pela Euá no transporte dos espíritos do aiê ao orun.








    DISFARCE

    Um dia em uma festa, onde Oiá a grande deusa dos ventos era homenageada, e todos se divertiam e dançavam, Omolú reparou em uma linda mulher que dançava graciosamente, fazendo movimentos sensuais e que ao vê-lo de longe, se encantou por ele e indo até ele o convidou a dançar.





    Omolú sem saber como reagir, tomou o caminho da mata, nesse momento Ogum seu irmão ao perceber o que estava acontecendo, correu mata à dentro e confeccionou um capuz com a palha encontrada na mata e fez Omolú colocá-lo.
    Se sentido seguro por ter o rosto coberto Omolú se aproximou de Oiá que o havia convidado para dançar e dançou junto com ela e ao verem como ele dançava muito bem os presentes se aproximavam para saber quem era aquele jovem que se escondia atrás daquele capuz de palha (azé).






    FUGA

    Xapanã sabendo-se leproso e que, por isto causava nojo e medo a todos que dele se aproximavam, procurava sempre se esconder, dando muito trabalho a Iemanjá para encontrá-lo.
    Iemanjá resolveu prender nas vestes de Xapanã, diversos chaurôs, que facilitava a sua localização.
    Por isto que quando se toca adejá, se por ventura estejam criança ocupada e dançando fingem, ou melhor, simulam uma fuga.





    IRRESISTÍVEL

    Xangô se considerava o máximo. Mulher nenhuma no mundo conseguia resistir aos seus encantos. Era o mais belo dos reis, rico e cheio de si.
    A fama da beleza de Euá corria mundo, e Ewá não era casada.
    Xangô resolveu a todo custo, seduzir Ewa, nem que tivesse de trabalhar de servo em seu palácio, e foi o que fez.
    Euá portadora de vidência e de premonição, previu a chegada em seu reino, de um grande senhor real que viria disfarçado de servo.
    Assim preparada, ficou imune ao charme do senhor do fogo qualquer mulher que olhasse Xangô nos olhos brilhantes de fogo, cairia apaixonada. Ewá prevenida não olhava nos olhos.
    O tempo foi passando e nada, Xangô irritado tentou possuí-la a força, a moça apavorada, mas muito valente deu uma mordida na mão de Xangô e soltou-se fugindo do palácio, com o rei disfarçado em seu encalço.
    Xangô, furioso e pondo fogo pela boca, estava cada vez mais perto, quando Euá avistou a porta do cemitério e entrou, o que fez com que o rei de Oió fugisse apavorado, mas a tempo de dizer-lhe que ainda a possuiria de qualquer forma.
    Cansada de tantas perseguições, Euá resolveu ficar residindo no Ilê Iboji, onde sempre estaria a salvo de Xangô, estabelecendo um grande relacionamento com Ikú.
    Casou-se com Omolú e tornou-se senhora dos cemitérios responsável pela transformação e distribuição de todos os elementos para a decomposição do cadáver.





    MUITOS AMORES





    Todos os Orixás presentes, ficam estupefatos com aquela beleza, principalmente Oxum, que se enche de inveja, mas agora é tarde, Xapana não quer mais dançar com ninguém.
    Em recompensa pelo gesto de Iansã, Xapana dá a ela o poder de também reinar sobre os mortos. Mas daquele dia em diante, Xapana declarou que somente dançaria sozinho.





    SOFRIMENTO

    Odé grande caçador entrou na mata com seu filho, Logunedé, ensinando-lhe a arte de caçar e manejar o arco e a flecha.
    Após inúmeras caçadas, Logunedé sentou-se embaixo de uma árvore para descansar.
    Nessa árvore pousou um pássaro e Odé preparou sua arma e atirou.
    Acertou em cheio pássaro e, também, uma colméia de abelhas. Elas foram cair justamente sobre a cabeça de Logunedé, que sem ter como se defender foi picado. 
    Odé vendo o desespero do filho correu a acudi-lo, sendo mordidas várias vezes.




    Conseguindo fugir, deitou seu filho em folhas frescas e, sem saber o que fazer pôs-se a chorar.
    Eis que o orixá Omolú vendo aquilo, parou e apiedou-se do estado de Logunedé, pois, a criança estava morrendo. Omolú tirou de sua capanga água de cana e gengibre, pilou e aplicou sobre os ferimentos, aliviando as dores. Após isto, fez o mesmo com Odé, curando-o completamente.
    Odé então lhe disse: Senhor dos aflitos ponho o meu reino a seus pés e toda a minha caça que daqui por diante eu conseguir, comeremos juntos.
    Omolú agradeceu e seguiu seu caminho.
    Então Odé jurou que nunca mais comeria o mel, pois, o mel o faria lembrar todo o sofrimento seu e de seu filho.






    VENTO
    Conta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de Xangô, teria ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obaluaiê.
    Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a Xangô.
    Iansã foi e lá Obaluaiê recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora.
    Iansã ia muito apressada e não agüentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obaluaiê.
    Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para os céus.
    Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça.
    Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou: Reiiii!
    Na vez da terceira cabaça Xangô chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.





    VIAGEM PREMIADA

    De volta de uma de suas viagens à África, Nanã buruquê deu a luz a um menino, Obaluaê. Por causa do feitiço usado por Nanã para engravidar, Omolu nasceu todo deformado. Desgostosa com o aspecto do filho, Nanã abandonou-o na beira da praia, para que o mar o levasse. Um grande caranguejo encontrou o bebê e atacou-o com as pinças, tirando pedaços da sua carne.




    Quando Omolu estava todo ferido e quase morrendo, Iemanjá saiu do mar e o encontrou. Penalizada, acomodou-o numa gruta e passou a cuidar dele, fazendo curativos com folhas de bananeira e alimentando-o com pipoca sem sal nem gordura até o bebê se recuperar. Então Iemanjá criou-o como se fosse seu filho.










    Obaluaiyê quer dizer "rei e dono da terra" sua veste é palha e esconde o segredo da vida e da morte. Está relacionado a terra quente e seca, como o calor do fogo e do sol - calor que lembra a febre das doenças infecto-contagiosas. O lugar de origem de Obalúayé é incerto, há grandes possibilidades que tenha sido em território Tapá (ou Nupê) e se esta é ou não sua origem seria pelo menos um ponto de divisão dessa crença. Conta-se em Ibadã (ver mapa), que Obalúayé teria sido antigamente o Rei dos Tapás. Uma lenda de Ifá confirma esta última suposição. Obalúayé era originário em Empê ( Tapá ) e havia levado seus guerreiros em expedição aos quatros cantos da terra. Uma ferida feita por suas flechas tornava as pessoas cegas, surdas ou mancas.

    OBALÚAYÉ representa a terra e o sol, aliás, ele é o próprio sol, por isso usa uma coroa de palha (AZÊ) que tampa seu rosto, porque sem ela as pessoas não poderiam olhar para ele. Ninguém pode olhar o sol diretamente. Esta forte mente relacionado os troncos e os ramos das árvores e transporta o axé preto, vermelho e branco. Sua matéria de origem é a terra e, como tal, ele é o resultado de um processo anterior. Relaciona-se também com os espiritos contidos na terra. O colar que o simboliza é o ladgiba, cujas contas são feitas da semente existente dentro da fruta do Igi-Opê ou Ogi-Opê, palmeiras pretas. Usa também bradga, um colar grande de cauris. OBALÚAYÉ é o patrono dos cauris e do conjunto dos 16 búzios, que reina do instrumento ao sistema oracular: o brendilogun, que lhe pertence. Seu poder está extraordinariamente ligado a morte. OBA significa Rei (Oni), ILU espíritos e AIYÊ significa terra, ou seja, Rei de Todos os Espíritos do Mundo. Ele lidera e detém o poder dos espíritos e dos ancestrais, os quais o seguem. Oculta sob o saiote o mistério da morte e do renascimento (o mistério do gênesis). Ele é a própria terra que recebe nossos corpos para que vire pó.

    OBALÚAYÉ mede a riqueza com cântaros, mas o povo esqueceu-se de sua riqueza e só se lembra dele como o Orixá da moléstia.
    Afirmam-se em registros bibliográficos ser Omolu e Obaluaiye um só Orixá em dois estágios: Obaluaiye (o Moço), significa o "Dono da Terra da Vida"; Omolu (o Velho) significa o "Filho-da-Terra". É o médico dos pobres; o senhor dos cemitérios. Usa o aze (capacete de pele da Costa) ou o filah (capuz de palha da Costa) e carrega na mão o xaxara (feixe de fibra de palmeira, enfeitado com búzios) Seu dia é a segunda-feira. Sua comida forte é o doburu (pipocas sem sal, coco fatiado e regado com mel). Registram-se 12 qualidades atribuídas a esse Orixá, que também é considerado o mais antigo do Panteão Afro, sendo as mais conhecidas: Sapata, Xapanan, Xankpanan, Babalu, Azoane, Ajagum, Ajunsun e Avimage. tranquilizando o guerreiro


    Era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste. Assim, chegou Xapanã em território Mahí, no Daomé. A terra dos Mahis abrangia as cidades de Savalú e Dassa Zumê. Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um adivinho. E assim ele falou: "Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê! Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera, chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá! É necessário que supliquem a Xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca! Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai, Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!"

    Quando Xapanã chegou, conduziu seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalú e Dassa Zumê reverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no: "Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!" "Respeito e Submissão!" Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: "Está bem! Eu os pouparei! Durante minhas viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora!" Xapanã instalou-se assim entre os Mahis. O país prosperou e enriqueceu e o Grande Guerreiro não voltou mais a Empê, no território Tapá, também chamado Nupê.

    Lendas Africanas dos Orixás de Pierre Fatumbi Verger e Carybé - Editora Currupio
    ... a vingança


    Por prudência, é preferível chamá-lo Obaluaê, o "Rei, Senhor da Terra" ou Omulú, o "Filho do Senhor". Quando Xapanã instalou-se entre os Mahis recebeu, em uma nova terra, o nome de Sapatá. Aí, também, era preferível chamá-lo Ainon, o "Senhor da Terra", ou, então, Jeholú, o "Senhor das pérolas". O fato de ser chamado Jeholú e Ainon causou mal-entendidos entre Sapatá e os reis do Daomé, pois eles também usavam estes títulos. Enciumados, os Jeholú de Abomey expulsaram, várias vezes, Jeholú Ainon do Daomé e obrigaram-no a voltar momentaneamente, à terra dos Mahis. Jeholú Ainon vingou-se: vários reis daomeanos morreram de varíola! Atotô!
    Lendas Africanas dos Orixás de Pierre Fatumbi Verger e Carybé - Editora Currupio

    ... o mel de Ósun

    Obaluaiê era muito mulherengo e não obedecia a nenhum mandamento que fosse. Numa data importante, Orunmilá advertiu-o que se abstivesse de sexo, o que ele não cumpriu. Naquele mesmo dia possuiu uma de suas mulheres.
    Na manhã seguinte despertou com o corpo coberto de chagas. Suas mulheres pediram a Orunmilá que intercedesse junto a Olodumare, mas este não perdoou Obaluaiê, que morreu em seguida.
    Orunmilá usando o mel de Osun, despejou-o por sobre todo o palácio de Olodumare. Este, deliciado, perguntou a Orunmilá quem havia despejado em sua casa tal iguaria. Orunmilá disse-lhe que havia sido uma mulher. Todas as divindades femininas foram chamadas, mas faltava Osun, que confirmou ao chegar que era seu aquele mel. Olodumare pediu-lhe mais, ao que Osun lhe fez uma proposta. Osun daria a ele todo o mel que quisesse, desde que ressuscitasse Obaluaiê. Olodumare aceitou a condição de Osun, e Obaluaiê saiu da terra vivo e são.


    ... o belo


    Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Omulu viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os Orisás. Omulu não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ogum, ao perceber a angústia do Orisá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos.
    Apesar de envergonhado, Omulu entrou, mas ninguém se aproximava dele. Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho. Ela compreendia a triste situação de Omulu e dele se compadecia. Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão. O xirê estava animado.
    Os Orisás dançavam alegremente com suas equedes. Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de palha, levantou-lhe as palhas que cobriam sua pestilência. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Omulu pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Omulu, o deus das doenças, transformara-se num jovem, num jovem belo e encantador.
    Omulu e Iansã Igbalé tornaram-se grandes amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos dos mortos, partilhando o poder único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens.



    PERFIL DO ORIXÁ

    Esta pesquisa se dedica ao Orixá da Doença ou Orixá da Varíola. Ambos os nomes surgem quando nos referimos à esta figura, seja Omolu seja Obaluaê. Para a maior parte dos devotos do Candomblé e da Umbanda, os nomes são praticamente intercambiáveis, referentes a um mesmo arquétipo e, correspondentemente, uma mesma divindade. Já para alguns babalorixás, porém, há de se manter certa distância entre os dois termos, uma vez que representam tipos diferentes do mesmo Orixá.
    São também comuns as variações gráficas Obaluaê , Abalaú, Obaluaiê e Abaluaê .
    Em termos mais estritos, Obaluaê é a forma jovem do Orixá Xapanã , enquanto Omolu é sua forma velha. Como porém, Xapanã é um nome proibido tanto no Candomblé como na Umbanda, não devendo ser mencionado pois pode atrair a doença inesperadamente, a forma Omolu é a que mais se popularizou e acabou sendo confundida não apenas com a forma mais velha do Orixá, mas com sua essência genérica em si. Esta distinção se aproxima da que existe entre as formas básica de Oxalá: Oxalá (o Crucificado), Oxaguiã a forma jovem e Oxalufã a forma mais velha.
    A figura de Omolu-Obaluaê, assim como seus mitos, é completamente cercada de mistérios e dogmas indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica vibratória do Orixá tanto o poder de causar a doença como o de possibilitar a cura do mesmo mal que criou.
    Em algumas narrativas mais tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original da divindade se referia ao deus da varíola , tal visão porém, nos parece uma evidente limitação. A varíola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente pôr ser a epidemia mais devastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original africana, onde surgiu Omolu-Obaluaê, o Daomé.
    Assim, sombrio e grave como Iroco, Oxumarê (seus irmãos) e Nanã (sua Mãe), Omolu-Obaluaê é uma criatura da cultura jeje, posteriormente assimilada pelos iorubas. Enquanto os Orixás iorubanos são extrovertidos, de têmpera passional, alegres, humanos e cheios de pequenas falhas que os identificam com os seres humanas, a figuras daomeanas estão mais associadas a uma visão religiosa em que distanciamento entre deuses e seres humanos é bem maior. Quando há aproximação, há de se temer, pois alguma tragédia está para acontecer, pois os Orixás do Daomé são austeros no comportamento mitológico, graves e conseqüentes em suas ameaças.
    A visão de Omolu-Obaluaê é a do castigo. Se um ser humano falta com ele ou um filho-de-santo seu é ameaçado, o Orixá castiga com violência e determinação, sendo difícil uma negociação ou um aplacar , mais prováveis nos Orixás iorubas.
    Pierre Verger, nesse sentido, sustenta que a cultura do Daomé é muito mais antiga que a ioruba, o que pode ser sentido em seus mitos: A antiguidade dos cultos de Omolu- Obaluaê e Nanã (Orixá feminino), freqüentemente confundidos em certas partes da África, é indicada por um detalhe do ritual dos sacrifícios de animais que lhe são feitos. Este ritual é realizado sem o emprego de instrumentos de ferro, indicando que essas duas divindades faziam parte de uma civilização anterior à Idade do Ferro e à chegada de Ogum .
    Como parte do temor dos iorubas, eles passaram a enxergar a divindade (Omolu-Obaluaê) mais sombria dos dominados como fonte de perigo e terror, entrando num processo que podemos chamar de malignidade de um Orixá do povo subjugado, que não encontrava correspondente completo e exato (apesar da existência similar apenas de Oçanhe). Omolu-Obaluaê seria o registro da passagem de doenças epidêmicas, castigos sociais , já que atacariam toda uma comunidade de cada vez.
    Existe uma grande variedade de tipos de Omolu-Obaluaê, como acontece praticamente com todos os Orixás. Existem formas guerreiras e não guerreiras, de idades diferentes, etc., mas resumidos pelas duas configurações básicas do velho e do moço. A diversidade de nomes pode também nos levar a raciocinar que existem mitos semelhantes em diferentes grupos tribais da mesma região, justificando que o Orixá é também conhecido como Skapatá, Omolu Jagun, Quicongo, Sapatoi, Iximbó, Igui.






    CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OMOLU-OBALUAÊ


    Ao senhor da doença é relacionado um arquétipo psicológico derivado de sua postura na dança: se nela Omolu-Obaluaê esconde dos espectadores suas chagas, não deixa de mostrar, pelos sofrimentos implícitos em sua postura, a desgraça que o abate. No comportamento do dia-a-dia, tal tendência se revela através de um caráter tipicamente masoquista.
    Pierre Verger define os filhos de Omolu como pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida corre tranqüila para elas. Podem até atingir situações materiais e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. São pessoas que, em certos casos, se sentem capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais.
    No Candomblé, como na Umbanda, tal interpretação pode ser demais restritiva. A marca mais forte de Omolu-Obaluaê não é a exibição de seu sofrimento, mas o convívio com ele. Ele se manifesta numa tendência autopunitiva muito forte, que tanto pode revelar-se como uma grande capacidade de somação de problemas psicológicos (isto é, a transformação de traumas emocionais em doenças físicas reais), como numa elaboração de rígidos conceitos morais que afastam seus filhos-de-santo do cotidiano, das outras pessoas em geral e principalmente os prazeres. Sua insatisfação básica, portanto, não se reservaria contra a vida, mas sim contra si próprio, uma vez que ele foi estigmatizado pela marca da doença, já em si uma punição.
    Em outra forma de extravasar seu arquétipo, um filho do Orixá , menos negativista, pode apegar-se ao mundo material de forma sôfrega, como se todos estivessem perigosamente contra ele, como se todas as riquezas lhe fossem negadas, gerando um comportamento obsessivo em torno da necessidade de enriquecer e ascender socialmente.
    Mesmo assim, um certo toque do recolhimento e da autopunição de Omolu-Obaluaê serão visíveis em seus casamentos: não raro se apaixonam por figuras extrovertidas e sensuais (como a indomável Iansã, a envolvente Oxum, o atirado Ogum) que ocupam naturalmente o centro do palco, reservando ao cônjuge de Omolu-Obaluaê um papel mais discreto. Gostam de ver seu amado brilhar, mas o invejam, e ficam vivendo com muita insegurança, pois julgam o outro, fonte de paixão e interesse de todos.
    Assim como Oçanhe, as pessoas desse tipo são basicamente solitárias. Mesmo tendo um grande círculo de amizades, freqüentando o mundo social, seu comportamento seria superficialmente aberto e intimamente fechado, mantendo um relacionamento superficial com o mundo e guardando sua intimidade ara si própria. Não raro são pessoas que julgam. Ter características detestáveis, que vivem criticando, motivo de vergonha. O filho do Orixá oculta sua individualidade com uma máscara de austeridade, mantendo até uma aura de respeito e de imposição, de certo medo aos outros. Pela experiência inerente a um Orixá velho, são pessoas irônicas. Seus comentários porém não são prolixos e superficiais, mas secos e diretos, o que colabora para a imagem de terrível que forma de si próprio.
    Um último, mas importante detalhe; em diversas de suas lendas, o Orixá da varíola é apresentado como uma divindade que perdeu uma perna. Isso se refletiria em seus filhos como um defeito congênito em uma das pernas ou a tendência a sofrer, durante sua vida, por um problema de relativa gravidade em seus membros inferiores, a partir de quedas ou desastres que podem ou não ser curados e ultrapassados.

    folhas de Omolu ou Obaluaiê – Ervas de Osae -
    Ewe Orixa. 
    Este ditado yoruba diz que: Ko si ewe Ko si orixa, Tradução: sem folha não há Orixá Ervas Orixa Obaluaiêou Ewe, folhas, plantas utilizadas dentro do culto Yoruba como o Candomblé, os Olossain, culto a Ifá, etc...

    Agoniada:
     Faz parte de todas as obrigações do deus das endemia e epidemias. Utilizada no ebori, nas lavagens de contas e na iniciação. Esta erva purifica os filhos-de-santo, deixando-os livres de fluidos negativos. Na medicina popular, a mesma é usada para corrigir o fluxo menstrual e combate asma.

    Alamanda:
     Não é utilizada em obrigações, sendo empregada somente em banhos de descarrego. Na medicina caseira ela é usada para tratar doenças da pele: sarna (coceiras), eczema e furúnculos. Para usar é necessário que se cozinhe as folhas, e coloque chá de folhas sobre a doença.

    Alfavaca-roxa:
     Empregada em todas as obrigações de cabeça e nos abô dos filhos deste orixá. Muito usada em banhos de limpeza ou descarrego. A medicina caseira usa seu chá em cozimento, para emagrecer.

    Alfazema :
     Empregada em todas as obrigações de cabeça. É aplicada nas defumações de limpeza, usada também na magia amorosa em forma de perfume. A medicina popular dita grandes elogios a esta erva, pois ela é excelente excitante e antiespasmódica. É usada, também, como reguladora da menstruação. Somente é aplicada como chá.

    Babosa: 
    Muito usada em rituais de Umbanda, mais especificamente em defumações pessoais. Para que se faça a defumação, é necessário queimar suas folhas depois de secas. Isso leva um certo tempo, devido a gosma abundante que há na babosa. A defumação é feita após o banho de descarrego. Para a medicina caseira sua gosma é de grande eficácia nos abscessos ou tumores, além de muitas outras aplicações.

    Araticum-de-areia – Malolô:
     Liturgicamente, os bantos a usam nos banhos de descarrego, em mistura de outra erva. A medicina caseira indica a polpa dos frutos para resolver tumores e o cozimento das folhas no tratamento do reumatismo.

    Arrebenta cavalo: 
    No uso ritualístico esta erva é empregada em banhos fortes do pescoço para baixo, em hora aberta. É também usado em magias para atrair simpatia. Não é usada na medicina caseira.

    Assa-peixe: 
    Usada em banhos de limpeza e nos boris. Na medicina popular ela é aplicada nas afecções do aparelho respiratório em forma de xarope.

    Musgo: 
    Aplicada em todas as obrigações de cabeça referentes a qualquer orixá. A medicina caseira aconselha a aplicação do suco no combate às hemorroidas (uso tópico).

    Beldroega:
     Usada nas purificações das pedras de orixá e, principalmente as de Exu. O povo usa suas folhas socadas para apressar a cicatrização das feridas, colocando-as por cima.

    Canena Coirana: 
    Vegetal de excelente aplicação litúrgica, pois entra em todas as obrigações. O povo a tem como excelente estimulante do fígado.

    Capixingui:
     Empregada em todas as obrigações de cabeça, nos abô, nos banhos de purificação e limpeza e, também nos sacudimentos. O povo afirma que o capixingui tem bons efeitos no reumatismo e no artritismo nos sacudimentos. O povo afirma que o capixingui tem bons efeitos no reumatismo e no artritismo nos sacudimentos. O povo afirma que o capixingui tem bons efeitos no reumatismo e no artritismo nos sacudimentos. O povo afirma que o capixingui tem bons efeitos no reumatismo e no artritismo (reumatismo articular) utilizado em banhos, mais ou menos quentes, colocando-se nas juntas doloridas.

    Cipó-chumbo: 
    Sem uso na liturgia, porém muito prestigiada na medicina popular, como xarope debela tosses e bronquites; seu chá é muito eficaz no combate a diarréias sanguinolentas e à icterícia; seco e reduzido a pó, cicatriza feridas rebeldes.

    Carobinha do Campo: 
    Em alguns terreiros essa planta faz parte do ariaxé. A medicina caseira indica o chá de suas folhas para combate coceiras no corpo e, principalmente coceira nas partes genitais.

    Cordão de Frade: 
    É aplicada somente em banhos de limpeza e descarrego dos filhos deste orixá. O povo a indica para a cura da asma, histerismo e pacificador dos nervos. Também combate a insônia.

    Cebola do mato: 
    Sem uso ritualístico. A medicina caseira afirma que o cozimento de suas folhas apressa a cicatrização de feridas rebeldes.

    Celidônia maior:
     Não possui uso ritualístico. É indicada pela medicina caseira como excelente medicamento nas doenças dos olhos, usando a água do cozimento da planta para banhá-los. Seu chá também é de grande eficácia para banhar o rosto e dar fim às manchas e panos branco.

    Coentro: 
    Muito aplicada como adubo ou condimento nas comidas do orixá, principalmente na carne e no peixe. Não é empregada nas obrigações ritualísticas. A medicina caseira indica esta erva como reguladora das funções digestivas e eliminadora de gases intestinais.
    Cotieira: 
    Não sabemos ao certo se esta erva tem aplicação ritualística. Na medicina caseira ela é estritamente de uso veterinário. Muito aplicada em cães para purgar e purificar feridas

    Erva-Moura: 
    Esta erva faz parte dos banhos de limpeza e purificação dos filhos do orixá. Seu uso popular é como calmante, em doses de uma xícara das de café, duas a três vezes ao dia. Essa dose não deve ser aumentada, de modo algum, pois em grande quantidade prejudica. As folhas tiradas do pé, depois de socadas, curam úlceras e feridas.

    Estoraque Brasileiro: 
    Sua resina é colhida e reduzida a pó. Este pó, misturado com benjoim, é usado em defumações pessoais. Essa defumação destina-se a arrancar males. O povo aconselha o pó desta no tratamento das feridas rebeldes ou ulcerações, colocando o mesmo sobre as lesões

    Figo Benjamim: 
    Erva muito usada na purificação de pedras ou ferramentas e na preparação do fetiche de Exu. Empregada, também, em banhos fortes para pôr fim a padecimentos de pessoa que esteja sofrendo obsidiação ou obsessão. O povo aplica o cozimento das folhas para tratar feridas rebeldes, e banhos para curar o reumatismo.


    Hortelã brava: 
    Empregada em obrigações de ori, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos deste orixá. O uso caseiro é utilizada para combater o veneno de cobras, lacraias e escorpiões. É eficaz contra gases intestinais, dores de cabeça e como diurético. É perfeita curadora de coceiras rebeldes e tiro acertado nos catarros pulmonares, asma e tosse nervosa, rebelde.

    Guararema:
     Em terreiros de Umbanda e Candomblé ela é aplicada em banhos fortes e nos descarrego. Os galhos da erva são usados em sacudimentos domiciliares. Os banhos fortes a que nos referimos são aplicados em encruzilhadas – na encruzilhada em que se tomar o banho arria-se um mi-ami-ami, oferecido a Exu. E deve ser feito em uma encruzilhada tranquila É um banho de efeitos surpreendentes. Na medicina caseira esta erva é utilizada para exterminar abscessos, tumores, socando-se bem as folhas e colocando-as sobre a tumorização. O cozimento das folhas é eficaz no tratamento do reumatismo. Em banhos quentes e demorados, de igual sorte também cura hemorroidas.

    Jenipapo: 
    As folhas servem para banhos de descarrego e limpeza. A medicina caseira aplica o cozimento das cascas no tratamento das úlceras, o caldo dos frutos é combatente de hidropsia.

    Jurubeba: 
    Somente usada em obrigações com objetivo de descarrego e limpeza. Suas folhas e frutos permitem o bom funcionamento do fígado e baço, garante a sabedoria popular. Debela e previne hepatite com ou sem edemas.

    Mangue Cebola:
     É usado apenas em sacudimentos domiciliares, utilizando o fruto, a cebola. Procede-se assim: corta-se a cebola em pedaços miúdos e, cantando-se para Exu, espalha-se pela casa, nos recantos, e sob os móveis. O povo usa a cebola, fruto do mangue, esmagada sobre feridas rebeldes.

    Mangue vermelho: 
    Usa-se apenas as folhas, em banhos de descarrego. O povo a indica como excelente adstringente que possui alto teor de tanino. Muito eficaz no tratamento das úlceras e feridas rebeldes, aplicando o cozimento das folhas em compressas ou banhando a parte lesada.

    Manjericão-roxo:
     Empregado nas obrigações de ori dos filhos pertencentes ao orixá das endemias. Colhido e seco, sua folha previne contra raios e coriscos em dias de tempestades, usando o defumador. Também é usada como purificador de ambiente. Não possui uso na medicina popular.

    Panaceia: 
    Entra nas obrigações de ori e banhos de descarrego ou limpeza. O povo a aponta como poderoso diurético e de grande eficácia no combate à sífilis, usando-se o chá. É indicada também no tratamento das doenças de pele, darros, eczemas e ainda debela o reumatismo, quando usada em banhos.

    Picão da praia: 
    Apenas na Bahia ouvimos falar que esta planta pertence a Obaluaiê. Não conhecemos seu uso ritualístico. A medicina popular dá-lhe muito prestígio como diurético e eficaz nos males da bexiga. Usada como chá.

    Piteira imperial:
     Seu uso se limita às defumações pessoais, que são feitas após o banho. A medicina popular utiliza as folhas verdes, em cozimento, para lavar feridas rebeldes, aproximando a cura ou cicatrização.

    Quitoco:
     Usada em banhos de descarrego ou limpeza. Para a medicina popular esta erva resolve males do estômago, tumores e abscessos. Internamente é usado o chá, nos tumores aplica-se as folhas socadas. Muito utilizada nas doenças de senhoras.

    Sabugueiro:
     Não possui uso ritualístico. É decisiva no tratamento das doenças eruptivas: sarampo, catapora e escarlatina. O cozimento das flores é excelente para a brotação do sarampo.

    Sumaré:
     Não tem aplicação ritualística ou obrigações litúrgicas. Porém possui grande prestígio popular, devido ao seu valor curativo, promovendo com espantosa rapidez a abertura de tumores de qualquer natureza, pondo fim às inflamações. É empregado contra furúnculos, panarícios e erisipelas, regenerando o tecido atacado por inflamações de qualquer origem.

    Trombeteira branca:
     Não possui nenhuma aplicação nas obrigações de cabeça. Apenas é usada nos banhos de limpeza dos filhos do orixá da varíola. Seu uso na medicina popular é pouco freqüente. Aplica-se apenas nos casos de asma e bronquite.

    Urtiga-mamão:
     Aplicada em banhos fortes, somente em casos de invasão de eguns. O banho emprega-se do pescoço para baixo. Esse banho destrói larvas astrais e afasta influências perniciosas. O povo indica esta erva na cura de erisipela, usando um algodão embebido do leite da planta. O chá de suas folhas debela males dos rins.

    Velame do campo: 
    Vegetal utilizado em todas as obrigações principais: ebori, simples ou completo. Indispensável na feitura de santo e nos abô dos filhos do orixá. Na medicina caseira o velame é utilizado como anti-sifilítico e anti-reumático.

    Velame verdadeiro:
     Possui plena aplicação em quaisquer obrigações de cabeça e nos abô. Usada também nos sacudimentos. A medicina do povo afirma ser superior a todos os depurativos existentes, além de energético curador das doenças da pele.

    Erva-de-passarinho – Ewe afomom
    Patinho roxo – Ewe kankanesin
    Baba-de-boi – Ewe Tó
    Sete sangrias – Ewe amun
    Jinipao – Ewe bujê
    Rabujo – Ewe apejebi
    Cantiga da Folha Ewe Afomom:
    È n ma kaxá go le sin,
    È n ma kaxá go le sin,
    Afomon ki bi kan,
    È n ma kaxá go le sin egé,






    Outra lenda conta: 

    • Ypondá e Opará disputavam o mesmo amor. Em um determinado dia, Ypondá deu-se conta de que os olhos de Opará brilhavam muito quando avistava Erinlé, o Odé preferido de Ypondá.
      Ypondá muito faceira e perigosa, andava sempre armada com seu par de fisgas (espécie de arpão), chamou Opará até próximo a ela e pediu que se ajoelhasse Opará sem entender cumpriu o que a Osun mais velha solicitou, nesta fase Opará era uma espécie de dama de companhia de Ypondá. Opará muito jovem e bela sempre afoita e guerreira ficava sempre sentada aos pés de Ypondá ao abaixar-se Ypondá fisgou-lhe as duas vistas e arrancou fora tornando-se então Opará a Osun cega por isso dentro de seu Igbá põe-se um par de olhos.Onira revoltada com tal situação tenta comprar a briga de Opará, lançando raios contra Ypondá, e queimando os pés de minha senhora, Ypondá por sua vez muitíssimo inteligente mira o abebé dela contra os raios de Oyá e a cega também desde então Opará e Oyá guiam-se uma a outra, fazem companhia, sao inseparáveis. A esta Oya damos o nome de Onira que é uma Oya Olodo (ou seja das águas) mas veja bem existem dois caminhos de Opará: Opará Hubjebé a que vem com Oyá Opará Akurálonà, a que vem com Ogun.

OXUM ROUBA O SEGREDO DE EXÚ SOBRE IFÁ


Filha de Oxalá, Oxum sempre foi uma moça muito curiosa, bisbilhoteira, interessada em aprender de tudo. Como sempre fora mimosa e manhosa, além de muito mimada, conseguia tudo do pai, o deus da brancura. Sempre que Oxalá queria saber de algo, consultava Ifá. O Senhor da adivinhação, para que ele visse o destino a ser seguido. Ifá, por sua vez, sempre dizia à Oxalá:

- Pergunte a Exu, pois ele tem o poder de ver os búzios!
E este acontecimento se repetia a cada vez que Oxalá precisava saber de algo. Isto intrigou Oxum, que pediu ao pai para aprender a ver o destino. E Oxalá disse à filha:
- Oxum, tal poder pertence a Ifá, que proporcionou a Exu o conhecimento de ler e interpretar os búzios. Isto não pode lhe dar!
Curiosa Oxum procurou, então, uma saída. Sabia que o segredo dos búzios estava com Exu e procurou-o para lhe ensinasse.
- Ensina-me, Exu! Eu também quero saber como se vê o destino.
Ao que Exu respondeu:
Não, não! O segredo é meu, e me foi dado por Ifá. Isso eu não ensino!
Exu estava intransigente. Oxum sabia disso e sabia que não conseguiria não conseguiria nada com ele. Partiu, então, para a floresta, onde viviam as feiticeiras Yámi Oxorongá. Cuidadosa, foi se aproximando pouco a pouco do âmago da floresta. Afinal, sua curiosidade e a decisão de desbancar Exu eram mais fortes que o medo que sentia.
Em dado momento deparou-se com as Yámi, empoleiradas nas árvores. Entre risos e gritos alucinantes, perguntaram À jovem Oxum:

- O que você quer aqui mocinha?
- Gostaria de aprender a magia! Disse Oxum, em tom amedrontado.
- E por que quer aprender a magia?
- Quero enganar Exu e descobrir o segredo dos búzios!
As Yámi, há muito querendo “pegar Exu pelo pé”, resolveram investir na jovem Oxum, ensinando-lhe todo o tipo de magia, mas advertiram que, sempre que Oxum usasse o feitiço, teria que fazer-lhes uma oferenda. Oxum concordou e partiu.
Em seu reino, Oxalá já se preocupava com a demora da filha que, ao chegar, foi diretamente ao encontro de Exu. Ao encontrar-se com este, Oxum insistiu:

- Ensina-me a ver os búzios, Exu?
- Não e não! Foi sua resposta.
Oxum, então, com a mão cheia de um pó brilhante, mandou que Exu olhasse e adivinhasse o que tinha escondido entre os dedos. Exu chegou perto e fixou o olhar. Oxum, num movimento rápido, abriu a mão e soprou o pó no rosto de Exu, deixando-o temporariamente cego.
- Ai! Ai! Não enxergo nada, onde estão meus búzios? Gritava Exu.
Oxum, fingindo preocupação e interesse em ajudar, perguntou a Exu:
- Eu os procuro, quantos búzios, formam o jogo?
- Ai! Ai! São 16 búzios. Procure-os para mim, procure-os!
- Tem certeza de que são 16, Exu? E por que seriam 16?
- Ora, ora, porque 16 são os Odus e cada um deles fala 16 vezes, num total de 256.
- Ah! Sei. Olha, Exu, achei um, ele é grande!
- É Okanran! Ai! Ai! Não enxergo nada!
- Olha, achei outro, é menorzinho.
- É Eji-okô, me dê, me dê!
- Ih! Exu,. Achei um compridinho!
 E Etá-Ogundá, passa para cá....
E assim foi , até chegar ao ultimo Odu, Inteligente, oxum guardou o segredo do jogo e voltou ao seu reino. Atrás de si, deixou Exu com os olhos ardidos e desconfiados de que fora enganado.
- Hum! Acho que essa garota me passou para trás!
No reino de Oxalá, Oxum disse ao seu pai que procurara as Yámi, que com elas aprendera a arte da magia e que tomara de Exu o segredo do Jogo de Búzios. Ifá, o Senhor da adivinhação, admirado pela coragem e inteligência de Oxum, resolveu dar-lhe, então, o poder do jogo e advertiu que ela iria regê-lo juntamente com Exu.
Oxalá quis saber ao certo o porquê de tudo aquilo e pediu explicações à filha. Meiga, Oxum respondeu ao pai:
- Fiz tudo isso por amor ao Senhor, meu pai. Apenas por amor!
“Ora Yê Yê, amor.... Ora Yê Yê, Oxum..."

A DESAVENÇA DE OXUM COM OBÁ




Oxum, Iansã e Obá eram esposas de Xangô. 
Muitos dizem que Oxum enganou Obá e a induziu a cortar a orelha e colocá-la no amalá de Xangô, criando, com isso, uma grande desavença entre ambas. Mas, na verdade, Obá apenas cortou sua orelha para provar seu amor a Xangô. Muitos difundiram este mito porque Oxum é a orixá da beleza e da juventude, ao passo que Obá tem mais idade e protege as mulheres dignas, idosas e necessitadas, além de trabalhar com Nanã.
Quem afirmar que há uma desavença entre Oxum e Obá e que esta é a menos amada por Xangô está totalmente enganado, porque Obá é aquela mulher que fica ao lado do marido e que mais recebe o amor dele.
Quanto ao fato de algumas qualidades lutarem entre si, não é por causa da "desavença", que nem é verdadeira, e sim porque as qualidades fazem uma representação de conflitos e guerras do tempo em que tais qualidades estavam na Terra.
Do mesmo jeito que, se houver uma qualidade de Iansã que, quando viveu na Terra, teve uma guerra com Ogum, quando ambos incorporarem, representarão uma luta entre si, para mostrar que possuíam certa desavença, e um pouco da história do mundo. Vale lembrar que estamos falando dos ORIXÁS OBÁ E OXUM, e não de suas qualidades (caminhos).
Os orixás tiveram uma história aqui na Terra, e as qualidades, outra. Então, se Iansã tiver um conflito com Ogum, não podemos dizer que a Iansã (ORIXÁ) tem conflito com o Ogum (ORIXÁ), porque quem tem a desavença são suas qualidades, e não os orixás entre si.


OXUM E O CONSELHO DOS ORIXÁS

A lenda conta que: “Quando todos os orixás chegaram a terra, organizaram reuniões onde as mulheres não eram admitidas. Oxum ficou aborrecida por ser posta de lado e não poder participar de todas as deliberações. Para se vingar, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a resultados favoráveis.
Desesperados, os orixás dirigiram-se a Olodumaré e explicaram-lhe que as coisas iam mal sobre a terra, apesar das decisões que tomavam em suas assembléias.
Olodumaré perguntou se Oxum participava das reuniões e os orixás responderam que não. Olodumaré explicou-lhes então que, sem a presença de Oxum e do seu poder sobre a fecundidade, nenhum de seus empreendimentos poderia dar certo.
De volta a terra, os orixás convidaram Oxum para participar de seus trabalhos, o que ela acabou por aceitar depois de muito lhe rogarem. Em seguida, as mulheres tornaram-se fecundas e todos os projetos obtiveram felizes resultados”.

OXUM IPETU

YEYE PETU (IPETU) é uma Oxum de culto muito antigo, no interior da floresta, na nascente dos rios, ligada a Ossaiyn e principalmente a Oyá dada a sua ligação com Egun.
Qualidade de Oxum que divide o mesmo Ori com Yansã. Gosta do cobre. Encaminha a Olorum os eguns dos afogados usando a coluna de água formada pelos ventos de sua porção Yansã.
Senhora do ibossé. Tem o domínio sobre o odor físico e material. Tem como símbolo o cheiro de abô e odores em geral.


OXUM KARÊ

Oxum nesta fase está ligada na interação de Ode Ibualamo, seu pai, o grande caçador, e sempre o acompanha nas caças pelas selvas. Karê é uma Oxum jovem, também ligada a Logunede, seu meio irmão.
Ela usa dois keles, um dourado e outro azul claro de Oxóssi e como detalhe um ofá pequeno, junto com braceletes, idés, búzios ...

Sua origem:
Kare é filha de Yemanjá com Odé Ibualamo, porém antes de se casar com Yemanjá, Ybualamo viveu com Oxum Yponda e deste casamento nasceu Logum Ede, porém existem também outras iton que contam que tanto Oxum Karê como Odé Karê seriam filhos somente de Yemanjá, nascidos de uma jogada errada de um obi.

Vamos ao iton:
Iyemanjá passeava pelas matas quando avistou de longe o pequeno Logun Edé. Ela ficou por horas admirando a beleza do pequenino.
Foi até Orumilá, dizendo que queria ter um filho que fosse tão belo quanto ele. O sábio lhe disse que a criança era mágica e encantada, pois era fruto da união e do amor de seus pais.
Da mesma forma Iyemonjá estava enlouquecida querendo ter um filho com tal encanto. Orumilá lhe disse que ela deveria pegar um obi, passá-lo no ventre e logo após jogar nas águas. E assim a rainha do mar foi até as águas mais belas e límpidas, passou o obi em seu ventre, mais na hora de jogar na cachoeira, ela atirou errado e o obi caiu em cima de uma pedra, que o dividiu ao meio, metade aindo nas águas e a outra metade no mato.
E passando – se 9 meses, Iyemanjá deu a luz a um casal de gêmeos, e deu- lhes o nome de Oxum Karê e Odé Karê, e ambos eram tão belos e encantados como Logun Edé.
As crianças cresceram travessas, Oxum se vestia como Odé, e Odé como Oxum, e por isso ninguém nunca sabia quem era quem. Aprenderam a arte da caça, por isso ambos levam o ofá ( arco e flecha ).
Em sua aldeia, quando estava na temporada de caça, Oxum Karê ao invés de ficar lá com as mulheres preparando a colheita e a lenha, ela ia para as longas caçadas com seu irmão e com os demais caçadores de sua aldeia.
Odé ao invés de caçar apenas nas matas com os outros, passou a se embrenhar pelos rios e cachoeiras se tornando junto dela um ótimo pescador...
Assim o desejo de yemonjá se realizou, pois Orumilá lhe deu dois encantos caçadores das águas! Até hoje muitos acreditam que certa vez houve uma grande seca, acabando com os rios e animais, e por tamanha tristeza os Karê’s tornaram-se um só, juntando assim o obi novamente... Por isso os filhos de Karê são doces como Oxum e destemidos como Oxossi, por que são orixás individuais, mais quando necessário tornam – se uma só força, uma só magia, um só encanto!

OXUM ODO

Este tipo de OXUM, reina nas nascentes dos rios. A yawô dessa qualificação deve ser coberto com Alá e dentro do seu ibá cinco ovas de peixe. No fim do Orô, lava-se imediatamente o yawô ainda virado. Essa demarcação tem kizilas de ejé.
É a Mãe das Ancestres; sendo muito parecida com Yemanjá. Veste branco e azul. Come com Oxalá e Yemanjá. Senhora dos perdões. Nas nascentes dos rios reside Yèyé Odó.

OXUM - YPONDÁ (PONDÁ)
Yeye Yponda 

(esposa de Oxóssi Ibualama, guerreira e porta um leque)

Rainha na cidade de Pondá, dona do rio Pondá, Yeye Ipondá rivaliza com yeye Opará quando seus rios se encontram.
Yeye Ipondá é guerreira, vaidosa ao excesso, aponta sua espada para qualquer um e desafia o intruso. Muito ligada a Owárìs e Igbòálàmà, adora roupas douradas c/ branco e não responde no jogo mais de uma vez, ou seja, se ela responder entenda rápido pois ela não repetirá o que já respondeu. Se irrita ao ser puxada numa roda de candomblé, gosta de ser a primeira se tiver outra Oxum na sala e conte com ela sempre quando se tratar de uma criança. Não perdoa um filho que não respeita ou quebra os seus preceitos e sua liturgia.
Ponda ou Ypondá ou Pandá: Esposa de Oxossi Ibualama. Porta um leque. É Mãe de Logun-Edé e com sua espada guerreia bravamente. Vive no mato com seu marido. Veste amarelo-ouro e azul-claro na barra da saia. Relacionada ao fogo e aos cemitérios, tem ligação com Egun. A pata é a sua maior quizila, seu bicho de fundamento é a tartaruga. É uma jovem da cidade de Iponda. Tem ligação com Ogum, Oyá, Oxossi e Oxaguiã. Come com Iyemonjá e Oxalá. Alguns dizem ser companheira de Omulu, muito feiticeira tendo ligação com o fogo.

ERVAS DE OXUM 

Abiu-abieiro: 

Sem uso na liturgia, tem folhas curativas; a parte inferior destas, colocadas nas feridas, ajudam a superar; se inverter a posição da folhas, a cura será apressada. A casca da árvore cozida tem efeito cicatrizante.

Agrião-do-Pará – Jambuaçu: 
É usado nas obrigações de cabeça e nos abô, para purificação de filhos; como axé nos assentamentos da deusa de água doce. A medicina caseira usa-o para combater tosses e corrigir escorbuto (carência de vitamina C). É, também, excitante.
"Ai Ei Eiô, Mamãe Oxum"
Oxum é o nome de um rio em Oxogbo, região da Nigéria. É ele considerado a morada mítica da Orixá. Apesar de ser comum a associação entre rios e Orixás femininos da mitologia africana, Oxum é destacada como a dona da água doce e, por extensão, de todos os rios. Portanto seu elemento é a água em discreto movimento nos rios, a água semi-parada das lagoas não pantanosas, pois as predominantemente lodosas são destinadas à Nanã e, principalmente as cachoeiras são de Oxum, onde costumam ser-lhe entregues as comidas rituais votivas e presentes de seus filhos-de-santo.
Oxum tem a ela ligado o conceito de fertilidade, e é a ela que se dirigem as mulheres que querem engravidar, sendo sua a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos em gestação como pelas crianças recém-nascidas, até que estas aprendam a falar.
Dentro desta perspectiva, Iemanjá e Oxum dividem a maternidade. Mas há também outro forma de análise; a por faixas etárias, correspondentes a cada arquétipo básico.
Nanã é a matriarca velha, ranzinza, avó que já teve o poder sobre a família e o perdeu, sentindo-se relegada a um segundo plano. Iemanjá é a mulher adulta e madura, na sua plenitude. É a mãe das lendas – mas nelas, seus filhos são sempre adultos. Apesar de não ter a idade de Oxalá (sendo a segunda esposa do Orixá da criação, e a primeira é a idosa Nanã ), não é jovem. É a que tenta manter o clã unido, a que arbitra desavenças entre personalidades contrastantes, é a que chora, pois os filhos adultos já saem debaixo de sua asa e correm os mundos, afastando-se da unidade familiar básica.
Para Oxum, então, foi reservado o posto da jovem mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente, coquete, maliciosa, ao mesmo tempo que é cheia de paixão e busca objetivamente o prazer. Sua responsabilidade em ser mãe se restringe às crianças e bebês. Começa antes, até, na própria fecundação, na gênese do novo ser, mas não no seu desenvolvimento como adulto. Oxum também tem como um de seus domínios, a atividade sexual e a sensualidade em si, sendo considerada pelas lendas uma das figuras físicas mais belas do panteão mítico iorubano.
Oxum é ambiciosa; sua cor é azul-claro com raias de ouro. Segundo a tradição ioruba, seu metal é o cobre – mas a correlação com o ouro não está basicamente errada, pois, de acordo com os historiadores, o cobre era o metal mais caro conhecido naquela região. Oxum portanto, gosta das riquezas materiais, mas não numa perspectiva de usura nem uma mesquinhez de quem quer ter riquezas para escondê-las.
A iniciação (na Umbanda ou no Candomblé) é um nascimento e o poder da fecundidade tem de estar presente, pois Oxum mostrou que a menstruação, em vez de constituir motivo de vergonha e de inferioridade nas mulheres, pelo contrário proclama a realidade do poder feminino, a possibilidade de gerar filhos.
Existem 16 tipos diferentes de Oxum, das quase adolescentes até as mais velhas, sendo portanto 16 o número sagrado da mãe da água doce. Diz a lenda que as mais velhas moram nos trechos mais profundos dos rios, enquanto as mais novas nos trechos mais superficiais. Entre essas 16, três são marcadas como guerreiras (Apara, a mais violenta, Iê Iê Kerê, que usa arco e flecha, e Ié Ié Iponda, que usa espada), mas a maior parte delas é mais pacífica, não gostando de lutas e guerras, desde Oxum Obotó, muito suave e feminina, até a versão mais velha, a não menos vaidosa Oxum Abalo.
Além disso, o fluir nada fixo da água doce pelos diversos caminhos, a maneabilidade do elemento se manifestam no comportamento de Oxum. Sua busca de prazer implica sexo e também ausência de conflitos abertos – é dos poucos Orixás iorubas que absolutamente não gosta da guerra.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXUM 


O arquétipo psicológico associado a Oxum se aproxima da imagem que se tem de um rio, das águas que são seu elemento; aparência da calma que pode esconder correntes, buracos no fundo, grutas - tudo que não é nem reto nem direto, mas pouco claro em termos de forma, cheio de meandros. Os filhos de Oxum preferem contornar habilmente um obstáculo a enfrentá-lo diretamente, por isso mesmo, são muito persistentes no que buscam, tendo objetivos fortemente delineados, chegando mesmo a ser incrivelmente teimosos e obstinados.
A imagem doce, que esconde uma determinação forte e uma ambição bastante marcante, colabora a tendência que os filhos de Oxum têm para engordar; gostam da vida social, das festas e dos prazeres em geral.
O sexo é importante para os filhos de Oxum. Eles tendem a ter uma vida sexual intensa e significativa, mas diferente dos filhos de Iansã ou Ogum.
Os filhos de Oxum são mais discretos, pois, assim com apreciam o destaque social, temem os escândalos ou qualquer coisa que possa denegrir a imagem de inofensivos, bondosos, que constroem cautelosamente.
Na verdade os filhos de Oxum são narcisistas demais para gostarem muito de alguém que não eles próprios – mas sua facilidade para a doçura, sensualidade e carinho pode fazer com que pareçam os seres mais apaixonados e dedicados do mundo.
Faz parte do tipo, uma certa preguiça coquete, uma ironia persistente porém discreta e, na aparência, apenas inconsequente. Verger define: O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras .
Até um dos defeitos mais comuns associados à superficialidade de Oxum é compreensível como manifestação mais profunda: seus filhos tendem a ser fofoqueiros, mas não pelo mero prazer de falar e contar os segredos dos outros, mas porque essa é a única maneira de terem informações em troca.

  • Alamanda: 
  • Alface d’água/ Ojuorô / Erva-de-santa-luzia: 
  • Alecrim: Oxalá, Xangô e Oxum. 
  • Apesar de ser uma erva dos três orixás, pode ser usada em amaci  banhos, defumações e descarrego de qualquer orixá. Muito boa para substituir uma erva não encontrada de Nanã, por exemplo.

  • Alfavaca-de-cobra:
  • Alfazema: 
  • Alteia/Malvarisco: Todas as Iabás. Apenas as flores devem ser usadas para amacies e banhos. Não se usa em defumação.
  • Arapoca-branca: Suas folhas são utilizadas nas obrigações de cabeça e nos abô; no Candomblé são usadas em sacudimentos pessoais. As casacas desta servem para matar peixes. A medicina caseira utiliza as folhas como anti térmico, contra febres. Age também como excitante.
  • Arnica-montana: Tem pouca aplicação na Umbanda e no Candomblé. Já na medicina popular; e muito usada, após alguns dias de infusão no otin (cachaça). Age como cicatrizante, recompondo o tecido lesado nas escoriações.

  •  Azedinha - Trevo-azedo – Três corações: É popularmente conhecida como três-corações, sem função ritualística, é apenas empregada na medicina popular como: combatente da disenteria, eliminador de gases e febrífugo.

  •  Bananeira: Muito empregada na culinária dos Orixás. Suas folhas forram o casco da tartaruga, para arriar-se o ocaséo a Oxum. A medicina caseira prepara de sua seiva um xarope de grande eficácia nos males das vias respiratórias ou doenças do peito.

  •  Brio-de-estudante – Barbas-de-baratas: Desta erva apenas a raiz é utilizada. Ela fornece um bom corante que é usado nas pinturas das yawo, de mistura com pemba raspada. A medicina popular utiliza o chá, meia hora antes de dormir, para ter sono tranquilo.

  •  Caferana-alemã: São utilizadas nas aplicações de cabeça e nos abô. Usado na medicina popular como: laxante, fazendo uma limpeza geral no estômago e intestinos, sem causar danos; é ótima combatente; poderoso vermífugo e energético tônico.
  •  Calêndula amarela: Usada em banhos de descarrego e abôs, aos filhos da Orixá das Águas doces.
  • Camará-cambará: Utilizada em quaisquer obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação. A medicina caseira a emprega muito em xarope, contra a tosse e rouquidão e ainda põe fim às afecções catarrais.
  • Camomila-marcela: Tem restrita aplicação nas obrigações litúrgicas. Entretanto, é usada nos banhos de descarrego e nos abô. No uso popular é de grande finalidade em lavagens intestinais das crianças, contra cólicas e regularizadora das funções dos intestinos. O chá das flores é tônico e estimulante, combate as dispepsias e estimula o apetite.
  • Cana-fístila – Chuva-de-ouro: Aplicada nos abô e nas obrigações de cabeça, usada também nos banhos de descarrego dos filhos de Oxum. Seu uso popular é contra os males dos rins, areias e ardores. O sumo das folhas misturado com clara de ovo e sal mata impigens.
  • Chamana-nove-horas – Manjericona: Usada em obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos de Oxum. O povo a utiliza em disenterias.
  • Cipó-chumbo: Sem uso na liturgia, porém muito prestigiada na medicina popular, como xarope debela tosses e bronquites; seu chá é muito eficaz no combate a diarreias sanguinolentas e à icterícia; seco e reduzido a pó, cicatriza feridas rebeldes.
  • Dólar: Suas folhas são usadas para amacies e águas de cheiro. Não é usada na medicina popular.

  •  Erva-capitão, acariçoba, pára-sol, capitão, lodagem, ÁBÈBÈ ÒXÚN: Esta planta tem "folhas que lembram o formato do leque de Oxum"; é usada como paramento nas festas, daí a origem de seu nome nagô. Utilizada nos terreiros jêje-nagôs, em rituais de iniciação, agbô e "banhos de prosperidade". É conhecida, também, pelo nome nagô akáró, que significa "dá poder aos cantos", ou popularmente como folha-de-dez-réis. Essa folha é essencial para a realização da festa do ipeté de Oxum. De manhã, bem cedo, as mulheres da roça as colhem, levam para o centro do barracão, onde as lavam entoando cânticos para, posteriormente, servirem a comida ritualística de Oxum, o ipeté. 
  • Erva-cidreira – Melissa: Sem uso na liturgia, sua aplicação se restringe ao âmbito da medicina caseira, que a usa como excitante e anti-espasmódico, enérgico tônico do sistema nervoso. O chá feito das folhas adocicado ou puro combate as agitações nervosas, histerismos e insônia.
  • Erva-de-Santa-Maria: São empregadas em obrigações de cabeça e em banhos de descarrego. Como remédio caseiro é utilizada para combater lombrigas (ascárides) das crianças, também é ótimo remédio para os brônquios.
  • Ervilha-de-Angola – Guando: É empregada em quaisquer obrigações. O povo usa as pontas dos ramos contra hemorragias e as flores contra as moléstias dos brônquios e pulmões.

  •  Fava-pichuri: No ritual da Umbanda e do Candomblé, usa-se a fava reduzida a pó, ou defumações que trazem bons fluidos e afugenta Eguns. O povo usa o pó na preparação de chá, que é eficaz nas dispepsias e diarreias.
  • Flamboyant: Não é utilizado em obrigações de cabeça, sendo usado somente em algumas casas, em banhos de purificação dos filhos dos orixás. Porém suas flores tem vasto uso, como ornamento, enfeite de obrigação ou de mesas em que estejam arriadas as obrigações. Sem uso na medicina comercial.
  • Gengibre-zingiber: São aplicados os rizomas, a raiz, que se adiciona ao aluá e a outras bebidas. O povo a usa nos casos de hemorragia de senhoras e contra as perturbações do estômago, em chá.

  • Gigoga-amarela – Aguapê: Usado nos abô, nos bori e banhos de limpeza, pois purifica a aura e afugenta ou anula Eguns. A medicina popular manda que as folhas sejam usadas como adstringente e, em gargarejos, fortalecem as cordas vocais.

  • Ipê-amarelo: Aplicada somente em defumações de ambientes. Na medicina popular é usada em gargarejos, contra inflamações da boca, das amígdalas e estomatite. O que vai a cozimento são a casca e a entre casca.

  •  Lúca-Árvore-da-pureza: Seu pendão floral é usado plena e absolutamente, em obrigações de ori dos filhos de Oxum. Não possui uso na medicina popular.

  • Macaçá: Aplicação litúrgica total, entra em todas as obrigações de ori nos abô e purificação dos filhos dos orixás. O povo a usa para debelar tosses e catarros brônquios; é usada ainda contra gases intestinais.

  • Mãe-boa: É erva sagrada de Oxum. Só é usada nas obrigações ritualísticas, que se restringe aos banhos de limpeza. Muito usada pelo povo contra o reumatismo, em chá ou banho.

  • Malmequer – Calêndula: É usada em todas as obrigações de ori e nos abô, e nos banhos de purificação dos filhos de Oxum. As flores são excitantes, reguladoras do fluxo menstrual. As folhas são aplicadas em fricções ou fumigações para facilitar a regra feminina.
 

  • Malmequer-do-campo: Não é aplicada nas obrigações do ritual. Na medicina popular tem função cicatrizante de feridas e úlceras, colocando o sumo de flores e folhas sobre a ferida.
 

  • Malmequer-miúdo: Aplicado em quaisquer obrigações de ori, nos abô e nos banhos de limpeza dos filhos que se encontram recolhidos para feitura do santo. Como remédio caseiro, é cicatrizante e excitante.
 

  • Oriri-de-Oxum: Entra em todas as obrigações de ori, nos banhos de limpeza. O povo a indica como diurético e estimulador das funções hepáticas.
 

  • Picão - ABÉRÉ: As folhas são atribuídas a Oxum, com larga utilização em "feitiços". Para esta finalidade são torradas em panelas de ferro, associadas a outros elementos, para a obtenção do Atin (pó), seguindo o modelo mítico de que este orixá é considerado "a mãe dos feitiços". In natura suas folhas e  flores, são também usadas em assentamentos e trabalhos com Exú.
 

  • Rosa amarela: utilizada na lavagem de cabeça dos filhos de Oxum, Abôs. Induz a intuição e aumento da mediunidade dos seus filhos.
 

    • Vassourinha-de-botão: Muito usado nos sacudimentos pessoais. Não possui qualquer uso na medicina popular.








    Posted: 18 Jan 2013 05:51 AM PST



    Para nós do Terreiro de Òsùmàrè é uma grande satisfação poder abordar temas relacionados a uma importante figura dentro do Candomblé que é o Ìyáwó.
    Na primeira postagem dessa série, nós falamos que ainda Ìyáwó, o iniciado na religião dos Òrìsàs terá maior conhecimento da sua religião, entendendo a sua cultura, os dogmas, as danças, cânticos, histórias e, sobretudo, a postura religiosa que será seu alicerce por toda a sua vida.
    É muito triste quando ouvimos uma pessoa antiga referir-se a um iniciado da seguinte forma: “Hoje ela quer que a respeitem, mas quando ela foi Ìyáwó não respeitava ninguém, nem mesmo a sua Ojugbona”; "Ah! Que coisa! Essa Ìyáwó disse que nunca vai pegar uma Adiye para limpar, agora me diga, como ela saberá um dia preparar a comida do santo?" Em suma, esses comentários surgem em razão de uma postura equivocada ou desapropriada da Ìyáwó na Casa de Candomblé.
    Muitas pessoas acham que, por exemplo, limpar uma Adiye é algo de importância menor, que lhes minore. No entanto, conforme mencionado acima, essas atividades escondem grandes ensinamentos. A Ojugbona é, em verdade, os “Olhos que encaminham a Ìyáwó”.
    A Ojugbona transmite o conhecimento de diversas formas, mas quase sempre sem que a Ìyáwó perceba que está aprendendo. No entanto, esse processo só ocorrerá a depender da postura da Ìyáwó.
    Uma Ìyáwó que tem postura religiosa, não sairá conversando à toa sobre aquilo que vê e ouve. Não grita no Terreiro de Candomblé ou responde ao seu Sacerdote e Egbon, respeita as orientações acerca das vestimentas e adereços que deverá usar e, por aí vai. Essa Ìyáwó começa a ser observada pelos antigos com bons olhos que, por sua vez, começam a lhe designar certas funções que muitos acham de menor valia, mas que escondem os ensinamentos do Candomblé.
    Exemplificamos com a limpeza da Adiye: Digamos que uma Ìyáwó que recebeu a confiança dos seus mais velhos em razão da sua postura, ao longo de anos cuidou do trato das Adiye, desde a limpeza até a preparação do Asè.
    Nesse período, nesse processo que muitos acham humilhante, essa Ìyáwó aprendeu que há diferenças significativas nesse preparo a depender do Òrìsà. Ela saberá que um determinado Asè vai Epo Pupá e que em outro não. Saberá que em um vai camarão e em outros não. Que para uma Divindade arruma a Adiye de uma forma e para outra não.
    Muitas vezes esse Ìyáwó só terá compreendido que aprendeu tanto, quando se tornar uma Egbon e um Ìyáwó lhe perguntar: Esse Asè é preparado da mesma forma que aquele que a senhora me ensinou naquele dia?
    No entanto, uma Ìyáwó que, por exemplo, se nega a cuidar de uma Adiye está na verdade, se privando do conhecimento, pois no Candomblé tudo é galgado e as etapas não podem ser negligenciadas. Por isso, infelizmente, observamos alguns sacerdotes que desconhecem as diferenças nas comidas dos Deuses, pelo simples fato de terem “pulado” uma importante fase da iniciação, recusando as atividades que lhe eram dadas.
    Esse foi somente um exemplo, mas todos os ensinamentos ocorrem dessa forma, sem que a pessoa perceba que está aprendendo. Por isso, não tenham dúvidas, para se tornar uma Egbon exemplar é necessário ser uma Ìyáwó exemplar.
    Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos!
    Casa de ÒXùmàrè














    Em continuidade a série de postagens iniciada ontem, vamos falar hoje sobre as roupas e adereços do Ìyáwò no Terreiro de Candomblé. Novamente, é importante salientar que não há um código de conduta no Candomblé e que em momento algum, o Terreiro de Òsùmàrè tem como objetivo ditar regras ao Povo do Santo. Estamos somente, aproveitando esse espaço de comunicação, para participar à sociedade aquilo que pregamos em nossa rica e linda tradição.

    Como um Ìyáwó deve estar vestido na sua permanência no Terreiro de Candomblé?

    Ìyáwó (Sexo Feminino):

    Saia de Ração (por de baixo da saia de ração, deverá usar a calça de ração)

    Pano de Cabeça (indispensável)

    Pano da Costa (indispensável)

    Mokan (indispensável)

    Ikan (indispensável)

    Dilogun (indispensável)

    Ilekes (indispensável)

    Caso a Ìyáwó seja iniciada para um Òrìsà Oboro (Orixá Masculino), a mesma não deverá usar brincos, pulseiras, etc.

    Observação: 

    Por cima do Pano da Costa, A Ìyáwó deverá usar o “lacinho” ou “gravatinha”, a depender do Òrìsà (masculino ou feminino).

    Ìyáwó (Sexo Masculino):

    Calça de Ração: não é permitido o uso de Jeans, Bermuda, etc.

    Camisa de Ração: não é permitido o uso de camiseta, regata, camisa de crioula (uso exclusivo para mulheres).

    Ekete: não é permitido o uso de pano de cabeça (somente quando está recebendo Asè, em Oro).

    Observação: 

    Até a conclusão da obrigação de um ano de iniciação, a roupa do Sire utilizada pela Ìyáwó deverá ser branca.

    Na próxima postagem, vamos falar um pouco sobre a postura que um Ìyáwó deve ter dentro do Terreiro de Candomblé.

    Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos!

    Casa de ÒXùmàrè

    Muitas vezes aprendemos que possivelmente postamos coisas meramente de nossas cabeças, mas a coisa não funciona bem assim não. Afinal CANDOMBLÉ, ou até a UMBANDA SAGRADA, não se inventa. Mas se vivência o que é certo e o que procede de raíz.




    Respeitando esta realidade, nós do BLOG OLHOS DE OXALÁ, somos provenientes da NAÇÃO KETU, e todos respeitando a casa mãe, o AXÉ OXUMARÊ, razão esta que nos faz não somente concordar com o que de nossos mais velhos nos é passado. Bem como postar o que de fato é certo, real e verdadeiro.




    Claro que entre nossos colaboradores, temos pessoas de outras nações, afinal o BLOG OLHOS DE OXALÁ, preocupa-se em atingir a todos, mesmo que estes venham de outras nações, como o DJEJE, EFON e por ai vai. Razão e motivos estes, que temos o EGBOMI WALLACE DE YEMANJÁ, que é da nação DJEJE, como nosso CO-AUTOR.




    Na realidade da UMBANDA SAGRADA, existem de fato sábios tutores que abraçam a causa de passar a todos as diretrizes deste ramo de nossa RELIGIOSIDADE. Entre os vários exemplos de personalidades neste realidade, temos MESTRE RUBÉNS SARACENI, bem como PAI GUIMARÃES DE OGUM, como grandes representantes da UMBANDA SAGRADA, aos quais saudamos como nosso eterno SARAVÁ e nossos respeitos.




    Entre estes voltados ao público da UMBANDA SAGRADA, temos como CO-AUTOR, nosso amigo OGÃN FRANKLIN DE OGUM.




    Então, seguindo esta linha de pensamento acima explicada, vamos ver o que o ASÉ OXUMARÊ, tem a nos passar quanto a realidade dos YAWÔS.



    O Terreiro de Òsùmàrè acredita que os Ìyáwòs são de importância fundamental dentro da Casa de Candomblé. 



    Um grande Sacerdote ou uma grande Egbon, certamente foi um Ìyáwò exemplar. Por isso, nessa semana, vamos abordar algumas práticas que todos os Ìyáwòs devem seguir, para que cumpram esse processo iniciatório como modelo, de modo que no futuro, sirvam de exemplo para àqueles que adentrarem a magnífica Religião dos Òrìsàs. É importante salientar que não há um código de conduta no Candomblé e que em momento algum, o Terreiro de Òsùmàrè tem como objetivo ditar regras ao Povo do Santo. Estamos somente, aproveitando esse espaço de comunicação, para participar à sociedade aquilo que pregamos em nossa rica e linda tradição. 



    Antes de tudo e de forma muito resumida podemos dizer que Ìyáwò é uma pessoa iniciada na Religião dos Òrìsàs e que ainda não completou a obrigação de sete anos. Nesse período, o Ìyáwò começa a ter maior conhecimento da sua religião, entendendo a sua cultura, os dogmas, as danças, cânticos, histórias e, sobretudo, a postura religiosa que será seu alicerce por toda a sua vida. 



    Assim, nessa primeira postagem da série, vamos listar algumas “dicas” relacionadas às “visitas” do Ìyáwò ao Terreiro. São elas: 



    · Leve sempre a sua roupa de ração; 



    · Leve sempre seu prato e caneca de ágata; 



    · Ao chegar ao terreiro, despache a porta com água; 



    · Cumprimente Èsù, tirando a terra que trouxe da rua; 



    · Purifique-se por meio do banho de Agbo ou Omi Ero; 


    · Salve as casas dos Òrìsàs; 

    · Busque pelo seu Sacerdote para que ele lhe abençoe, faça o mesmo com os seus Egbon; 

    Na segunda postagem da série, vamos falar sobre as roupas e adereços do Ìyáwò no Terreiro de Candomblé. 

    Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos! 

    Casa de Òsùmàrè
    Posted: 18 Jan 2013 05:26 AM PST
    Motumbá meus (minhas) irmãos (irmãs), bom dia a todos. 

    Aqui estamos novamente retornando a nossa missão de divulgar, não somente alguns tipos de trabalho de nossos irmãos de RELIGIOSIDADE, bem como a todos os eventos que nestas datas estiverem sendo programados. 

    Sendo uma família, os OLHOS DE OXALÁ, se dispõem a ser de fato não meramente um grupo, um blog ou sabe-se lá o que mais, mas nada mais nada menos um meio de interligação entre todos que sejam adeptos à uma religiosidade pura, real e verdadeira. 

    Desta forma, para dar abertura, novamente deste nosso propósito que já ajudou a muitos aqui vão nossas mais novas divulgações:


    EVENTOS

    PAI GUIMARÃES DE OGUM

    LEMBRANCINHAS DOS ORIXÁS E ENTIDADES
















    Posted: 17 Jan 2013 08:46 AM PST
    Com grande alegria voltamos a postar aqui, algumas das inúmeras postagens (mensagens) que nossos amigos virtuais, sejam do FACEBOOK, ORKUT, ou até mesmo, por este MEIO DE COMUNICAÇÃO, nos enviam para podermos compartilhar com todos vocês. Esperamos que assim, como antigamente, elas voltem a servir de ponto de refúgio para muitos que nos visitam diáriamente.









    Ìyàwó, Iyawô, yawô, Yao ou Iaô palavra de origem yoruba, é a denominação dos filhos-de-santo já iniciados na Feitura de santo, que ainda não completaram o período de 7 anos da iniciação. Só após a obrigação de 7 anos ele se tornará um Egbomi (irmão mais velho). Antes da iniciação são chamados de abíyàn ou abian. 



    A pessoa passa a ser um Iaô após um período de vinte e um dias, recolhida no roncó (clausura), quarto específico e apropriado para se fazer iniciações e obrigações, e passar por todos os preceitos necessários para ser um iniciado. 



    É durante os sete anos, que a pessoa vai aprender as rezas, as cantigas, os preceitos, os segredos só confiados aos iniciados do Candomblé. 



    COMPORTAMENTO DO BOM YAWÔ 



    1- Não retrucar a mãe de santo. Você por acaso retruca seus avós? 



    2- Caso tenha algo para falar que não esteja concordando, discretamente peça um minuto da atenção da mãe de santo e exponha a situação civilizadamente, sem precisar que a torcida do Flamengo esteja assistindo. Dar um escândalo no meio do barracão não é postura de um filho de santo, e você ainda corre o risco de tomar um fora na frente de todo mundo. 



    3- Quando tiver visita no barracão (egbomis, ekedes, ogãs, zeladores), seja em dia de festa ou em dia corriqueiro, é de bom-tom que os filhos se abaixem para dirigir a palavra à mãe de santo. Detalhe: Só atrapalhar a conversa caso seja EXTREMAMENTE necessário. Deve-se chegar junto à ela, mas não muito, e ficar abaixado esperando que ele pergunte o que deseja. Quando ele perguntar, comece sempre sua frase com “AGÔ”. “Agô, mais blá blá blá…”. 



    4- Nunca, jamais, em tempo ou hipótese alguma, seja no seu barracão ou no barracão do alheio, deve-se sentar na mesma altura que sua mãe de santo. Ela já passou por vários sacrifícios para estar sentado confortavelmente ali. Você ainda está no meio do caminho. Portanto, pra que querer sentar aonde você não alcança? 



    5- Yawo e abian não bebe nenhum líquido em copo de vidro dentro de seu barracão ou no barracão do alheio. Deve-se esperar o bom e velho copinho de plástico ou então a conhecida DILONGA, BAN ou CANEQUINHA DE ÁGHATA, como você preferir chamar. Copo de vidro só quem tem direito é egbomi, ekedi, ogan e zelador. 


    6- Yawo e abian não come em prato de vidro ou louça. Apenas em pratinho de plástico ou ághata. Aliás, devemos lembrar que é de boa educação cada filho trazer seu devido pratinho de ághata e sua devida canequinha para seu uso pessoal no barracão. 

    7- Terminou seu ajeum? Pegue seu pratinho e sua canequinha, vá para cozinha e lave. Não cai a mão e nem coça, sabia? Infelizmente ainda não possuímos uma empregada que possa cuidar da limpeza geral enquanto nós descansamos. 

    8- Como dissemos no item anterior, não temos uma empregada para limpar tudo. Portanto, cada um deve se conscientizar e fazer a sua parte. Ficar protelando, esperando que algum irmão de santo se encha da bagunça e vá arrumar por você não tem cabimento. Cada um fazendo um pouco fica mais fácil e rápido. 

    9- Resolveu visitar a mãe de santo? Que maravilha! Ela adorará sua visita, ainda mais se você vier com uma modesta colaboração para o ajeum, pois como é do conhecimento de todos, a mãe de santo não é rica e nem tem obrigação de alimentar todo mundo. Madre Teresa de Calcutá já morreu, e definitivamente, ela não vira na cabeça da mãe de santo. 

    10- Ao chegar ao barracão, o procedimento correto é: a) Tomar seu banho e ir trocar de roupa; b) Bater cabeça no axé, na porta do quarto de santo e pro pai de santo; c) Tomar a benção à TODOS os seus irmãos. Agora sim, caso não haja nada em que se possa ajudar (muito embora seja impossível, pois em uma casa de santo sempre tem algo a ser feito), você pode ir colocar seu tricô em dia 

    11- Você trabalhou feito a escrava Isaura e se cansou? Acabou de fazer todo o serviço? Bem, agora você pode pegar o seu maravilhoso APOTÍ e confortavelmente sentar-se nele. Como dissemos no item 5, cadeiras, sendo com ou sem braço, só ebomis, ekedes, ogãs ou zeladores que podem sentar. Existe uma variável do APOTI, que é a famosa ESTEIRA. Nela você pode se sentar, se espichar e até relaxar seus ossos. Ela é sua! Aproveite! 

    12- Em sua casa, quando você faz uma comemoração qualquer e é servida uma refeição, você sai atacando o ajeum na frente de seus convidados? Acreditamos que não, né? Portanto, na casa de santo é igual. Antes os mais velhos devem se servir, pra só depois os abians e yawos se servirem. Isso é mais que uma regra, é etiqueta. E você não vai querer ser um deselegante, não é? Lembre-se: Estão sempre observando você. 

    13- Você gosta que fiquem pegando suas roupas emprestadas? Pois é, a mãe de santo também não gosta. Portanto, que tal ir comprar um belíssimo tecido de lençol e fazer uma baiana de ração básica pro dia-a-dia? Não sai caro e fica uma gracinha. E você finalmente pára de pegar a roupa do alheio emprestada. Não é maravilhoso? Todos na casa contentes e felizes com suas devidas roupas. 

    14- Quem traz dinheiro para o sustento da casa? Você é que não é. Portanto, trate muitos bem os clientes que vão para jogar ou se consultar, pois é deles que vem boa parte do dinheiro dali. Sorrir sempre e servir um copinho de café ou de água gelada não matam ninguém. Que tal tentar? 

    15- E vai rolar a festa! O povo do keto, do jeje, da angola e até da umbanda já mandou convidar. Mas, e o dinheiro para comprar o ajeum e o otí do povo? Com certeza o Carrefour não irá mandar as coisas de graça para o barracão, nem o homem dos frangos tão pouco irá dar os bichos e todo o material restante. Portanto, que tal se todos coçassem o bolso um pouco e ajudassem? 

    16- Você acha que só por este local ser uma casa de santo, a COPEL, LIGHT, SANEPAR,CEDAE, CEG, TELEGAS, entre outras, irão fornecer água, luz e gás de graça? É claro que não. Portanto, contribua sempre com a sua módica mensalidade. Economizar um pouco na Skol e no cigarro no final de semana já irá ajudar muito no barracão. 

    17- O mundo está em guerra, existe muita gente por aí passando fome. Portanto, por que desperdiçar comida? Fazer a quantidade exata só para quem trabalhou dignamente e contribuiu com este maravilhoso ajeum é o coerente, pois você não está no programa da Ana Maria Braga para comer de graça. Se você tem alguma sugestão, leve-a antes ao pai de santo. Espalhar a corrupção sobre a Terra era coisa da novela passada. 

    18- Ficou cansado depois da festa? Nada de ir pegando sua bolsa e ir saindo de fininho. Lembre-se da limpeza do barracão. 

    19- Roda de candomblé, seja em sua casa ou na casa do alheio, não é lugar de ficar de cochicho e risinhos irônicos. Se você quer fuxicar, vá para um botequim. 

    20- Anágua encardida, só se for depois da festa do candomblé. Antes, NUNCA, JAMAIS, NEM PENSAR! Devem ser brancas como a neve, salve anágua de ráfia ou entretela. 

    21- Você, irmãozinho, que vê o mundo cor de rosa-choque com bolinhas amarelas, deve deixar esta sua visão progressiva e moderna do lado de fora do barracão. Ali dentro você tem que ver tudo branco. O mesmo vale para as coleguinhas que vêem tudo azulzinho. Casa de orixá é para louvar e cuidar do Orixá, e não para arrumar casório. 

    22- Vai rolar um churrasquinho de gato na casa do seu coleguinha no meio da semana, no mesmo dia de função do barracão? Então, peça para ele guardar uma marmita de carne para você e venha cumprir suas obrigações junto a seus irmãos. 

    23- Se sua irmã de santo tem uma baiana mais humilde do que a sua nada de ficar xoxando. Lembre-se, o mundo dá voltas e o feitiço pode virar contra o feiticeiro. Amanhã pode ser você com uma baiana de chita e ela com uma belíssima saia de rechilieu. 

    24- Caso assista fora do seu barracão a algo diferente do que ocorre em sua casa, nada de ficar xoxando e chamando de marmoteiro. Você não é o dono da verdade e nem ninguém o é. O que pode parecer maluquice pra você, pode não ser pro próximo. Além do mais, comentários sempre são feitos depois. Vai que tem alguém conhecido escutando? 

    25- Ninguém tem mais ou menos santo que ninguém. Isso é regra. Sempre. 

    26- Respeito é bom e conserva os dentes. Portanto, deve-se pensar duas vezes antes de envolver a mãe de santo e irmãos mais velhos em determinadas brincadeiras de mau-gosto. Apelidos e avacalhações são da porta do barracão pra fora. Além do mais, a próxima vítima pode ser você. 

    27- Roupa de barracão é saia comprida, camisú e pano da costa. Shortinhos e top’s devem ser usados somente pra ir ao baile funk. Roupa preta jamais nem na sua casa e nem na casa dos outros. 

    28- Sempre que for servir algum mais velho de santo, deve-se levar o pedido numa bandeja ou prato e abaixar-se para servir. Nunca olhar no rosto da pessoa. Responder somente “sim” ou “não". 

    29- Benção foi feita para ser trocada. Sempre que você pede a benção, você está na realidade pedindo a bênção ao Orixá da pessoa, e não à ela própria. Portanto, todos devem trocar a benção, mais velhos com mais novos e vice-versa. 

    30- Nunca deve fumar na frente da sua mãe de Santo… Principalmente no barracão. 

    APOTÍ: A casa constantemente precisa de apotís. Nos grandes supermercados vendem higiênicos banquinhos de plástico. Coopere com a casa e leve o seu. 

    31- No barracão o yao não deve dormir em cama. 

    32- Se esta frio não deixe de levar seu cobertor, em qualquer situação leve sua toalha de banho ou deixe uma no barracão, depois de usá-la estenda. Ninguém tem obrigação de ficar recolhendo roupa de filho de santo que fica jogada pelos cantos (pior que ficam mofando).  

    33- Se você levou, uma roupa emprestada, que usou para lavar. Não esqueça de devolver. 

    34- Não deixem roupas que emprestaram do barracão jogadas pelo chão, é muito feio. Veja de onde foi tirada e recoloque no lugar assim que se trocar. 

    35- Vai ter festa que bom… 15 dias antes, separe sua roupa, engome o que for preciso…Deixe tudo ajeitado. No barracão pode não dar tempo de arrumar, nem de engomar então mãos a obra. 

    36- Se você esta no barracão, dormiu lá. Antes de dar bom dia para alguém, vai direto ao banheiro lavar sua boca, para só então dar bom dia para as pessoas.

    ESTOU COM GUERRA DE SANTO, TEM DOIS ORIXÁS, DISPUTANDO MINHA CABEÇA”.




    Muito se tem falado, sobre a questão antes de se iniciar, da dita: "briga de santo por um determinado ori". É bem válido lembrar que para muitos (ou para todos), devemos prestar atenção no que diz o jogo de ifá nesse sentido. 

    Mas ouvindo nossos mais velhos vamos prestar atenção: Orisá tem mais o que fazer do que ficar brigando por nossa cabeça, mesmo porque isso já vem determinado do Orun, antes mesmo de nós nascermos. 

    Por mais estranho que possa parecer isso tem se tornado muito corriqueiro.  A dúvida que tenho é: essa situação é gerada por ignorância ou maldade? 



    Sabemos que, quando OLODUMARE, determina o nascimento de uma pessoa, automaticamente  já determinou sua origem. 

    Cada corpo possui um espírito ou força, que nada mais é do que uma pequena massa de energia depreendida de um ORIXÁ. Sendo assim, não é possível uma guerra de ORIXÁ, ou ainda, descendência dupla, cabeça de dois ORIXÁS ao mesmo tempo, os famosos "ORI MEJI", ou ainda, dois ORIXÁS machos ou duas ORIXÁS fêmeas. 

    Válido lembrar, que este caso é de fato uma raridade, mas pode acontecer entre 1 em 1.000 devido à ancestralidade que a pessoa possa carregar também. Podendo sim ter um ORIXÁ DE ORI e um ORIXÁ PARA DAR CAMINHOS. Transmitindo assim um conjunto duplo.

    Também existem casos de ORIXÁ FÊMEA em cabeça de homem, ou vice versa. Todos têm tanto um como o outro em nossa existência, e na maioria, das vezes, até mais um de ORIXÁ tutor, de acordo com o nosso ODU de nascimento. 

    E se pode ser iniciado para todos, mas dentro de seus cultos específicos, e isso, a meu ver, somente na África.

    Existem ainda, alguns casos particulares, que por uma questão de travessia do Atlântico (NA ÉPOCA DA ESCRAVIDÃO), forma agrupados em uma mesma categoria, por afinidade ou semelhança, e são denominados ORIXÁ DE FUNDAMENTO. Como é o caso de AIRÁ, que não é um XANGÔ, mas é chamado como tal, OPARA, que não é OXUM, OGUNTÉ, que não é YEMANJÁ, AGANJU, que não é XANGÔ, XOROQUE que não é OGUM, é EXÚ ao mesmo tempo, e por ai vai. 

    Como disse, quando os negros vieram na humilhante condição de escravos, não podiam cultuar suas Divindades, por isso, precisaram esconder seu culto no sincretismo, e com o passar do tempo, foram feitas algumas adaptações, isto é, AGRUPARAM ALGUMAS DIVINDADES DE CULTO SEMELHANTES. 

    Considero importante que algumas pessoas que se intitulam Babalorixá ou Ialorixá  antes de saírem por aí confundindo a cabeça de pessoas ingênuas e cheias de fé, procurem conhecimento, para não denegrir ainda mais a imagem do culto. 

    O sacerdote que recebeu em sua iniciação, o conhecimento da interpretação do oráculo de Ifá, saberá como identificar a origem espiritual de cada pessoa. 

    DESCARTANDO AS INTUIÇÕES OU VIDÊNCIA. 

    KOLOFE.

    É engraçado que hoje fomos solicitados a meditar sobre a real atualidade de uma iniciação, obrigação de um filho de santo, quanto ao seu valor financeiro. 



    Temos visto que além de pagar um preço digamos que exorbitante em muitas casas por um simples jogo de búzios, vem o preço absurdamente caro de uma iniciação. Ou para quem já é do santo, o valor de uma Obrigação de um, de três, de sete e por ai vai a quantidade de anos. 

    Muitas vezes, vemos pessoas tirando de onde não se tem, para poder então se iniciar ou dar seguimento às suas respectivas Obrigações. O mais engraçado. O preço não para ai não. Tem a mão do Baba/Ialorixá, tem as comidas secas, tem os boris, tem os bichos, tem ainda até o preço do chão onde se vai ficar como em algumas casas que se cobram valores de um hotel de luxo de cinco estrelas. 

    Eu me perguntava, se tudo isso seria necessário em tempos antigos, no tempo de Mãe Menininha, no tempo de Procópio de Ogum? Por que talvez o uso da caridade hoje não se usa tanto assim nas Casas de Candomblé? Fico me perguntando como se faz na questão de uma pessoa pobre, que não teria nem para dar comida aos filhos e precisaria de fato iniciar-se no Orixá? Ou ainda se a pessoa fosse doente, ela morreria por tirar o valor de seus remédios para dar seguimento a sua iniciação? 

    Onde será que ficou o tempo onde o ORIXÁ ao vir em terra punha seus pés no chão e no barro? Onde estão de fato às casas simples que existiam para serem trocadas pelos grandes palácios reais que se vêem hoje em dia? Será que o Candomblé resolveu adotar o método de um certo bispo "Mais Cedo" que em lugar de Igrejas resolveu criar Palácios Reais? Ai eu pergunto, mas Jesus, não teria nascido num Estábulo com bois e cavalos e ter sido colocado numa manjedoura cheia de feno? 

    Por achar que estaria eu errado em meu modo de pensar, fui levado a pesquisar e engraçado achei vários sites, com pontos de vistas de pessoas da RELIGIÃO que pensam como eu. Por que será que hoje MÃE MENININHA É DE FATO LEMBRADA ATÉ OS DIAS DE HOJE, APÓS ANOS DE SEU FALECIMENTO, COMO GRANDE EXEMPLO DO CANDOMBLÉ? Por uma simples razão, seu amor ao Orixá, e não por fazer uso da fé das pessoas para lucros próprios. 

    E entre minhas pesquisas este artigo que vou postar foi o melhor que exprime toda uma realidade que existe hoje em dia. Seria um ponto para se meditar. 

    LISTAS, COMPRAS, INGREDIENTES NO CANDOMBLÉ SÃO TODOS NECESSÁRIOS? 

    ·
    Tenho sempre orientado os amigos que praticam o candomblé que tenham em mente de que precisamos apenas o NECESSÁRIO para o culto, ou melhor dizendo o ESSENCIAL. 

    Mas o que de fato é essencial na nossa religião? 

    Sabemos que a crescente "comercialização" da Fé, faz com que zeladores criem LISTAS sem fim de ingredientes para uma feitura. Muito acima da realidade financeira de clientes e futuros filhos. 

    É verdade, somos uma religião onde o culto é baseado na culinária sagrada, onde existem animais para sacrifício, onde costumamos assentar nossos Orixás e divindades em panelas, potes, sopeiras, mas quem disse que um determinado ELEMENTO é fundametal? Não pode ser adaptado? Substituído e mesmo deixado de lado? 

    Sem entrar no mérito, nos segredos, nos orôs, propriamente ditos, sabemos que o fundamental é o Otá, onde vive, fixa-se o Orixá, o resto, como dizia meu amigo "é perfumaria", quer dizer, é OPCIONAL, dentro das posses (ou desvarios) de cada um. 

    Coisas como búzios banhados a ouro, Igbás folheados a ouro, pedras preciosas, jóias, ou mais simples como chaves, nota de Euro, Dólar, miniaturas de peixinhos dourados, espadas, adagas, abanos, chapeuzinhos, etc, são coisas absolutamente desnecessárias, pois não fazem qualquer diferença "nos fundamentos". 

    Do mesmo modo, indumentárias e paramentos carnavalescos, não fazem daquele Orixá melhor que o outro, que vem enrolado em panos, em folhagens, em palhas da costa ou folhas de mariô (coqueiros). 

    Quem convive no candomblé sabe o que estou dizendo. Eu sempre discordei disso! Desde "pequenininho" na religião. Lembro-me de que na minha feitura tinha um rabo de cascavel. Na época era muito caro! 

    Não me lembro o preço, mas imaginei que para chegar na loja (Mercadão de Madureira) Rio de Janeiro, aquele rabo de cascavel "viajou" muito, e que aquela soma exorbitante que eu pagava, jamais chegaria a quem retirou o chocalho da cobra e ficaria na mão dos "atravessadores". Isso sem falar da pobre cobra que perdeu seu rabo! 

    Aí vem as penas de pavão (caríssimas ssssssssssssssss) e o faisão para Oxum (mais caro ainda) e um monte de "coisas" que no final das contas não fariam a mínima diferença no AXÉ mas só fariam diferença na minha fatura do cartão de crédito. 

    Isso sem falar em Ogum usando capacete de soldado romano, Xangô com corôas de três andares cravejadas, as Yabás com paramentos que mais pareciam um bolo de festa de casamento - daqueles de 3 andares - e se bobear, pisca-pisca de árvore de Natal em cima. 

    Um Oxósse ou Logun que vinha numa carruagem de verdade, puxado, ao invés de cavalos, por dezenas de Yabás (viraram éguas?) e centenas de periquitos presos à roupa, etc. etc. etc. 

    Parecia mais uma fantasia de CLÓVIS BORNAY NOS BAILES DO MUNICIPAL. 

    Sempre me revoltei com isso tudo! 

    Fora aquelas besteiras de colocar chaves dentro do assento de meu Pai Airá, como se ele tivesse algum "enredo" com São Pedro e suas chaves do céu! Enfim... digo isso tudo apenas para exemplificar. 

    Os "Mais Velhos" sabem muito bem, gente séria no santo, o que PODE TER NUM ASSENTO E O QUE NÃO É ESSENCIAL. 

    Quem sabe, sabe, e para não ferir preceitos, não vou dizer aqui. Mas, também sabemos as listas milionárias que saem dos Ilês Axés para as lojas de santo, com o aval do zelador, ou conluio dele com o  comerciante. Para "meter a faca" no filho ou no cliente. 

    Isso quando o zelador não diz: "Vou te mandar aí a Dona Fulana, dondoca, mete a faca nela que ela é desentendida do culto". 

    Já passei por "causos" de atender pessoas que eu, ao pedir um frango, me perguntou a marca! Juro por Deus! (Sadia, Perdigão, Rica, etc). O nível de desentendimento dos clientes as vezes assusta, mas nem por isso podemos abusar deles e tê-los como tolos! 

    Este tópico é para propor uma reflexão geral. 

    Para propor que voltemos ao tempo de que "com uma vela e um copo dágua se levantava uma vida" ou comparativamente, com um galo, um frango, uma comida seca, um padê pra Exú, um pombo, se abria caminhos de muita gente! Quem tem santo de verdade e já viu MILAGRES sabe do que estou falando. Não somente na Nação, mas também na Umbanda. 

    Não estou desqualificando nem generalizando as Casas sérias. As listas justas. Os ingredientes realmente necessários, como uma d`Angola, um pombo, um Igbi. (Quem sabe sabe!) Nem um Obi ou Orobô! (Quanto poder tem!!!!), mas apenas refletindo sobre esta comercialização absurda, conta o "gasta-gasta" do candomblé, e repensando que para Deus, "copo d'água é remédio"

    Repito. Não sou contra as casas e seus métodos, mas a favor de uma reflexão e tomada de consciência para que o CANDOMBLÉ SEJA ALGO VIÁVEL E POSSÍVEL. 

    Eis a pergunta: EM SUA CASA DE SANTO, COMO ISSO ACONTECE, COMO SE DÃO AS LISTAS DE COMPRAS PARA CLIENTES E FUTUROS YAÔS POR EXEMPLO? 

    Meus respeitos. 






                    OGÁN,

    nome genérico para diversas funções masculinas dentro de uma casa de Candomblé.

    Ogan Apontado, pessoa apontada como possível candidato a Ogán. Equivalente ao Ogán suspenso.

    Ogan Suspenso, pessoa escolhida por um Orixá para ser um Ogán, é chamado suspenso, por ter passado pela cerimônia onde é colocado em uma cadeira e suspenso pelos Ogáns da casa, significando que futuramente será confirmado e passará por todas obrigação para ser um Ogán.
    Nessa primeira coluna falaremos sobre a importância dos ogáns nos rituais religiosos de candomblé. Começaremos deixando bem claro que os ogáns não são concorrentes dos babalorixás e sim aliados fieis.

    São pessoas que não têm a capacidade de incorporarem o Òrìxà, ainda assim, são filhos de muita fé, sem em nenhum momento duvidar da existência dos orixás pelo fato de não sentirem o êxtase do transe mediúnico  Foram escolhidos pelos orixás para seus filhos e, como tal, eles devem apresentar-se numa casa de Òrìxás.

    Uma vez aceitos e devidamente entronizados na casa com seus devidos cargos (oyes), eles devem enquadrar-se antes de tudo como um filho do Òrìxà, atendendo também aos critérios e normas que cada casa de axé impõe aos seus filhos no regimento interno, depois é que vêm as prerrogativas e "status " do Ogán .
    São suspensos e depois confirmados, receberão todas as obrigações necessárias, para o exercício de suas atribuições dentro de seus respectivos ile´s.

    Ocupam vários cargos da casa de Òrìxà. Os mais conhecidos são.

    ONÍÌLU, tocadores de atabaques.

    ALAGBÈ, o chefe dos tocadores de atabaques, é o Ogan responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos instrumentos musicais sagrados Atabaques. Nos ciclos de festas é obrigado a se levantar de madrugada para que faça a alvorada. Se uma autoridade de outro Axé chegar no terreiro, o Alagbê tem de lhe prestar as devidas homenagens..
    AXÒGÚN, é um sacerdote, um dos cargos mais importantes e de muita responsabilidade, ele é um especialista no que faz, é o Ogan encarregado do sacrifício dos animais votivos nas cerimônias do Candomblé Ketu.
    Deve ser pessoa de absoluta confiança do líder religioso, precisa ter boa memória, saber as técnicas complexas para a execução de suas tarefas, não pode cometer nenhum erro.
    Dependendo do prestígio do Axogun, poderá ser convidado por outros sacerdotes de outras casas para exercer suas funções em caso de grandes obrigações.

    AFICODE, que deve referencia ao quarto de oxossi chefe do Aramefa
    (quadro de ogans do quarto de oxossi composto por seis ogans)

    PEJIGÁN, O responsavel pelos axés da casa, do terreiro. Primeiro Ogan na hirarquia, zela e guarda o PEJI.

    LEHIN, responsável pela manutenção dos quartos de oxossi e ogun.

    BABA MOROTONAN, responsável por tudo que envolver o quarto de omolu etc.

    Oportunamente falaremos de cada um deles e de outros que não foram citados, para que nós, nos familiarizemos com nossos queridos irmãos ogáns.

    Obs. Na falta de um ogán, ou se desejo for do babalorixá, ele esta autorizado a dar continuidade e fazer ele mesmo os sacrifícios dos rituais, outrem feitos pelos ogans.

    Não podemos esquecer dos ATABAQUES, principais instrumentos da música do Candomblé, cuja execução é também de responsabilidade dos Ogáns.

    São de origem africana, usados em quase todos rituais afro-brasileiro, típicos do Candomblé e da Umbanda e de outros estilos relacionados e influenciados pela tradição africana. De uso tradicional na música ritual e religiosa, são empregados para convocar os Orixás.
    O atabaque maior tem o nome de RUM o segundo tem o nome de RUMPI e o menor tem o nome de LE.
    Os atabaques no candomblé são objetos sagrados e renovam anualmente esse Axé. São usados unicamente nas dependências do terreiro, não saem para a rua como os que são usados nos Afoxés, estes são preparados exclusivamente para esse fim.
    As membranas dos atabaques são feitas com os couros dos animais que são oferecidos aos Orixás, independente da cerimônia que é feita para consagração dos mesmos quando são comprados, o couro que veio da loja geralmente é descartado, só depois de passar pelos rituais é que poderá ser usado no terreiro.
    O som é o condutor do Axé do Orixá, é o som do couro e da madeira vibrando que trazem os Orixás, são sinfonias africanas sem partitura.
    Os atabaques do candomblé só podem ser tocados pelo Alagbê (nação Ketu), Xicarangoma (nações Angola e Congo) e Runtó (nação Jeje) que é o responsável pelo RUM (o atabaque maior), e pelos ogans nos atabaques menores sob o seu comando, é o Alagbê que começa o toque e é através do seu desempenho no RUM que o Orixá vai executar sua coreografia, de caça, de guerra, sempre acompanhando o floreio do Rum. O Rum é que comanda o RUMPI e o LE.
    Essa é a diferença entre o atabaque do candomblé e do atabaque instrumento musical comprado nas lojas com a finalidade de apresentações artísticas, que normalmente são industrializados para essa finalidade.

    Os Atabaques
    O Candomblé de Keto ou Alaketo em três atabaques, que são, respectivamente:

    • RUM - O MAIOR

    • RUMPI - O MÉDIO

    • LÉ - O MENOR

    • O agogô, tocado para marcar o Candomblé, também de tradição Alaketo, chama-se GAN.

    • As varetinhas usadas para tocar o Candomblé nos atabaque, chame-se AGUIDAVÍS.
    Dar RUN ao santo, significa colocar o Orixá na sala para dançar as cantigas e rezas que lhe são destinadas.

    Nomes dos Toques dos Orixás 









  • ALUJÁ - SHANGO










  • AGERÊ - OSHÓSSI










  • OPANIJÉ - OBALUAYIÊ e OMOLU










  • BRAVUN - OXALÁ e BESSÉN










  • IJESHÁ - OSHUN, LOGUN-ODÉ e OXALÁ










  • ILU - YASÁN










  • EGÓ - YASÁN










  • ADERÉ - YEMANJÁ


  • Para Consagrar e Dar de Comer aos Atabaques da Casa
    Depois de encourados, mande limpar os atabaques com o Omieró da casa. Feito isso, forra-se um Enim ( esteira ) no chão, forrada de branco e na cabeceira colocam-se as comidas dos santos a quem se dedica cada um dos atabaques, três velas, e coloca-se os atabaques ali deitados, cobertos de branco.
    Parte-se um Obi e joga-se para ver se foi aceito. Depois oboriza-se os atabaques e dá-lhes matança de bichos consagrados aos orixás a quem pertecem os atabaques. Em cima do atabaque, corta-se um pombo. Depois, quando suspendé-los para os seus lugares e os Ogans confirmados tocarão em Bravun , para que eles possam chamar os Orixás.
    Depois disso, só quem poderá colocar as mãos sobre elas, serão os Ogans e quando não estiverem tocando, deverão sempre estar cobertos de branco.
    Se o santo o qual o atabaque foi consagrado não levar dendê, nunca deixe que ninguém, sob pretexto algum, coloque dendê em cima do atabaque de sua casa de santo. 

                                     Exù
    Aspectos Gerais:









  • DIA: Segunda-feira.
  • DATA: Todos os dias são de Exu.
  • METAL: Não tem, sua matéria é a terra em seu estado de pureza.
  • CORES: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.
  • COMIDAS: Farofa de azeite-de-dendê, ekó (acaçá), carne mal passada.
  • SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo ereto.
  • ELEMENTOS: Terra e fogo.
  • REGIÃO DA ÁFRICA: Exu é universal.
  • PEDRAS Rubi e Granada.
  • FOLHAS Folha de fogo, coração-de-negro,aroeira vermelha, figueira brava, bredo, urtiga.
  • ODU QUE REGE Okaran e Owarín.
  • DOMÍNIOS Sexo, magia, união, poder e transformação.
  • SAUDAÇÃO Laroié!


  • Origem e História
    Exu (Èsù) é a figura mais controvertida do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.
    Muitas são as confusões e equívocos relacionados a Exu, o pior deles o associa à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.
    O maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé, muito menos a Exu. A cultura africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom em sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu cotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade.
    Exu é o orixá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como se deve, saberá retribuir; quando agradecido por sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto, quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e dissabores.
    Exu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orixás e os homens.
    Exu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo comerciante e aqueles que lidam com venda devem agradar a Exu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, sempre oferecem o primeiro bolinho a Exu, atirando-o a rua, não só para vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, pra que Exu seja de fato um guardião e proteja o seu negócio.
    É evidente que Exu não precisa pagar no mercado, porque lá recebe muitas oferendas; nenhum comerciante deixa de agradar a Exu, A não ser os que desejam conhecer o seu lado perverso.
    É importante ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu sempre protege aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores.
    Exu foi à primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo sua região de origem na África, pois em todos os reinos se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto, que chegou a ser rei de Kêtu. Exu renasceu várias vezes e a sua história revela que é filho de Orunmilá ou de Oxum, dependendo do momento em que renasce. 
     Exu Oro é o responsável pela transmissão do poder através da (ala. Ele é quem d á para os sacerdotes e sacerdotisas o poder de acionar as força espirituais através das evocações sagradas: preces , encantações , cânticos . Existem algumas palavras de grande axé usadas nos rituais sagrados que muitas vezes não se conhece a tradução. Elas funcionam como códigos para abrir certos portais do mundo Invisível (ORUN), acionando o poder para transformar nossas vidas. Somente Exu Oro conhece estes segredos, e somente ele pode dar a autorização necessária para entrarmos nestes mistérios.
    Oriki : Exu Oro ma ni ko. Ex u Oro ma ja ko. Exu Oro Tohun tire site. Exu Oro Ohun Otohun ni ima wa kiri. Axé .
    Tradução; O Divino Mensageiro do Poder da Palavra causa confronto. Divino Mensageiro do Poder da Palavra n ã o me cause confronto. O Divino Mensageiro do Poder da Palavra tem a voz do poder. O Divino Mensageiro do Poder da Palavra tem uma voz que ressoa por todo o Universo.
    Que assim seja (axé).

    Exu Opin
    É o Exu que deve ser evocado sempre que queremos estabelecer um local como sagrado. É ele quem faz a demarca çã o dos limites que separam o espaço sacratizado do espaço comum. Fazem-se uma construção qualquer e nela queremos instalar os nossos assentamentos de Orix á s, al é m de evocar o exu do nosso caminho pessoal ser á necessário pedir a Exu Opin que aceite uma oferenda para consagrar o lugar. A partir daquele local deve passar a ser usado exclusivamente para fins rel i g i oso, e deve haver uma separação bem n í tida entre este espaço e o espa ç o livre para a circula çã o. No caso de se colocar, por exemplo, um assentamento dentro de casa, é aconselhável colocá-lo sobre uma esteira e, se poss í vel cercar com vota com uma outra esteira. Sempre pedindo a exu Opin para sacratizar o ambiente, n ã o importa a localiza ção ou tamanho. Isto é válido, também, para os ambientes ritualísticos estabelecidos ao ar Iivre.

    Exú GOGO
    Este caminho de Exu quatro o *Divino Executor*. É conhecido tamb é m como o Ex u respons á vel peta recompensa divina a todos os atos dos seres humanos (e tamb é m dos seres espirituais). Exu Gog ó conhece todas as nossas reencarna çõ es • estende sua a çã o atrav é s destes diversos ciclos encarnat ó rios. Aquilo que costumamos chamar lei do retomo é exatamente a função do exú Gogó fazer este retorno acontecer: O bem recompensado com o bem; o mal recompensado com o mal. Dentro destas atribui çõ es de cobran ç a espiritual e material encontra-se sempre a chance de todos se arrependerem, pagarem por seus erros e tomarem um outro ritmo de vida. Quando Isto não acontece numa vida, poder á ser resgatado numa próxima encarnação.
    Oriki
    EXÚ GOG Ó O, ORI MI MA JE NKO O. EX Ú GOGO O, OR Í MA JE NKO O. EB LOWO RE GOGO? O OKAN LOWO EX Ú GOG Ó BABA AWO. AXÉ.
    Tradução

    Divino Mensageiro do Pleno Pagamento, guie minha cabe ç a para o pelo caminho. Divino Mensageiro do Pleno Pagamento guie minha cabe ç a para o reto caminho. Quanto tu estas pedindo para o Divino Mensageiro do Pleno Pagamento? O Divino Mensageiro do Pleno Pagamento, o Pai do Mistério, está pedindo por um centavo. Que assim seja.
    Exú
    Ele é o exú que controla os relacionamentos Interpessoais. Ou seja: amizade, sociedade de negados, casamento, companheirismo de trabalho, vinculo familiar, fraternidade religiosa... Enfim, todos os tipos de relacionamentos s ó possuem um estado de plena compreensão, harmonia e verdadeira colabora çã o quando aprovados por EXÚ WARA. Sempre que se planeja estabelecer um novo vinculo é aconselhável consular Exú Wara e, de preferência, fazer-l he uma oferenda de apaziguamento, para que tudo possa ocorrer sempre na mais perfeita ordem, sem possibilidades de atrito, confusão, mal-entendidos, etc...
    Oriki de Exu

    EXÚ WARA NA WA O. EXÚ WARA O. EXÚ WARA NA WA KO MI O, EXÚ WARA O. BA MI WA IYAWO O, EXÚ WARA O. MA JE ORI MI O BAJE O, EX Ú WARA O. ME JE ILE MI O DARU. EXÚ WARA O, AXÉ.
    Tradução: Divino Mensageiro dos Relacionamentos Pessoais traga a boa fortuna. Divino Mensageiro dos relacionamentos pessoais. Divino Mensageiro dos Relacionamentos Pessoais.
    AS QUALIDADES MAIS CONHECIDAS SÃO

    Exú Elegbára = senhor do poder
    Exú Yangi = pedra vermelha de laterita, primeira protoforma existente - água + terra -
    Exú Àgbá = pai-ancestre (representação coletiva de todos os exús individuais)
    Exú Obá - rei-de-todos
    Exú Alakétu = título dado a exú pelos kétu da Bahia - rei do povo Kétu -
    Exú Elebo = senhor-das-oferendas
    Exú Ojìse-ebo = encarregado-e-transportador de oferendas
    Exú Elérú = senhor do erú (carrego)
    Exú Olòbe = proprietário e senhor da faca
    Exú Enú-gbárijo = explicitador de mensagens
    Exú Bara = o rei do corpo (obá + ara) (princípio de vida individual)
    Exú Odara = aquele que guia (mostra o caminho, vai na frente)
    EXU 
    (o mensageiro dos Orixás)
    (Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás , publicado pela Editora Três )

    O PERFIL DO ORIXÁ

    Exu é a figura mais controvertida dos cultos afro-brasileiros e também a mais conhecida. Há, antes de mais nada, a discussão se Exu é um Orixá ou apenas uma Entidade diferente, que ficaria entre a classificação de Orixá e Ser Humano. Sem dúvida, ele trafega tanto pelo mundo material ( ayé ), onde habitam os seres humanos e todas as figuras vivas que conhecemos, como pela região do sobrenatural ( orum ), onde trafegam Orixás, Entidades afins e as Almas dos mortos (eguns ).
    Esse Orixá (ou Entidade) não deve ser confundido com os eguns , apesar de transitar na mesma Linha das Almas (uma das três linhas independentes) sendo o seu dia a segunda-feira; ficando sob o seu controle e comando, os Kiumbas (espíritos atrasadíssimos na evolução). Exu é figura de status entre os Orixás, que apesar de ser subordinado ao poder deles, constitui uma figura tão poderosa que freqüentemente desafia as próprias divindades. Sua função e condição de figura-limite entre o astral e a matéria, se revelam em suas cores, o negro e o vermelho, sendo esta última a vibração de menor freqüência no espectro do olho humano, abaixo do qual tudo é negro, há ausência de luz.
    Seus aspectos contraditórios também podem ser analisados sob outro ponto de vista: o negro significa em quase todas as teologias o desconhecido; o vermelho é a cor mais quente, a forte iluminação em oposição à escuridão do negro. Até em suas cores, Exu é o símbolo das grandes contradições, do amplo terreno de atuação.
    Os Exus são considerados entidades poderosas, mas nem sempre conscientes dessa força, desconhecendo seus limites e suas conseqüências ao envolver os seres humanos vivos. Assim ao utilizar-se de suas vibrações, um iniciado precisa tomar cuidado para não permitir que Exu, mesmo com o propósito de ajudá-lo, provoque um descontrole energético que possa ser prejudicial ao ser humano.
    Sua função mítica é a de mensageiro - é o que leva os pedidos e oferendas do homens aos Orixás, já que o único contato direto entre essas diferentes categorias só acontece no momento da incorporação, quando o corpo do ser humano é tomado pela energia e pela consciência do seu Orixá pessoal (quando a consciência de quem carrega o Orixá desaparece). É Exu quem traduz as linguagens humanas para a das divindades. Por isso, é imprescindível para a realização de qualquer ritual, porque é o único que efetivamente assegura em uma dimensão ( ayé ou orum) o que está acontecendo na outra, abrindo os caminhos para os Orixás se aproximarem dos locais onde estão sendo cultuados.
    O poder de comunicar e ligar, confere à ele também o oposto; a possibilidade de desligar e comprometer qualquer comunicação. Se possibilita a construção, também permite a destruição. Esse poder foi traduzido mitologicamente no fato de Exu habitar as encruzilhadas, passagens, os diferentes e vários cruzamentos entre caminhos e rotas, e ser o senhor das porteiras, portas entradas e saídas. Isso não entra em contradição com o fato de Ogum, o Orixá da guerra, ser considerado o senhor dos caminhos. Além da grande afinidade entre as duas figuras míticas (que são irmãos, de acordo com as lendas), Ogum é responsável pelo desbravamento, pelo desmatar e o criar de novos caminhos, pela expansão do reino, enquanto Exu é o senhor da força que percorre esses caminhos.
    Como, então, essa imagem de menino brincalhão, mesmo que imprudente, se coaduna com a imagem popular que associa Exu ao Diabo? Mesmo em cultos de Umbanda (alguns) Exu é freqüentemente considerado um representante do mal, das forças perigosas e não totalmente recomendáveis.

    Qual a visão está correta?
    A rigor, ambas ou nenhuma delas. Exu realmente brinca e se diverte, possibilitando brincadeiras e prazeres aos seres humanos. Também mexe com forças terríveis, provoca acontecimentos dramáticos, causando o mal.
    Em termos históricos, as culturas africanas que cultuam os Orixás - muito diversificadas, conseqüência evidente de uma sociedade dividida em raças, tribos, muito pouco centralizada para os parâmetros ocidentais - são muito mais antigas que as que conhecemos. Há lendas de Orixás que se explicam como respostas socialmente criativas a acontecimentos perdidos num longínquo passado, como a substituição do matriarcado pelo patriarcado, o surgimento do primeiro conceito de sociedade agrária, em oposição a uma cultura nômade e caçadora.
    Assim, como encontrar uma figura que representa o mal numa cultura onde não existe a dicotomia bem-mal? A moralidade ou imoralidade portanto, não está nas figuras dos Orixás, nem principalmente em Exu, mas sim nas interpretações que nós, ocidentais, fazemos a respeito de seus desígnios.
    Para a cultura africana, politeísta, onde os deuses brigam entre si, cada um tomando atitudes radicalmente opostas às dos outros, não existe um certo e um errado, mas vários. Cada ser humano é filho de dois Orixás e, para ele, suas atitudes serão as mais corretas, enquanto um filho de outro Orixá deverá manter postura diferente, mas adaptada ao arquétipo de comportamento associado ao seu próprio Orixá.
    Outra razão de confusão vem do fato de os negros terem chegado ao Brasil na condição de escravos, tratados como subumanos e sem os mínimos direitos.
    Nenhuma hipótese havia, portanto, para que Exu e outras figuras míticas do Candomblé e da Umbanda, fossem aceitas como independentes: os negros tinham de ser convertidos ao Deus Único , aos mitos cristãos.
    Uma divindade africana ao ser capturada pelas explicações católicas, teria no máximo o status de santo, divindade menor, praticamente humana, na teologia cristã.
    Como precisavam de um Diabo, os jesuítas encontraram na figura de Exu, o Orixá que poderia, meio forçadamente, vestir a sua roupa, provavelmente porque sendo o mais humano dos Orixás, à ele se pede interferência nas questões mais mundanas e práticas, o que resulta que a maior parte das oferendas do culto vá, para ele.
    Exatamente por isso, Exu era a divindade que protegia, na medida do possível, os negros dos repressivos senhores. Era para Exu que pediam desgraças para seus senhores.
    Dois outros fatores associam Exu ao Demônio; o fogo - elemento do Diabo e também freqüente nos cultos e oferendas para o mensageiro dos Orixás africanos - e o sexo, território considerado tabu pelos católicos, e o prazer - em geral, as atividades favoritas de Exu. A sensualidade desenfreada costuma ser atribuída à influência de Exu, que significa a paixão pelo gozo, sendo freqüentemente representado em estatuetas, como figura humana sorridente, debochada.
    Para completar os tabus que marcavam Exu como uma figura que subvertia o conceito de faça o bem e será recompensado, faça o mal e será punido - já que ele podia fazer qualquer coisa e alterar qualquer resultado - mas um fator fez com que fosse não só usado como o Diabo mas reconhecido como sua própria encarnação por parte dos jesuítas: Exu gosta de sangue.
    É costume que, em oferendas, o sangue de animais seja o último ingrediente.
    Como, porém, essa base filosófica africana foi esquecida na prática pelos brasileiros, existe certo temor e preconceito com relação a Exu. Isso se revela no temor que os babalorixás (sacerdotes que dirigem a Umbanda ou um Candomblé) têm em identificar alguém como filho de Exu, ou seja, como pessoas cuja energia básica é a mesma do mensageiro dos deuses. Reforçam-se assim, os mitos de desgraça que ronda a figura de Exu.
    A Pomba-gira, figura comum nos cultos de Umbanda e presente em diversos Candomblés, dada a grande intercomunicação entre as duas vertentes, não passa, de um Exu Feminino, onde estão em destaque o senso de humor debochado, a voluptuosidade e sensibilidade desenfreada, usando cabelos soltos, saias rodadas e vaidosas flores na cabeça. Sua dança é uma gira frenética, desenfreada, violenta até, com quase nenhum controle - sem compostura , de acordo com a visão ocidental.
    CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE EXU
    São muitas as pessoas que têm Exu, como fonte energética principal, mas são poucas as que o sabem. É comum um certo temor do pai-de-santo em comunicar ao iniciado que é um filho de Exu (englobado na Linha das Almas ), após a confirmação do jogo de búzios. Acontece que os mitos ocidentais e orientais de perigo e desgraça que andam junto de Exu, fazem com que a pessoa que está sob a égide desse Orixá seja considerada uma perseguida da sorte, marcada pelo destino, e são comumente apontados como sofredores, como se ligados ao mal ou ao padecimento.
    O arquétipo psicológico associado aos filhos de um Orixá é a síntese das características comportamentais que fazem parte de cada Orixá e que são atribuídas aos seus filhos. Não deve ser encarado como camisa de força que limite os seres humanos, mas guias de comportamento. Essas guias de comportamento ou matrizes , são os Orixás.
    No caso dos filhos de Exu, suas características principais seriam a ambivalência e o relativismo, a falta de posturas morais rígidas e inabaláveis, preferindo certo apego à maleabilidade e ao pragmatismo que faz cada situação ser encarada como totalmente independente de outra, cada uma, portanto, merecendo uma saída diferente                        

                                    Ogùn

    Aspectos Gerais



    DIA: Terça-Feira
    DATA: 13 de junho
    METAL: Ferro (mas todos os metais são de Ogum
    CORES: Verde ou Azul escuro (Brasil), Vermelho (África)
    COMIDAS: Inhame assado e feijoada
    SÍMBOLOS: Bigorna, faca, pá, enxada e outras ferramentas
    ELEMENTOS: Terra (florestas e estradas) e fogo
    REGIÃO DA ÁFRICA: Iré
    PEDRA: Lápis-lazúli
    FOLHAS: Abre-caminho-de-Ogum, madeira de lei, aroeira-branca
    cajarana, folhas de manga espada, palmeira, pau-ferro
    caiçara, peregun (pau-d’água)
    ODU QUE REGE: Ejikomeji, Etaogundá, Owarín
    DOMÍNIOS: Guerra, progresso, conquista e metalurgia
    SAUDAÇÃO: Ògún ieé!!

    Origem e história
    Ogum (Ògún) é o temível guerreiro, violento e implacável, deus do ferro, da metalurgia e da tecnologia; protetor do ferreiros, agricultores, caçadores, carpinteiros, escultores, sapateiros, açougueiros, metalúrgicos, marceneiros, maquinistas, mecânicos, motoristas e de todos os profissionais que de alguma forma lidam com o ferro ou metais afins.


    Orixá conquistador, Ogum fez-se respeitar em toda a África negra por seu caráter devastador. Foras muitos os reinos que se curvavam diante do poder militar de Ogum.


    Entre os muitos Estados conquistados por Ogum estava a cidade de Iré, da qual tornou-se senhor após matar o rei e substituí-lo por seu, próprio filho, regressando glorioso com o título de Oníìré, ou seja, Rei de Iré.


    Não é por acaso, portanto, que nas orações dedicadas a Ogum o medo fica tão evidente e a piedade é um pedido constante, pois como diz uma de suas cantigas:



    Ògún pá lélé pá
    Ògún pá ojaré
    Ògún pá, ejé pá
    Akoró ojaré.


    Ogum mata com violência
    Ogum mata com razão
    Ogum mata e destrói completamente.



    Ogum é o filho mais velho de Odudua, o herói civilizador que fundou a cidade de Ifé. Quando Odudua esteve temporariamente cego, Ogum tornou-se seu regente em Ifé.


    Ogum é um orixá importantíssimo na África e no Brasil. Sua origem, de acordo com a história, data de eras remotas. Ogum é o último imolé.


    Os Igba Imolé eram os duzentos deuses da direita que foram destruídos por Olodumaré após terem agido mal. A Ogum, o único Igba Imolé que restou, coube conduzir os Irun Imole, os outros quatrocentos deuses da esquerda.


    Foi Ogum quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um molho de sete instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca, com as quais ajuda o homem a vencer a natureza.


    Em todos os cantos da África negra Ogum é conhecido, pois soube conquistar cada espaço daquele continente com sua bravura. Matou muita gente, mas matou a fome de muita gente, por isso antes de ser temido Ogum é amado.


    Espada! Eis o braço de Ogum.

    O PERFIL DO ORIXÁ
    Divindade masculina ioruba, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal. Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres humanos. Foi uma das primeiras figuras do candomblé incorporada por outros cultos, notadamente pela Umbanda, onde é muito popular. Tem sincretismo com São Jorge ou com Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.


    A relação de Ogum com os militares (é considerado o protetor de todos os guerreiros) tanto vem do sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças armadas, como da sua figura de comandante supremo ioruba. Dizem as lendas que se alguém, em meio a uma batalha, repetir determinadas palavras ( que são do conhecimento apenas dos iniciados ), Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou. Porém, elas (as palavras) não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, tendo excitado a fúria por sangue do Orixá, detonaram um processo violento e incontrolável; se não encontrar inimigos diante de si após te sido evocado, Ogum se lançará imediatamente contra quem o chamou.


    Ogum não era, segundo as lendas, figura que se preocupasse com a administração do reino de seu pai, Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com todas as moças da região e brigas com seus namorados.


    Não se interessava pelo exercício do poder já conquistado, por que fosse a independência a ele garantida nessa função pelo próprio pai, mas sim pela luta.


    Ogum, portanto, é aquele que gosta de iniciar as conquistas mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas, ao mesmo tempo é figura imparcial, com a capacidade de calmamente exercer (executar) a justiça ditada por Xangô. É muito mais paixão do que razão: aos amigos, tudo, inclusive o doloroso perdão: aos inimigos, a cólera mais implacável, a sanha destruidora mais forte.


    Segundo as pesquisas de Monique Augras, na África, Ogum é o deus do ferro, a divindade que brande a espada e forja o ferro, transformando-o no instrumento de luta. Assim seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam ferramentas: ferreiros, barbeiros, tatuadores, e, hoje em dia, mecânicos, motoristas de caminhões e maquinistas de trem. É, por extensão o Orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia. Do conhecimento da guerra para o da prática: tal conexão continua válida para nós, pois também na sociedade ocidental a maior parte das inovações tecnológicas vem justamente das pesquisas armamentistas, sendo posteriormente incorporada à produção de objetos de consumo civil, o que é particularmente notável na industria automobilística, de computação e da aviação.


    Assim, Ogum não é apenas o que abre as picadas na matas e derrota os exércitos inimigos; é também aquele que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala uma fábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo meio de transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o desconhecido.


    É pois, o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da expansão, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que se oponha à sua própria expansão.


    Tem, junto com Exu, posição de destaque logo no início de um ritual. Tal como Exu, Ogum também gosta de vir à frente. A força de Ogum está tanto na coragem de se lançar à luta como na objetividade que o domina nesses momentos (e o abandona nos momentos de prazer e gozo).


    É fácil, nesse sentido, entender a popularidade de Ogum: em primeiro lugar, o negro reprimido, longe de sua terra, de seu papel social tradicional, não tinha mais ninguém para apelar, senão para os dois deuses que efetivamente o defendiam: Exu (a magia) e Ogum (a guerra); segundo Pierre Verger. Em segundo lugar, além da ajuda que pode prestar em qualquer luta, Ogum é o representante no panteão africano não só do conquistador mas também do trabalhador manual, do operário que transforma a matéria-prima em produto acabado: ele é a própria apologia do ofício, do conhecimento de qualquer tecnologia com algum objetivo produtivo, do trabalhador, em geral, na sua luta contra as matérias inertes a serem modificadas .


    Ogum gosta do preto no branco, dos assuntos definidos em rápidas palavras, de falar diretamente a verdade sem ter de preocupar-se em adaptar seu discurso para cada pessoa.


    Ogum gosta de dormir no chão, precisa que o corpo entre em contato sempre direto com a natureza e dispensa roupas elaboradas e caras, que possam ser complicadas de vestir ou que exijam muito espaço na mochila. Não tem compromisso com ninguém, nem com seus próprios objetos.


    A violência e a energia, porém não explicam Ogum totalmente. Ele não é o tipo austero, embora sério e dramático, nunca contidamente grave. Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo; quando apaixonado, sua sensualidade não se contenta em esperar nem aceita a rejeição. Ogum sempre ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro.


    Existem sete tipos diferentes de Ogum, mas Ogum Xoroquê merece um destaque específico, pois é um Orixá masculino duplo, ou seja possui duas formas diferentes de manifestação. É associado à irmandade e afinidade estreita de Ogum com Exu, pois passa seis meses do ano como Ogum e os outros como Exu, sendo considerado guerreiro feroz, irascível e imbatível.



    CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OGUM


    Não é difícil reconhecer um filho de Ogum. Tem um comportamento extremamente coerente, arrebatado e passional, aonde as explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim como o prazer com os amigos e com o sexo oposto.


    Os homens e mulheres que têm Ogum como seu Orixá de cabeça, vão ter comportamentos diferentes, de acordo com os segundos e terceiros Orixás que os influencia ajuntós (adjutores). De qualquer forma , terão alguns traços comuns: são conquistadores, incapazes de fixar-se num mesmo lugar, gostando de temas e assuntos novos, conseqüentemente apaixonados por viagens, mudanças de endereço e de cidade. Um trabalho que exija rotina, tornará um filho de Ogum um desajustado e amargo. São apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas curiosas e resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo em pauta; a coragem é muito grande, a franqueza absoluta, chegando mesmo à falta de tato.
















    Òxòssì

    Aspectos Gerais

    DIA: Quinta-feira
    DATA: Corpus Christi(BA), 23 de abril (SP), 20 de janeiro
    (RJ)
    COR: Azul-Turquesa
    COMIDAS: Frutas, ewa (feijão fradinho torrado), axoxó (milho cozido com coco)
    SÍMBOLOS: Ofá (arco), damatá (flecha), erukeré
    ELEMNTO: Terra(florestas e campos cultiváveis)
    REGIÃO DA ÁFRICA: Kêtu
    PEDRAS: Turquesa, água-marinha
    FOLHAS: Aroeira,peregun (pau-d’água), erva pombinho
    (quebra-pedra), pega-pinto, alecrim-do-campo
    ODU QUE REGE: Obará e Odi
    DOMÍNIOS: Caça, agricultura, alimentação e fartura
    SAUDAÇÃO: Òké Aro!!! Arolé!



    Origem e História


    Oxóssi (Òsóòsi) é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam, orixá da fartura e da riqueza. Atualmente, o culto a Oxossi está praticamente esquecido na África, mas é bastante difundido no Brasil, em cuba e em outras partes da América onde a cultura ioubá prevaleceu. Isso se deve ao fato de a cidade de Kêtu, da qual era rei, ter sido destruída quase por completo em meados do século XVIII, e seus habitantes, muitos consagrados a Oxossi, terem sido vendidos como escravos no Brasil e nas Antilhas. Esse fato possibilitou o renascimento de Kêtu, não como estado, mas como importante nação religiosa do Candomblé brasileiro.


    Oxóssi é o rei de Kêtu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Kêtu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois na África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. É chamado de Olúaiyé ou Oni Aráaiyé, senhor da humanidade, que garante a fartura para seus descendentes.



    Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da natureza e impor sua marca no mundo desconhecido.


    A coleta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai e busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza.


    Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.


    Na África, os caçadores que geralmente são os únicos na aldeia que possuem as armas, têm a função de salvar a tribo, são chamados de Oxô, que significa guardião. Oxóssi também foi um Òsó, mas foi um guardião especial, pois salvou seu povo do terrível pássaro das Iyá-Mi.


    Outras histórias relacionadas a Oxossi o apontam como irmão de Ogum. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum-dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi, suas forças se completam e, unidas, são ainda mais imbatíveis.


    Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossaim.


    A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore.


    A rebeldia de Oxóssi é algo latente em sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi tornou-se orixá.


    A exemplo de Xangô, Oxóssi é um orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.



    Odé não chega perto da morte
    Ele se assenta em terras estranhas
    Odé me olha e me dá medo.

    O PERFIL DO ORIXÁ
    Numa visão antropológica, os Orixás são vibrações de energia, cada uma numa faixa própria, com as quais os seres humanos se identificam, o que justifica a existência de filhos de diferentes Orixás. Assim os filhos de Oxóssi, são aqueles cujo metabolismo básico e características de personalidade herdadas geneticamente mais se identificam com uma matriz, o próprio Oxóssi, que se manifesta em ambientes como florestas cerradas, parques onde animais são preservados, espaços enfim, de contato entre o homem e os animais.


    Numa visão teológica, os Orixás são divindades a serem respeitadas e cultuadas por seus filhos, que com eles entrariam em contato através de diferentes rituais disseminados na cultura tribal africana e que no Brasil estão agrupados sob o rótulo de uma religião, a Umbanda e o Candomblé. Cada divindade possui lendas que justificam seu destino e principalmente o arquétipo de comportamento à ela associado.


    A Umbanda cultuada no Brasil é uma síntese de diversas manifestações diferentes da África, unindo preceitos e práticas que no continente negro se manifestam em povos isolados.


    Há porém, uma corrente predominante, a dos iorubas ou nagôs. Sua visão do mundo material e sobrenatural foi a que mais se espalhou, tanto no centro-sul da África, como no Brasil, e os Orixás mais populares são dela originados. Os rituais Jeje , do Daomé (atual República do Benin), também encontraram espaço, principalmente porque tiveram de lutar contra mitos antagônicos dos iorubas; na verdade, o Daomé foi, há muitos séculos, dominado politicamente por um povo de civilização mais recente, os iorubas. Assim como Roma se comportou em relação aos mitos gregos, assimilando-os gradativamente e adaptando-os as suas próprias necessidades, os iorubas assimilaram usos, costumes e Orixás daomeanos, como Nanã, Iroco, Omolu e outros. Uma diferença, porém, sempre existiu para quem se propusesse a analisá-los.


    Os mitos iorubas manifestavam grande vitalidade, envolvendo personalidades extrovertidas como Exu. Já os Orixás daomeanos são mais frios, vindos de uma cultura mais hierarquizada, onde os deuses são vistos de maneira um pouco ameaçadora e coercitiva; não costumam ter o senso de humor dos iorubas, sua flexibilidade, onde contendas difíceis às vezes são resolvidas por palavras hábeis. O mundo dos daomeanos é mais soturno, discreto, perigoso.


    Nesse sentido, dois Orixás iorubas fogem da tradição básica: o mago Oçanhe, o solitário senhor das folhas, e Oxóssi, o caçador. Ambos são irmãos de Ogum na maior parte das lendas e possuem em comum o gosto pelo individualismo e o ambiente que habitam; a floresta virgem, as terras verdes não cultivadas.


    A floresta é a terra do perigo, o mundo desconhecido além do limite estabelecido pela civilização iorubana, é o que está além do fim da aldeia. Os caminhos não são traçados pelas cabanas, mas sim pelas árvores, o mato invade as trilhas não utilizadas, os animais estão soltos e podem atacar livremente. É o território do medo.


    Oxóssi é o Orixá masculino ioruba responsável pela fundamental atividade da caça. Por isso na África é também cultuado como Ode , que significa caçador. É tradicionalmente associado à lua e, por conseguinte, à noite, melhor momento para a caça. Oxóssi e Oçanhe têm na floresta o próprio fim, nela se escondem. O primeiro para capturar os animais, o segundo para poder estudar sozinho e recolher as folhas sagradas.


    Oxóssi e Oçanhe representam as formas mais arcaicas de sobrevivência, a apologia da caça em detrimento da agricultura, a apologia da magia e do ocultismo em detrimento da ciência.


    Ao mesmo tempo, Oxóssi está mitologicamente muito próximo de Ogum, como conciliando o novo e o velho, as novas atividades com as tradicionais. Na Umbanda, recebe o título de Rei das Matas, sendo à ele consagrada a cor verde. Já no Candomblé, a cor verde é consagrada a Oçanhe por sua proximidade com as folhas, ficando o azul para Oxóssi, um azul pouco mais vivo e claro que o de Ogum, numa transição cromática.


    Outro dado que identifica e aproxima Oxóssi de Ogum, é o fato de ambos representarem atividades e possuírem temperamentos próprios de uma mesma faixa etária, a juventude ( mas não a adolescência, pois são mitos adultos, viris ), onde a energia se expressa fisicamente.


    Assim como o irmão ligado à guerra, Oxóssi é um Orixá que vive ao ar livre e está sempre longe de um lar organizado e estável. Seu combate cotidiano, entretanto, está nas matas, caçando os animais que vão garantir a alimentação da tribo, sendo por isso consagrado como protetor dos caçadores e eterno provedor da subsistência do gênero humano. Protege tanto o que mata o animal como o próprio animal, já que é um fim nobre a morte de um ser para servir de alimento para outro. Protege os antagonistas, o caçador, e a caça, pois são seres do mesmo espaço, a floresta. Por isso Oxóssi nunca aprova a matança pura e simples, para ele a morte dos animais deve garantir a comida para os humanos ou os rituais para os deuses, sendo símbolo de resistência à caça predatória. O conceito de liberdade e independência para Oxóssi é muito claro. Sua responsabilidade principal com relação ao mundo é garantir a vida dos animais para que possam ser caçados. Em alguns cultos de Umbanda, também se atribui à ele o poder sobre as colheitas, já que agricultura foi introduzida historicamente depois da caça como meio de subsistência.


    Segundo Pierre Verger, o culto a Oxóssi é bastante difundido no Brasil mas praticamente esquecido na África. A hipótese do pesquisador francês é que Oxóssi foi cultuado basicamente no Keto, onde chegou a receber o título de rei. Essa nação, porém foi praticamente destruída no século XIX pelas tropas do então rei do Daomé. Já no Brasil, o Orixá tem grande prestígio e força popular, além de um grande número de filhos. Seus símbolos são ligados à caça: no Candomblé, possui um ou dois chifres de búfalo dependurados na cintura. Na mão, usa oeruquerê (eiru) , que são pelos de rabo de boi presos numa bainha de couro enfeitada com búzios.


    O mito do caçador explica sua rápida aceitação no Brasil, pois identifica-se com diversos conceitos dos índios brasileiros sobre a mata ser região tipicamente povoada por espíritos de mortos, conceitos igualmente arraigados na Umbanda popular e nos Candomblés de Caboclo, um sincretismo entre os ritos africanos e os dos índios brasileiros, comuns no Norte do País.


    Talvez seja por isso que, mesmo em cultos um pouco mais próximos dos ritos tradicionalistas africanos, alguns filhos de Oxóssi o identifiquem não com um negro, como manda a tradição, mas com um Índio. Seu objeto básico é o arco e a flecha, o ofá e o damatá .


    Oxóssi é o que basta a si mesmo. A ele estiveram ligados alguns Orixás femininos, mas o maior destaque é para Oxum, com quem teria mantido um relacionamento instável, bem identificado no plano sexual, coisa importante tanto para a mãe da água doce como para o caçador, mas difícil no cotidiano, já que enquanto ela representa o luxo e a ostentação, ele é a austeridade e o despojamento.


    CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXÓSSI


    O filho de Oxóssi apresenta arquetipicamente as características atribuídas do Orixá. Representa o homem impondo sua marca sobre o mundo selvagem, nele intervindo para sobreviver, mas sem alterá-lo. Oxóssi desconhece a agricultura, não muda o solo para ele plantar, apenas recolhe o que pode ser imediatamente consumido, a caça.


    No tipo psicológico a ele identificado, o resultado dessa atividade é o conceito de forte independência e de extrema capacidade de ruptura, o afastar-se de casa e da aldeia para embrenhar-se na mata, afim de caçar. Seus filhos, portanto são aqueles em que a vida apresenta forte necessidade de independência e de rompimento de laços. Nada pior do que um ruído para afastar a caça, alertar os animais da proximidade do caçador. Assim os filhos de Oxóssi trazem em seu inconsciente o gosto pelo ficar calado, a necessidade do silêncio e desenvolver a observação tão importantes para seu Orixá.


    Geralmente Oxóssi é associado às pessoas joviais, rápidas e espertas, tanto mental como fisicamente. Tem portanto, grande capacidade de concentração e de atenção, aliada à firme determinação de alcançar seus objetivos e paciência para aguardar o momento correto para agir. Sua luta é baseada na necessidade de sobrevivência e não no desejo de expansão e conquista. Busca a alimentação, o que pode ser entendido como sua luta do dia-a-dia. Esse Orixá é o guia dos que não sonham muito, mas sua violência é canalizada e represada para o movimento certo no momento exato. É basicamente reservado, guardando quase que exclusivamente para si seus comentários e sensações, sendo muito discreto quanto ao seu próprio humor e disposição.


    Os filhos de Oxóssi, portanto, não gostam de fazer julgamentos sobre os outros, respeitando como sagrado o espaço individual de cada um. Buscam preferencialmente trabalhos e funções que possam ser desempenhados de maneira independente, sem ajuda nem participação de muita gente, não gostando do trabalho em equipe. Ao mesmo tempo , é marcado por um forte sentido de dever e uma grande noção de responsabilidade. Afinal, é sobre ele que recai o peso do sustento da tribo.


    Os filhos de Oxóssi tendem a assumir responsabilidades e a organizar facilmente o sustento do seu grupo ou família. Podem ser paternais, mas sua ajuda se realizará preferencialmente distante do lar, trazendo as provisões ou trabalhando para que elas possam ser compradas, e não no contato íntimo com cada membro da família. Não é estranho que, quem tem Oxóssi como Orixá de cabeça, relute em manter casamentos ou mesmo relacionamentos emocionais muito estáveis. Quando isso acontece, dão preferência a pessoas igualmente independentes, já que o conceito de casal para ele é o da soma temporária de duas individualidades que nunca se misturam. Os filhos de Oxóssi, compartilham o gosto pela camaradagem, pela conversa que não termina mais, pelas reuniões ruidosas e tipicamente alegres, fator que pode ser modificado radicalmente pelo segundo Orixá ( ajuntó ). São pessoas tipicamente extrovertidas, gostando de viver sozinhas, preferindo receber grupos limitados de amigos. É portanto, o tipo coerente com as pessoas que lidam bem com a realidade material, sonham pouco, têm os pés ligados à terra.











    Òssain

    Aspectos Gerais

    DIA: Quinta-feira.
    DATA: 5 de outubro.
    METAL: Estanho.
    CORES: Verde e branco.
    COMIDAS: Fumo, mel, milho vermelho, espigas regadas com mel.
    SÍMBOLOS: Haste ladeada por sete lanças com um pássaro no topo (árvore estilizada).
    ELEMENTOS: Floresta e plantam selvagens (terra).
    REGIÃO DA ÁFRICA: Iraó.
    PEDRA: Esmeralda.
    FOLHAS: Peregun, são-gonçalinho, garobinha-mas toda as folhas são de Ossaim.
    ODU QUE REGE: Iká.
    DOMÍNIOS: Medicina e liturgia através das folhas.
    SAUDAÇÃO: Ewé ó!

    Origem e História


    Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem folhas não há orixá, elas são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam seu poder, sua força.


    Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem sua presença, nenhuma cerimônia pode se realizar, pois ele detém o axé que desperta o poder do ‘sangue’ verde da folhas.


    As folhas de Ossaim veiculam o axé oculto, pois o verde é uma das qualidades do preto. As folhas e as plantas constituem a emanação direta do poder da terra fertilizada pela chuva. São como as escamas e as penas, que representam o procriado. O sangue das folhas é uma das forças mais poderosas, que traz em si o poder do que nasce e do que advém.


    É preciso esclarecer que o sangue (ejé) é um elemento essencial no Candomblé. Três são os tipos de sangue: o vermelho, dos animais, do azeite-de-dendê, do mel; o preto (verde), do sumo das folhas, e o branco, do sêmen, do vinho de palma, da água.


    As folhas constituem o fundamento inicial do Candomblé. Antes de passar por qualquer ritual, o neófito tomará o banho de ervas (amassi) que o purificará e será sua primeira consagração dentro do culto. É com o amassi que se lavam os colares, os objetos rituais do ibá, a cabeça, a alma e o corpo dos iniciados. É sobre as folhas sagradas de ossaim que repousará o iaô em sua consagração ao orixá. É com as folhas que os animais consentem o sacrifício. Ossaim é, portanto, a primeira consagração no Candomblé: primeira e constante, pois a folha faz parte do dia-a-dia dos adeptos do Candomblé; Ossaim é imprescindível à religião, aos orixás e aos iniciados.


    Todas as folhas possuem poder, mas algumas têm finalidades específicas e não servem para o banho ritual. Nem todas as folhas servem para os ritos do Candomblé. Nos banhos de amassi, por exemplo, devem ser utilizadas folha não-leitosas que não queimem; outras, como o Oju-orô, devem passar por uma preparação especial antes de ser utilizadas nos banhos. Em outros termos, existem folhas que podem ser usadas nos rituais e folhas que não podem; outras devem passar por ritos especiais, algumas folhas não servem para o banho. Enfim, as folhas possuem inúmeras utilidades dentro e fora do Candomblé, mas é preciso que o sacerdote saiba utilizá-las de maneira correta.


    Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza. È nas folhas que está à cura para todas as doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação, para que conseqüências desastrosas não atinjam os seres humanos.


    A floresta é a casa de Ossaim, que divide com outros orixás do mato, como Ogum e Oxóssi, seu território por excelência, onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a interferência do homem; é também o território do medo, do desconhecido, motivo pelo qual nenhum caçador deve penetrar na floresta na mata sem deixar na entrada alguma oferenda, como alho, fumo ou bebida. Medo de que? Medo dos encantamentos da floresta, medo do poder de Ogum, de Oxóssi, de Ossaim; respeito pelas forças vivas da natureza, que não permitem a pessoas impuras ou mal-intencionadas penetrar em sua morada. Se nela entrarem, talvez jamais encontrem o caminho de volta.


    Ossaim teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Aroni seria um misterioso anãozinho perneta que fuma cachimbo (figura bastante próxima ao Saci-Pererê), possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande(ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna. Não se pode por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é um personagem do folclore brasileiro. Ossaim é orixá de grande fundamento, que possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folha possui um só tronco.


    De acordo com a história desse orixá, há uma rivalidade entre Ossaim e Orunmilá, que reflete, na verdade, a antiga disputa entre os Oníìsegùn - mestres em medicina natural que dominavam o poder das folhas - e os Babalawó - sacerdotes versados nos profundos mistérios do cosmo e do destino dos seres, os pais do segredo.


    Ossaim é um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria, muito próxima à fronteira com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos pensam, do panteão jeje assimilado pelos nagô, como Nana, Omolu, Oxumaré e Ewá. Ossaim é um deus originário da etnia ioruba. Contudo, é evidente que entre os jeje havia um deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o seu nome, por isso Ossaim dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do antigo Daomé.
    Uma confusão latente se refere ao sexo de Ossaim; é preciso esclarecer que se trata de um orixá do sexo masculino. Entretanto, como feiticeiro e estudioso das plantas, não teve tempo de relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã, mas o controvertido relacionamento com Oxóssi, que ninguém pode afirmar se foi ou não amoroso, é o mais comentado.


    Na verdade, Ossaim e Oxóssi possuem inúmeras afinidades: ambos são orixás do mesmo espaço, da floresta, do mato, das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da mata, da Terra.


    O PERFIL DO ORIXÁ

    OsANHE* é o Orixá masculino de origem nagô (ioruba) que como Oxóssi, habita a floresta. É bastante cultuado no Brasil, sendo conhecido por diversos nomes, Oçãe, Oçãim, Oçanha, Oçânim e Oçonhe, a forma mais popular. Por causa do som final da palavra, é freqüentemente confundido com uma figura feminina. Não é um dos Orixás que possuem mais filhos-de-santo: pelo contrário, seus filhos são do tipo raro, bem menos numerosos em qualquer sociedade.


    * Embora mais usuais, evitar as variações com dois SS.


    É o Orixá da cor verde, do contato mais íntimo e misterioso com a natureza. Seu domínio estende-se ao reino vegetal, às plantas, mais especificamente às folhas, onde corre o sumo. Por tradição, não são consideradas adequadas pelo Candomblé mais conservador, as folhas cultivadas em jardins ou estufas, mas as das plantas selvagens, que crescem livremente sem a intervenção do homem. Não é um Orixá da civilização no sentido do desenvolvimento da agricultura, sendo como Oxóssi, uma figura que encontra suas origens na pré-história.


    As áreas consagradas a Oçanhe nos grandes Candomblés, não são jardins cultivados de maneira tradicional, mas sim os pequenos recantos, onde só os sacerdotes (mão de ofá) podem entrar, nos quais as plantas crescem da maneira mais selvagem possível. Graças a esse domínio, Oçanhe é figura de extrema significação, pois praticamente todos os rituais importantes utilizam, de uma maneira ou de outra, o sangue escuro que vem dos vegetais, seja em forma de folhas ou infusões para uso externo ou de bebida ritualística.


    Segundo algumas lendas, Oçanhe era dono de todos os vegetais. Esse poder concentrador, porém, fazia os outros Orixás dependerem dele em quase todos os litígios. Como os orgulhosos deuses do panteão africano raramente se submetem a qualquer tipo de autoridade, a rebelião era latente, até Iansã, a senhora dos ventos, libertar uma forte corrente de ar ( ou mesmo um furacão, conforme a versão ), fazendo as folhas voarem. Com isso, elas foram divididas entre todos os Orixás, de acordo com a esfera da atividade humana que controlassem. Algumas plantas, entretanto, continuaram sob o domínio de Oçanhe, justamente as mais secretas, utilizadas tanto nos processos de cura, como nos de adivinhação.


    Seja filho de Oxalá ou de Nanã, ou de qualquer outro Orixá, uma pessoa sempre tem de invocar a participação de Oçanhe ao utilizar uma planta para fins ritualísticos, pois, se os vegetais foram para o domínio de outras divindades, a capacidade de retirar delas sua força energética básica, continua sendo segredo de Oçanhe .Por isso não basta possuir a planta exigida como ingrediente de um prato a ser oferecido ao Orixá, ou de qualquer outra forma de trabalho mágico no Candomblé. A Colheita das folhas já é completamente ritualizada, não se admitindo uma folha colhida de maneira aleatória. Antes de tocá-la, o sacerdote (mão de ofá) tem de colocar no chão, dinheiro ou outros objetos secretos de culto como oferenda para a divindade, que assim assegura que a vibração básica da folha permaneça, mesmo depois de ela ter sido afastada da planta e, portanto do solo que a vitalizava.


    Se cada ser humano é individualizado pela soma das características e presenças energéticas de seus próprios Orixás ( ELEDÁ = PAI, MÃE, 1 o e 2 o Juntós ) também troca energia com as outras fontes que regularizam e ditam normas de seu relacionamento com as outras áreas do conhecimento.


    Oçanhe tem uma aura de mistério em torno de si e a sua especialidade, apesar de muito importante, não faz parte das atividades cotidianas, constituindo-se mais numa técnica, um ramo do conhecimento que é empregado quando necessário o uso ritualístico das plantas para qualquer cerimônia litúrgica, como forma condutora da busca do equilíbrio energético, de contato do homem com a divindade. Essa é a justificativa para o pequeno número de filhos de Oçanhe.


    AS CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OÇANHE


    A pessoa cujo Orixá de cabeça seja Oçanhe é considerada pelo culto um filho do Orixá, ou seja, alguém que carrega manifestações de temperamento e uma visão de mundo coerente com as de energia-base, que é o próprio Orixá.


    Segundo o pesquisador francês Pierre Verger, um apaixonado pelo Candomblé, que é inclusive um iniciado, o arquétipo psicológico associado a Oçanhe é o das pessoas de caráter equilibrado, capazes de controlar seus sentimentos e emoções.


    Os filhos de Oçanhe são aqueles que não permitem que suas simpatias e antipatias subjetivas e individuais intervenham em suas decisões ou influenciem as suas opiniões sobre pessoas e acontecimentos.


    Essa capacidade de discernimento frio e racional, porém, é o responsável pela sua falta de interesse. O tipo de Oçanhe é o mais reservado, pouco intervindo em questões que não lhe digam respeito. Não é introvertido, mas não se faz notar pela atividade social. Certa aura de mistério ou pelo menos uma reserva sobre o próprio passado, podem estar presentes, sem chamar a atenção e evitando que alguém conheça detalhes sobre sua vida pregressa, a qual geralmente esconde alguma falta importante do passado, possivelmente já esquecida.


    O filho de Oçanhe, tem certa atração pela religiosidade e pelos aspectos ritualísticos da realidade em geral. A ordem, os costumes, as tradições e os gestos marcados e repetitivos, o fascinam, não no sentido especificamente reacionário das pessoas que querem a repetição das mesmas e imutáveis relações sociais ad eternum , mas nos que elas tem de místico, de teatral. É, conseqüentemente, meticuloso, nunca se deixando levar pela pressa ou pela ansiedade, pois é, caprichoso.





    Òxùmàrè

    Aspectos Gerais

    DIA: Terça-feira
    DATA: 24 de Agosto
    METAL: Ouro e prata mesclados
    CORES: Amarelo e verde (ou preto) e todas as cores do arco-íris
    COMIDAS: Ovos cozidos com azeite-de-dendê, farinha de milho e camarão seco.
    SÍMBOLOS: Ebiri, serpente, círculo, bradjá.
    ELEMENTOS: Céu e terra
    REGIÃO DA ÁFRICA: Mahi (no ex-Daomé)
    PEDRA: Zirconita
    FOLHAS: Folha de café, alfavaca-de-cobra, jibóia, oriri.
    ODU QUE REGE: Obeogundá e Iká
    DOMÍNIOS: Riqueza, vida longa, ciclos, movimentos constantes.
    SAUDAÇÃO: A Run Boboi!!!

    Origem e história


    Oxumaré (Òsùmàrè) é o orixá de todos os movimentos, de todos os ciclos. Se um dia Oxumaré perder suas forças o mundo acabará, porque o universo é dinâmico e a Terra também se encontra em constante movimento. Imaginem só o planeta Terra sem os movimentos de translação e rotação; imaginem uma estação do ano permanente, uma noite permanente, um dia permanente. É preciso que a Terra não deixe de se movimentar, que após o dia venha a noite, que as estações do não se alterem, que o vapor das águas suba aos céus e caia novamente sobre a Terra em forma de chuva. Oxumaré não pode ser esquecido, pois o fim dos ciclos é o fim do mundo.


    Oxumarê mora no céu e vem a Terra nos visitar através do arco-íris. Ele é uma grande cobra que envolve a Terra e o céu e assegura a unidade e a renovação do universo.



    Filho de Nanã Buruku, Oxumaré é originário de Mahi, no antigo Daomé, onde é conhecido como Dan. Na região de Ifé é chamado de Ajé Sàlugá, aquele que proporciona a riqueza aos homens. Teria sido um dos companheiros de Odudua por ocasião de sua chegada a Ifé.


    Dizem que Oxumaré seria homem e mulher, mas, na verdade, este é mais um ciclo que ele representa: o ciclo da vida, pois da junção entre masculino e feminino é que a vida se perpetua. Oxumaré é um Orixá masculino.


    Oxumaré é um deus ambíguo, duplo, que pertence à água e a terra, que é macho e fêmea. Ele exprime a união de opostos, que se atraem e proporcionam a manutenção do universo e da vida. Sintetiza a duplicidade de todo o ser: mortal (no corpo) e imortal (no espírito). Oxumaré mostra a necessidade do movimento da transformação.


    Omolu é o irmão mais velho de Oxumaré, mas foi abandonado por sua mãe por ter nascido com o corpo coberto de chagas. Em tempo, não se pode condenar Nanã por esse ato, já que era um costume, quase uma obrigação ritual da época, que se abandonasse às crianças nascidas com alguma deformidade. O deus do destino disse a Nanã que ela teria outro filho, belíssimo, tão bonito quanto o arco-íris, mas que jamais ficaria junto dela. Ele viveria no alto percorreria o mundo sem parar. Nasceu Oxumaré.


    Oxumaré que fica no céu
    Controla a chuva que cai sobre a terra.
    Chega à floresta e respira como o vento.
    Pai venha até nós para que cresçamos e tenhamos longa vida.
    PERFIL DO ORIXÁ
    Oxumarê é um Orixá bastante cultuado no Brasil, apesar de existirem muitas confusões a respeito dele, principalmente nos sincretismos e nos cultos mais afastados do Candomblé tradicional africano como a Umbanda. A confusão começa a partir do próprio nome, já que parte dele também é igual ao nome do Orixá feminino Oxum , a senhora da água doce. Algumas correntes da Umbanda, inclusive, costumam dizer que Oxumarê é uma das diferentes formas e tipos de Oxum, mas no Candomblé tradicional tal associação é absolutamente rejeitada. São divindades distintas, inclusive quanto aos cultos e à origem.


    Em relação a Oxumarê, qualquer definição mais rígida é difícil e arriscada. Não se pode nem dizer que seja um Orixá masculino ou feminino, pois ele é as duas coisas ao mesmo tempo; metade do ano é macho, a outra metade é fêmea. Por isso mesmo a dualidade é o conceito básico associado a seus mitos e a seu arquétipo.


    Essa dualidade onipresente faz com que Oxumarê carregue todos os opostos e todos os antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo, etc.


    Nos seis meses em que é uma divindade masculina, é representado pelo arco-íris que, segundo algumas lendas é a ponte que possibilita que as águas de Oxum sejam levadas ao castelo no céu de Xangô. Por essa lenda, é atribuído a Oxumarê o poder de regular as chuvas e as secas, já que, enquanto o arco-íris brilha, não pode chover. Ao mesmo tempo, a própria existência do arco-íris é a prova de que a água está sendo levada para os céus em forma de vapor, onde então se aglutinará em forma de nuvem, passará por nova transformação química recuperando o estado líquido e voltará à terra sob essa forma, recomeçando tudo de novo: a evaporação da água, novas nuvens, novas chuvas, etc.


    Nos seis meses subsequentes o Orixá assume forma feminina e se aproxima de todos os opostos do que representou no semestre anterior. É então, uma cobra, obrigado a se arrastar agilmente tanto na terra como na água, deixando as alturas para viver sempre junto ao chão, perdendo em transcendência e ganhando em materialismo. Sob essa forma, segundo alguns mitos, Oxumarê encarna sua figura mais negativa, provocando tudo que é mau e perigoso.


    Uma interpretação antropológica mais cuidadosa, porém, pode questionar a validade dessas lendas. Não podemos nos esquecer de que tanto na África, como especialmente no Brasil, a população negra, que trazia consigo todos esses mitos, foi continuamente assediada pela colonização branca. Uma das formas mais utilizadas por jesuítas para convencer os negros, era a repressão física, mas para alguns, não bastava o medo de apanhar. Eles queriam a crença verdadeira e, para isso, tentaram explicar e codificar a religião do Orixás segundo pontos de vista cristãos, adaptando divindades, introduzindo a noção de que os Orixás, seriam santos como os da Igreja Católica, etc. Essa busca objetiva do sincretismo sem dúvida foi esbarrar em Oxumarê e na cobra - e não há animal mais peçonhento, perigoso e pecador do que ela na mitologia católica ( recordar os mitos de Adão e Eva, a maçã, a concepção de pecado original, etc. ). Por isso, não seria difícil para um jesuíta que acreditasse sinceramente


    Conta-se sobre ele que, como cobra, pode ser bastante agressivo e violento, o que o leva a morder a própria cauda. Isso gera um movimento moto-contínuo pois, enquanto não largar o próprio rabo, não parará de girar, sem controle. Esse movimento representa a rotação da Terra, seu translado em torno do Sol, sempre repetitivo- todos os movimentos dos planetas e astros do universo, regulados pela força da gravidade e por princípios que fazem esses processos parecerem imutáveis, eternos, ou pelo menos muito duradouros se comparados com o tempo de vida médio da criatura humana sobre a terra, não só em termos de espécie, mas principalmente em termos da existência de uma só pessoa. Se essa ação terminasse de repente, o universo como o entendemos deixaria de existir, sendo substituído imediatamente pelo caos. Esse mesmo conceito justifica um preceito tradicional do Candomblé que diz que é necessário alimentar e cuidar de Oxumarê muito bem pois, se ele perder suas forças e morrer, a conseqüência será nada menos que o fim da vida no mundo.


    Enquanto o arco-íris traz a boa notícia do fim da tempestade, da volta do sol, da possibilidade de movimentação livre e confortável, a cobra é particularmente perigosa para uma civilização das selvas, já que ela está em seu habitat característico, podendo realizar rápidas incertas.paitandy


    Outra fonte de indefinição a respeito do Orixá vem das contradições existentes em suas lendas no Brasil e na própria África. Oxumarê é uma divindade originária da cultura do Daomé, região centro-norte da África. Há séculos tal civilização foi dominada pelos iorubas, povo mais primitivo no sentido de organização social e visão religiosa, mas, em compensação, mais poderoso em termos de organização militar. Como aconteceu com Roma e Grécia, a dominação de uma sociedade menos rica em produções culturais ou no terreno da superestrutura em geral fizeram com que os mitos dos daomeanos não fossem apenas reprimidos, pelo contrário, os iorubas não tentaram impor sua cultura ao povo dominado. Ficaram na verdade impressionados com sua cosmologia e tentaram assimilá-la, principalmente nas figuras que não fossem formas semelhantes a divindades que também possuíssem. Oxumarê foi um desses casos. O princípio da dualidade dos iorubas fazia parte dos Orixás-crianças ( Ibeji ) - A dualidade que eles representam, porém, é mais próxima do comportamento contraditório e irresponsável em termos ético das crianças, ainda não reprimidas pela codificação social. Já a dualidade de Oxumarê é mais abrangente e até mesmo metafísica, pois representa os ciclos que não estão ao alcance do ser humano.


    Oxumarê, Iroco, Omolu, Obaluaê e Nanã, os Orixás do Daomé mais conhecidos e cultuados, castigam quando dispostos ou provocados, mas raramente se arrependem e não possuem as falhas humanas, visíveis e humanizadas das figura do panteão ioruba.


    CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXUMARÊ


    Como é comum a todas as divindades originárias do Daomé (cultura jeje) é relativamente difícil estabelecer um arquétipo específico de comportamento associado ao Orixá, já que ele é misterioso e cheio de sombras e mitos. Os filhos de Oxumarê são bem mais difíceis de serem reconhecidos dos os guerreiros filhos de Iansã, os calmos e sábios filhos de Oxalá e os maternais e familiares filhos de Iemanjá, por exemplo. Mesmo assim, algumas características básicas podem ser listadas. Há, porém, divergências em relação às suas características ao consultarmos autores diferente. Para o renomado pesquisador Pierre Verger, por exemplo, Oxumarê pode ser associado à riqueza: Oxumarê é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacrifícios para atingir seus objetivos .


    Já Monique Augras, segundo sua visão a respeito dos filhos de Oxumarê, eles costumam possuir o dom da vidência . Quando vivia na terra, Oxumarê previa tudo, adivinhava o que ia acontecer, a tal ponto que não era mais possível viver. Os deuses então decidiram mantê-lo afastado dos homens, pois a clarividência total acaba transformando-se em maldição. A Seu pedido, Oxumarê obteve a autorização de descer na terra de três em três anos.


    Verger acrescenta que Oxumarê está associado ao misterioso, a tudo que implica o conceito de determinação além dos poderes dos homens, do destino, enfim: É o senhor de tudo o que é alongado. O cordão umbilical, que está sob seu controle, é enterrado geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação dessa árvore .


    Assim, ao arquétipo de comportamento associado à figura desse Orixá complexo está a tendência à renovação, a compulsividade à mudança. Seus filhos estão entre aquelas pessoas que, de tempos em tempos, mudam tudo em sua vida: mudam de casa, de amigos, de emprego, como se ciclos se sucedessem sempre, obrigatoriamente, exigindo e provocando rompimento com o passado e iniciando diuturnamente a busca de um novo equilíbrio que deverá persistir até num novo momento de ruptura, desintegração e substituição. Mutabilidade, reinício é seu princípio básico, aproximando-o dos mitos ocidentais referentes ao planeta Plutão, o astro da morte, da destruição, da revolução como forma de renascimento e ressurreição.


    Também são apontados nos filhos de Oxumarê certos traços de orgulho e de ostentação, algo que os aproxima do clichê do novo-rico, exibicionista, quando surge um grave problema para alguém de sua amizade, e que precisa efetivamente da sua ajuda.


    A androginia do Orixá, por vezes é estendida a seus filhos. Estes, segundo algumas correntes, seriam bissexuais em potencial, mas essa interpretação não é aceita universalmente.


    Fisicamente, os filhos de Oxumarê tendem a se movimentar extremamente leve, pouco levantando os pés do chão. Têm em comum com a cobra a facilidade em serem silenciosos, armarem seus botes na vida sem que as pessoas em torno se apercebam disso e só atacando seus inimigos quando têm plena certeza da vitória, que a vítima está encurralada num território que não é o seu.




    xango

    Aspectos Gerais

    DIA: Quarta-Feira 
    DATA: 29 de junho 
    METAIS: Cobre, ouro e chumbo. 
    CORES: Vermelho (ou marrom) e branco 
    COMIDA: Amalá 
    SÍMBOLOS: Oxés (machados duplos), Edún-Àrá, xerê 
    ELEMENTOS: Fogo (grandes chamas, raios), formações rochosas. 
    REGIÃO DA ÁFRICA: Òyó e Kossô(reino vizinho ou subdistrito de Òyó) 
    PEDRA: Rubi 
    FOLHAS: Cabuatá, hortelã grosso, manjerona, musgo de pedreira, mentrasto. 
    ODU QUE REGE: Ejilaseborá e Obará 
    DOMÍNOS: Poder estatal, justiça, questões jurídicas. 
    SAUDAÇÃO: Kawó Kabiesilé!! 

    Origem e História
    Nem seria preciso falar do poder de Xangô (Sòngó), porque o poder é sua síntese. Xangô nasce do poder morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível: um déspota. O prazer de Xangô é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda em seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os orixás, nenhum possui mais axé que o outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o orixá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um orixá todo-poderoso, quem, senão Xangô para assumir esse papel?


    Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem seus devotos na África. Porém o desafio é feito sempre para ratificar o poder de Xangô.


    A maneira como todos devem se referir a Xangô já expressa o seu poder. Procure imaginar um elefante, mas um Elefante-de-olhos-tão-grandes-quanto-potes-de-boca-larga: esse é Xangô e, se o corpo do animal segue a proporção dos olhos, Xangô realmente é o Elefante-que-manda-na-savana, imponente, poderoso.


    Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. O poder real, por exemplo, lhe é devido por ter se tornado o quarto alafim de Òyó, que era considerada a capital política dos iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Xangô destronou o próprio meio-irmão Dadá-Ajaká com um golpe militar. A personalidade pacienciosa e tolerante do irmão irritavam Xangô e, certamente, o povo de Òyó, que o apoiou para que ele se tornasse o seu grande rei, até hoje lembrado.


    O trono de Òyó já pertencia a Xangô por direito, pois seu pai, Oranian, foi fundador da cidade e de sua dinastia. Ele só fez apressar a sua ascensão. Xangô é o rei que não aceita contestação, todos sabem de seus méritos e reconhecem que seu poder, antes de ser conquistado pela opressão, pela força, é merecido. Xangô foi o grande alafim de Òyo porque soube inspirar credibilidade aos seus súditos, tomou as decisões mais acertadas e sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo a todos não só por seu poder repressivo como por seu senso de justiça muito apurado.


    Não erram, como se viu, os que dizem que Xangô exerce o poder de uma forma ditatorial, que faz uso da força e da repressão para manter a autoridade. Sabe-se, no entanto, que nenhuma ditadura ou regime despótico mantém-se por muito tempo se não houver respaldo popular. Em outros termos, o déspota reflete a imagem de seu povo, e este ama o seu senhor, seja porque nos momentos de tensão responde com eficiência, seja por assumir a postura de um pai. No caso de Xangô, sua retidão e honestidade superam o seu caráter arbitrário; suas medidas, embora impostas, são sempre justas e por isso ele é, acima de tudo, um rei amado, pois é repressor por seu estilo, não por maldade.


    Fato é que não se pode falar de Xangô sem falar de poder. Ele expressa autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo. O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. O fogo é a grande arma de Xangô, com a qual castiga aqueles que não honram seu nome. Por meio do raio ele atinge a casa do próprio malfeitor.
    Xangô é bastante cultuado na região de Tapá ou Nupê, que, segundo algumas versões históricas, seria terra de origem de sua família materna.


    Tudo que se relaciona com Xangô lembra realeza, as suas vestes, a sua riqueza, a sua forma de gerir o poder. A cor vermelha, por exemplo, sempre esteve ligada à nobreza, só os grandes reis pisavam sobre o tapete vermelho, e Xangô pisa sobre o fogo, o vermelho original, o seu tapete.


    Xangô sempre foi um homem bonito extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’senão um olhar de desejo ardente? Quem resiste ao olhar de flerte de Xangô?


    Xangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi sua primeira esposa e a única que o acompanhou em sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo.
    Oxum foi à segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a cabeça, só por ela chorou.


    A terceira esposa de Xangô foi Oba, que amou e não foi amada. Oba abdicou de sua vida para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu corpo por amor o seu rei.


    Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo.

    O PERFIL DO ORIXÁ
    Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça - representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há no Norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar a expressão Xangô de caboclo , que se refere obviamente a um culto sincretizando influências do culto original (candomblé ou umbanda) com cerimônias e mitos dos indígenas da região, também chamado de candomblé de caboclo .


    Na mitologia, é atribuído a Xangô (enquanto homem, ser histórico) o reinado sobre a cidade-estado de Oyó, posto que conseguiu após destronar o próprio meio-irmão Dada-Ajaká com um golpe militar. Por isso, sempre existe uma aura de seriedade e de autoridade quando alguém se refere a Xangô.


    Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.


    Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão. Miticamente, o raio é uma de suas armas, que ele envia como castigo. Ninguém, porém, deve temer sua cólera como uma manifestação irracional.

    Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas, presentes nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente - a famosa balança da Justiça. Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá.

    Numa visão litúrgica um pouco mais restrita e mais apegada às lendas de origem dos Orixás, um filho de Xangô não se pode contentar apenas com uma pedra vinda de uma pedreira ou de uma montanha para guardar numa vasilha o seu assentamento.


    Xangô não contesta o status de Oxalá de patriarca da Umbanda, mas existe algo de comum entre ele e Zeus, o deus principal da rica mitologia grega. O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado estilizado com duas lâminas, que indica o poder de Xangô, corta em duas direções opostas. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada. Segundo Pierre Verger, esse símbolo se aproxima demais do símbolo de Zeus encontrado em Creta.


    Outra informação de Pierre Verger especifica que esse oxé parece ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça; este fogo é, ao mesmo tempo, o duplo machado, e lembra, de certa forma a cerimônia chamada ajerê , na qual os iniciados de Xangô devem carregar na cabeça uma jarra cheia de furos, dentro da qual queima um fogo vivo, demonstrando através dessa prova, que o transe não é simulado .


    Xangô então, é o administrador que se curva à experiência e sabedoria do velho Oxalá, o símbolo do poder em toda sua plenitude, mas que deve ser acatado por Xangô quando em suas decisões intervir.


    Xangô portanto, já é adulto o suficiente para não se empolgar pelas paixões e pelos destemperos, mas vital e capaz o suficiente para não servir apenas como consultor.


    Outro dado saliente sobre a figura do senhor da justiça é seu mau relacionamento com a morte. Se Nanã é como Orixá a figura que melhor se entende e predomina sobre os espíritos de seres humanos mortos, Eguns , Xangô é que mais os detesta ou os teme. Há quem diga que, quando a morte se aproxima de um filho de Xangô, o Orixá o abandona, retirando-se de sua cabeça e de sua essência.


    Deste tipo de afirmação discordam diversos babalorixás ligados ao seu culto, mas praticamente todos aceitam como preceito que um filho que seja um iniciado com o Orixá na cabeça, não deve entrar em cemitérios nem acompanhar a enterros.

    CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE XANGÔ
    Para a descrição dos arquétipos psicológico e físico das pessoas que correspondem a Xangô, deve-se ter em mente uma palavra básica: Pedra . É da rocha que eles mais se aproximam no mundo natural e todas as suas características são balizadas pela habilidade em verem os dois lados de uma questão, com isenção e firmeza granítica que apresentam em todos os sentidos.


    Atribui-se ao tipo Xangô um físico forte, mas com certa quantidade de gordura e uma discreta tendência para a obesidade, que se ode manifestar menos ou mais claramente de acordo com os


    Ajuntós (segundo e terceiro Orixá de uma pessoa). Por outro lado, essa tendência é acompanhada quase que certamente por uma estrutura óssea bem-desenvolvida e firme como uma rocha .


    Tenderá a ser um tipo atarracado, com tronco forte e largo, ombros bem desenvolvidos e claramente marcados em oposição à pequena estatura;


    Por essas qualidades, é relativamente fácil para os iniciados descobrirem que tal pessoa é de Xangô , pela aparência e modo de andar, o que é mais difícil para tipos pouco mais sutis e mistos como Oxum, Oçanhe e Omolu.


    A mulher que é filha de Xangô, pode ter forte tendência à falta de elegância. Não que não saiba reconhecer roupas bonitas - tem, graças à vaidade intrínseca do tipo, especial fascínio por indumentárias requintadas e caras, sabendo muito bem distinguir o que é melhor em cada caso. Mas sua melhor qualidade consiste em saber escolher as roupas numa vitrina e não em usá-las. Não se deve estranhar seu jeito meio masculino de andar e de se portar e tal fato não deve nunca ser entendido como indicador de preferências sexuais, mas, numa filha de Xangô é um processo de comportamento a ser cuidadosamente estabelecido, já que seu corpo pode aproximar-se mais dos arquétipos culturais masculinos do que femininos; ombros largos, ossatura desenvolvida, porte decidido e passos pesados, sempre lembrando sua consistência de pedra .


    Em termos sexuais, Xangô é um tipo completamente mulherengo. Seus filhos, portanto, costumam trazer essa marca, sejam homens, sejam mulheres (que estão entre as mais ardentes do mundo). Os filhos de Xangô, não costumam ser conhecidos socialmente como um tipo dado a aventuras. Não são os mitos sexuais de sua sociedade e é para muito poucos amigos que confessam suas conquistas, pois não faz parte de suas necessidades se auto-afirmar através desse expediente. São honestos e sinceros em seus relacionamentos mais duradouros, porque para eles sexo é algo vital, insubstituível, mas o objeto sexual em si não é merecedor de tanta atenção depois de satisfeito desejo.


    Psicologicamente, os filhos de Xangô apresentam uma alta dose de energia e uma enorme auto-estima, uma clara consciência de que são importantes, dignos de respeito e atenção, principalmente, que sua opinião será decisiva sobre quase todos os tópicos - consciência essa um pouco egocêntrica e nada relacionada com seu real papel social. Os filhos de Xangô são sempre ouvidos; em certas ocasiões por gente mais importante que eles e até mesmo quando não são considerados especialistas num assunto ou de fato capacitados para emitir opinião. A postura pouco nobre dos filhos de Xangô e seu cultivo de hábitos considerados aristocráticos ou pouco burgueses, é resultado dessa configuração psicológica.


    Porém, o senhor de engenho que habita dentro deles faz com que não aceitem o questionamento de suas atitudes pelos outros, especialmente se já tiverem considerado o assunto em discussão encerrado por uma determinação sua. Gostam portanto, de dar a última palavra em tudo, se bem que saibam ouvir. Quando contrariados porém, se tornam rapidamente violentos e incontroláveis. Nesse momento, resolvem tudo de maneira demolidora e rápida mas, feita a lei , retornam a seu comportamento mais usual.


    Em síntese, o arquétipo associado a Xangô está próximo do déspota esclarecido, aquele que tem o poder, exerce-o inflexivelmente, não admite dúvidas em relação a seu direito de detê-lo, mas julga a todos segundo um conceito estrito e sólido de valores claros e pouco discutíveis. É variável no humor, mas incapaz de conscientemente cometer uma injustiça, fazer escolha movido por paixões, interesses ou amizades.


    Xangô é o Orixá julgador, destruidor, inteligente, impulsivo, violento. Representa o poder transformador do fogo, é o padroeiro dos intelectuais e artistas. Seu número simbólico é o doze, assim como doze são os ministros, Obas , de Xangô.


    Apesar de discordarmos da visão privilegiada do fogo como elemento de Xangô, insistimos que a pedra é seu símbolo básico, mais redutor e mais abrangente ao mesmo tempo.